65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
MATINHO – UMA HISTÓRIA SOBRE A RESTINGA DO LITORAL DO PARANÁ
Heinrich Gillieron Speck - Graduando em Agroecologia – UFPR – Setor Litoral
Carolina de Lima Cerqueira - Graduanda em Gestão e Empreendedorismo – UFPR – Setor Litoral
Luiz Everson da Silva - Prof.Dr.Orientador - Universidade Federal do Paraná – UFPR – Setor Litoral
INTRODUÇÃO:
O estado do Paraná apresenta uma variedade de ambientes naturais. A restinga é um desses ecossistemas de formação pioneira próxima ao mar, sensível a ação humana com características específicas e que tem sofrido com a degradação. Considerada um “hotspot” pelo número de espécies e demais riquezas naturais que abriga, seus remanescentes florestais representam o último reduto de uma biodiversidade específica, cuja destruição significa que espécies endêmicas correm o risco de desaparecer para sempre. Por outro lado, sabe-se que através de processos educativos é que se consegue formar uma base sólida, capaz de interferir no meio em que se vive, tornando-se necessária a integração, o empenho e um planejamento viável, que leve em consideração pequenos grupos da sociedade. Nesta perspectiva de significar e re(significar) a visão sistêmica sobre o valor deste bioma no contexto socioambiental do município de Matinhos - PR, realizou-se uma pesquisa sobre o conhecimento e a importância deste bioma ameaçado.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Possibilitar aos moradores e frequentadores dos balneários de Caiobá e praia Mansa, em Matinhos - PR reflexões sobre o bioma restinga; Pesquisar junto aos moradores antigos o histórico de ocupação da orla marinha e suas modificações; Conscientizar a população sobre a importância da restinga e divulgar ações de preservação.
MÉTODOS:
Neste estudo buscou-se entrevistar moradores de todos os sexos e faixas etárias nos balneários de Caiobá e praia Mansa - balneários com maior fluxo de freqüentadores com alto poder aquisitivo, no município de Matinhos – PR. O questionário semi-estruturado contendo um total de 7 perguntas sendo 5 perguntas fechadas e 2 perguntas abertas apresentava questões sobre o conhecimento, significado, conhecimento sobre a restinga, buscando entender os impactos das modificações da orla. Para tabelar os dados utilizou-se o programa Sphinx Léxica e realizou-se o cruzamento dos dados no refinamento das informações.
A partir da definição de um questionário curto e direto, evitando a perda de foco, entrevistou-se 86 pessoas durante o verão 2012/2013.
Também foram entrevistados 3 moradores antigos da cidade de Matinhos – PR para que pudessem relatar a história da cidade nos últimos 30 anos bem como o conhecimento sobre a restinga, buscando entender os impactos das modificações da orla.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
De 86 entrevistados, 49% são mulheres e 51% homens. Destes 42% pessoas são de Curitiba, 43% do interior do Paraná e 15% de outras localidades. A faixa etária foi: de 0 a 17 anos 6% entrevistados; de 18 a 25 anos 31% entrevistados; de 26 a 40 anos 36% entrevistados; de 41 a 55 anos 19% entrevistados; mais de 56 anos 8% entrevistados.
Cerca de 80% das pessoas entrevistadas não sabiam o que é restinga. Dos que sabiam responderam que a restinga forma uma barreira natural contra a ressaca do mar; evita a erosão das áreas costeiras e serve de abrigo para diferentes espécies. Quanto ao impacto para os seres humanos, os relatos são que a falta de restinga leva a invasão da areia nas ruas e o avanço do mar ocasionando o processo de erosão.
Também foram entrevistados 3 moradores antigos da cidade de Matinhos – PR para relatarem a história da cidade e o conhecimento sobre o processo de ocupação urbana. Um dos relatos apontou que algumas áreas remanescentes localizadas nos quase 20km que separam Praia de Leste, em Pontal do Paraná, de Matinhos, ainda podem ser recuperadas e completou que a vegetação nativa de restinga e as espécies endêmicas ainda encontram possibilidades de sustentação.
CONCLUSÕES:
A partir da pesquisa realizada viu-se o quanto a restinga é importante para a preservação da biodiversidade litorânea e que há muito tempo ela foi esquecida nesta região. As pessoas já não sabem o que é restinga e qual o seu significado para a vida nas regiões costeiras.
Com o trabalho descobriu-se que é possível reconstruir a restinga. As histórias dos moradores, em sua maioria pescadores acende a necessidade de pensar alternativas sobre a ocupação de espaços costeiros.
Mesmo as pessoas com maior renda e supostamente mais estudo não sabem o que é restinga e qual a função da restinga para proteção do meio ambiente e do ambiente do homem.
No geral 80% dos entrevistados não sabem o que é restinga e ainda os 20% do que afirmaram saber, deram informações incompletas. As pessoas de 26 anos a 56 anos apresentam um entendimento maior sobre o que é restinga, supostamente por terem mais escolaridade. Em relação ao sexo os homens apresentaram maior conhecimento sobre a restinga. Para tanto podemos concluir que a localidade da residência do entrevistado não influencia no seu conhecimento sobre a restinga.
Palavras-chave: Restinga, Educação Ambiental, Áreas costeiras degradadas.