65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 6. Liguística
Tratamento de dados para documentação linguística: Transcrição e organização.
Mariana Silva Sousa - Faculdade de Letras- Fale- UFAL
Januacele Francisca da Costa - Profa. Dra./Orientadora-Faculdade de Letras- Fale- UFAL
INTRODUÇÃO:
O trabalho a ser exposto está vinculado ao projeto de pesquisa Documentação da língua indígena brasileira Yaathe (Fulni-ô), cujo objetivo principal é construir um banco de dados para documentação da língua. Filiada ao tronco Macro-Jê (RODRIGUES, 1986), a referida língua é falada pelos índios Fulni-ô, cuja aldeia fica no município de Águas Belas, no oeste-sudoeste do estado de Pernambuco, a cerca de 300 km da capital, Recife. Os Fulni-ô, com uma população de aproximadamente 4.000 pessoas, são os únicos índios do Nordeste que conservam sua língua nativa viva e funcional. Atualmente, a língua faz parte do currículo escolar, com estatuto de língua materna. Para a concretização do trabalho aqui proposto se faz necessário organizar os dados de pesquisa de modo que seja garantido um formato adequado para arquivamento. Tal trabalho de organização refere-se ao plano de trabalho de iniciação científica intitulado: tratamento de dados para documentação linguística, transcrição e organização. Assim, no decorrer desse trabalho, mostraremos o passo a passo da organização de dados de fala para documentação linguística, que no nosso caso, são dados do Yaathe. Para tal empreendimento, tomamos como base os pressupostos teóricos de Himmelmann (2006) e Drude (2006).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo geral deste trabalho é a organização de dados linguísticos coletados, colocando-os em formato adequado para disponibilização e análise através do uso de softs desenhados para este fim. Os objetivos específicos são: Conhecer, compreender e aplicar a teoria e metodologia de coleta, transcrição e organização de dados linguísticos para documentação de línguas em risco de extinção;
MÉTODOS:
Os dados coletados receberam o tratamento adequado no que diz respeito à organização para o empreendimento da documentação linguística. Tais dados foram editados e organizados dentro de uma estrutura computacional hierárquica. Organizamos esses dados em sessões. Cada sessão abrange possivelmente diversos arquivos que contêm dados primários e secundários, e obrigatoriamente um arquivo com metadados que especifica o conteúdo e os outros arquivos pertencentes à sessão. Tais sessões são organizadas conforme critérios significativos, bem como em forma de estrutura arbórea. Nesta organização dos dados, estão sendo observadas as propostas utilizadas por projetos de documentação de línguas em perigo de extinção, contendo materiais transcritos, anotados e acessíveis à comunidade. Os dados de pesquisa e seus respectivos metadados são organizados de acordo com os princípios do ARBIL (Aplicativo usado para organizar dados de pesquisa e metadados).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Primeiramente, tomamos conhecimento sobre o tratamento de dados para documentação linguística, especificamente, organização dos dados. Em seguida, o corpus do projeto foi devidamente tratado. Os dados de pesquisa foram organizados em uma estrutura arbórea, que possibilita uma hierarquização. O material foi nomeado conforme modelo – “FUN_CIB_001– e, em seguida, organizado em sessões, conforme descrito na seção Metodologia. Até o momento, foi organizado e arquivado nos computadores do projeto, todo o corpus do projeto documentação, tendo todos os dados sido editados e organizados adequadamente.
Os dados, e seus respectivos metadados foram organizados com base no ARBIL, aplicativo criado pelo MPI para tal finalidade, garantindo-se um formato adequado para arquivamento. A organização da estrutura do banco de dados segue modelos já existentes, porém tivemos que fazer algumas adequações, a fim de considerar e atender às características do grupo e da língua em questão. Desse modo, o corpus está sendo arquivado localmente nos servidores da UFAL e depois será depositado no IMDI- Corpora, garantindo-se, assim, a sua preservação.
CONCLUSÕES:
Organizar dados para serem arquivados adequadamente, exige muito empenho, conhecimento teórico e prático, e demanda um tempo significativo. É crucial, pois sem tal procedimento, talvez não se chegasse ao resultado esperado. Cremos que é significante para o nosso desenvolvimento como pesquisador ter ciência de algumas habilidades essenciais à pesquisa, sobretudo a pesquisa de campo linguístico. Entre tais habilidades, cito a metodologia para o tratamento adequado de dados para documentação linguística.
Este subprojeto contribui significativamente para um trabalho árduo, mas gratificante, que é o trabalho de documentar uma língua que corre risco de um dia desaparecer, como poderia ser o caso do Yaathe.
O mérito do referido subprojeto é, desse modo, trazer para a sociedade Fulni-ô, uma grande contribuição, não só do ponto de vista linguístico, mais também do ponto de vista cultural, uma vez que faz parte do trabalho de documentação da língua ancestral desse povo.
Palavras-chave: documentação, língua indígena, Yaathe.