65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
O ENSINO DE GEOGRAFIA: UMA REFLEXÃO COM ALUNOS NO AMBIENTE SOCIOEDUCATIVO
Adolfo Oliveira Neto - Docente da Faculdade de Geografia e Cartografia – UFPA
Stalin Lima Braga - Discente da Faculdade de Geografia e Cartografia – UFPA
INTRODUÇÃO:
A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei 9394/96),novas perspectivas são incluídas na legislação brasileira no que tange à educação escolar. Aliado a isto, o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional do Atendimento Socioeducativo (SINASE) definem o papel atribuído à educação no desenvolvimento da medida socioeducativa. No entanto, grandes dificuldades são encontradas na implementação da concepção definida pelo SINASE no que tange ao ensino de geografia. Assim, encontra-se espaço para trabalhar a história de vida como metodologia buscando articular o território do socioeducando com os conteúdos e processos utilizados na escolarização, com destaque ao processo ensino-aprendizagem em geografia que por vezes acaba detendo-se em aspectos distanciados da realidade e do espaço vivido dos socioeducandos.
Neste sentido, nosso objetivo reside na utilização da história de vida a partir do mapa mental e da história oral enquanto alternativa metodológica para mitigar este quadro.
OBJETIVO DO TRABALHO:
compreender o impacto que a metodologia causa no ambiente socioeducativo e qual a sua influência no processo de resiliência.
MÉTODOS:
Partindo de uma revisão bibliográfica contemplando aspectos vinculados à história oral, à socioeducação e a Geografia, nosso trabalho teve sequencia com as visitas desde o ano de 2012 nas Unidades de Atendimento Socioeducativo (UASE) que possuem a medida de internação no intuito de conhecer a percepção dos socioeducandos e dos educadores sobre o ensino de Geografia e, especialmente, de ouvir suas histórias – importante para a formulação de metodologias que contemplem suas vivências. A partir daqui, o projeto transcorre em duas esferas, onde a primeira delas versa sobre a formação continuada de professores da educação básica, sendo esta ofertada a professores que trabalham com o ensino de geografia na educação básica na rede pública, ONG e movimentos sociais, com maior ênfase a temas que façam uso da história oral e das vivências de seus alunos. Por sua vez, a segunda estimula a atuação dos alunos de graduação da UFPA envolvidos no projeto a ministrarem aulas usando a história de vida dos educandos como instrumento metodológico, auxiliados pelos docentes e equipe do projeto. As atividades são desenvolvidas em uma UASE na região metropolitana de Belém com um encontro semanal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em primeiro lugar, verificamos que a história de vida trazida pelos alunos é subdimensionada no ensino, sendo pouca “aproveitada” nas aulas de geografia proferidas nos ensinos fundamental e médio. Em segundo lugar, há um descompasso entre os objetivos que dão vida prática à UASE com os objetivos dos educandos, intensificando os conflitos na unidade por conta disso. Outro ponto significativo é a dificuldade que os professores de geografia têm em trabalhar com socioeducandos, fato apreendido nas entrevistas com os professores. A utilização das histórias de vida dos socioeducandos aproxima-os dos conteúdos vistos nas aulas, dotando-as de maior validade e qualificando o processo de aprendizagem. Neste sentido, ressaltamos que as oficinas promovidas pelo projeto (em fase final de construção) buscam problematizar este quadro e incentivar o uso de atividades didáticas alternativas à antiga fórmula quadro-livro-giz para auxiliar no ensino destes alunos.
CONCLUSÕES:
O uso da história de vida mostra-se adequado as necessidades de um ensino que respeite a história individual e coletiva dos socioeducandos, contribuindo no processo de resiliencia e no cumprimento da medida socioeducativa. A metodologia busca trazer para o ensino ‘tradicional’ elementos do espaço vivido e construído historicamente pelos diversos sujeitos e grupos sociais que formam o país heterogêneo que é o Brasil. Reconhecemos como desafio, a partir aplicação e finalização das oficinas do projeto, a necessidade de ampliar seu espectro de alcance e tornar o aproveitamento da história de vida trazida pelos alunos algo cotidiano no ambiente escolar. De qualquer forma, indiscutivelmente, a conjugação da geografia e da história de vida nos concede uma nau de possibilidades, especialmente na esperança de um desenvolvimento coletivo de nossos educandos, e de uma formação mais plural e adequada à diversidade encontrada em nossos estabelecimentos escolares.
Palavras-chave: Ensino de Geografia,, Socioeducação,, Metodologias de Ensino..