65ª Reunião Anual da SBPC

H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira

O leitor e crítico literário Dalcídio Jurandir na imprensa: 1930/1960.

Juliana Gomes dos Santos - Depto.Faculdade de Letras - ILC/UFPA Marlí Tereza Furtado - Profa. Dra./Orientadora - Depto.Faculdade de Letras - ILC/UFPA

INTRODUÇÃO:

O escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909-1979), contribuiu para diversos jornais e revistas da imprensa brasileira, especificamente para os periódicos em que mais atuou O Estado do Pará (Pará), entre 1930 e 1941, Novos Rumos e Imprensa Popular (Rio de Janeiro), entre 1941 e 1960, como repórter, cronista e crítico de arte. Dalcídio Jurandir demonstra em suas produções textuais uma preocupação com as causas sociais, e assim transforma o contexto social em diferentes gêneros textuais, dentre eles, destacam-se seus romances e suas críticas literárias. Como crítico, Dalcídio Jurandir lia obras de outros autores brasileiros e estrangeiros, procurando enxergar nelas um comprometimento do fazer literário com o combate dos problemas sociais, ressaltando em sua discussão, se essas obras escritas atendiam aos princípios ideológicos pregados e direcionados pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao qual o jornalista era filiado, assim, os textos de crítica literária do artista Dalcídio Jurandir eram escritos conforme o assunto em questão no contexto da época e dialogavam com as discussões veiculadas pelas mídias. Dessa maneira, esse trabalho detém-se em analisar os textos de crítica literária (nos periódicos já citados) do escritor Dalcídio Jurandir na imprensa de 1930/1960.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Analisar textos de crítica literária de Dalcídio Jurandir para os periódicos: O Estado do Pará, Novos Rumos e Imprensa Popular. Confrontar a visão do crítico literário enquanto em Belém, nos anos anteriores a 1941 com o crítico do Rio de janeiro, nos anos posteriores a 1941. Averiguar a implicação do crítico literário Dalcídio Jurandir com a linha ideológica do partido político a que era filiado.

MÉTODOS:

O presente trabalho tem como corpus o material dos periódicos O Estado do Pará, entre 1930 e 1941, Novos Rumos e Imprensa Popular, entre 1941 e 1960 e orienta-se conforme os métodos seguintes: primeiramente realizou-se a leitura dos textos produzidos por Dalcídio Jurandir para os três periódicos, após fez-se a coleta apenas dos textos de crítica literária da produção escrita do jornalista para os três periódicos do período de 1930 a 1960, depois, fez-se necessária a leitura de dois romances de Dalcídio Jurandir: Chove nos Campos de Cachoeira (1941) e Marajó (1947), com o propósito de perceber o autor literário e romancista, também foi realizada a leitura dos textos sobre o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e sua diretriz ideológica, com o intuito de perceber as ideias políticas do escritor paraense, pois muitos de seus textos apresentam ideias que defendiam a vertente partidária política ideológico a que era filiado, em seguida selecionou-se um corpus, em que se escolheu dentre os textos críticos literários, presentes nos três periódicos, os que mais são voltados diretamente para o tema da pesquisa, por fim analisou-se o corpus selecionado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Conforme a análise dos textos críticos produzidos por Dalcídio Jurandir para os periódicos O Estado do Pará (PA), Novos Rumos e Imprensa Popular (RJ), verifica-se que na recepção do crítico paraense, de obras de escritores brasileiros e estrangeiros, ele discutia o papel da literatura na sociedade, isto é, as obras literárias, na visão do crítico, deveriam transformar o contexto social, representando as problemáticas sociais, presentes no contexto da época, visando, assim, o progresso da classe operária. Evidencia-se também que do ponto de vista político-ideológico, há diferenças entre a crítica produzida por Dalcídio Jurandir em Belém, nos anos anteriores a 1941 para a crítica produzida pelo autor no Rio de Janeiro, nos anos posteriores a 1941, uma vez que o periódico O Estado do Pará (Belém), não traz nenhuma marca de fundação ideológico partidária, ao contrário dos textos de crítica literária produzidos para os periódicos Novos Rumos e Imprensa Popular (Rio de Janeiro) em que a atividade jornalística do escritor paraense é mais intensa e trazem marca de fundação ideológico-partidária. Por fim, averigua-se que o crítico literário Dalcídio Jurandir seguia aos conceitos ideológicos do PCB, que pregava o princípio de que o lugar do artista/escritor é ao lado do povo.

CONCLUSÕES:

Este estudo contribui para uma ampliação do horizonte estético sobre o autor Dalcídio Jurandir, assim como permiti um conhecimento a mais, não apenas o conhecimento do escritor de romances, mas principalmente o conhecimento e a compreensão de um escritor que foi além do romancista. Ele procurava uma literatura engajada, daí a importância de analisá-lo na perspectiva de leitor e crítico literário na imprensa. Analisar seus textos de crítica literária, publicados em periódicos em que mais atuou: O Estado do Pará (PA), entre 1930 e 1941, Novos Rumos e Imprensa Popular (RJ), entre 1941 e 1960, se torna importante, uma vez que, por meio desse estudo, averigua-se mais uma face desse intelectual paraense preocupado com uma literatura social, seguindo aos princípios do PCB que influenciou bastante tanto em sua escrita, quanto na recepção escrita de obras de outros autores. Assim, esse trabalho apresenta a contribuição do leitor e crítico literário Dalcídio Jurandir para a imprensa, bem como analisa os textos críticos do jornalista, procurando perceber se na recepção das obras de escritores brasileiros e estrangeiros, aparece ou não uma literatura empenhada em discutir as questões sociais, sendo esta uma das principais características da produção escrita Dalcidiana.

Palavras-chave: Crítico literário, Dalcídio Jurandir, imprensa.