65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
Dysschema hypoxantha (LEPIDOPTERA: ARCTIIDAE): DESFOLHADOR DE Vernonia polyanthes (ASTERACEAE)
Ana Cláudia Francisca Nunes - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Guilherme Dantas de Faria - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Alexandre Igor de Azevedo Pereira - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Thiara Silvestre Nascimento - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Débora Macedo Paronetto - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Adeniara Moane Felipe - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
INTRODUÇÃO:
Insetos da ordem Lepidóptera destacam-se quanto à riqueza de espécies, importância econômica e distribuição em quase todos os ambientes do planeta. São organismos utilizados como bioindicadores no monitoramento de ecossistemas destacando-se, por exemplo, os representantes da família Arctiidae (Teston et al. 2006, Ferro & Diniz 2007, Ferro & Teston et al. 2009). Borboletas do gênero Dysschema são encontradas em diversas regiões do Brasil e Américas Central e do Sul, porém, pouco se sabe sobre os aspectos biológicos e a amplitude de hospedeiros da maioria dos representantes dessa família (Brown Jr. & Freitas 2000, Viana & Costa 2001, Brown 2004).
Lagartas de Dysschema hypoxantha foram observadas alimentando-se de folhas de Vernonia polyanthes (Asteraceae), conhecida como assa-peixe, em uma área de mata secundária em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Assa-peixe é uma séria planta daninha de pastagens em diversas regiões brasileiras.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi estudar os aspectos biológicos de Dysschema hypoxantha (Lepidoptera: Arctiidae) tendo como planta hospedeira assa-peixe, Vernonia polyanthes (Asteraceae).
MÉTODOS:
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Controle Biológico do Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Ovos de Dysschema hipoxantha, coletados sob folhas de assa-peixe, foram trazidos do campo para laboratório e mantidos a 25 ± 1oC, 70 ± 10% de U.R. e fotofase de 12 horas, para obtenção de larvas e adultos.
Lagartas neonatas de D. hipoxantha foram transferidas para dez potes de 500 ml, em grupos de 30 lagartas por pote, logo após a eclosão e alimentadas, diariamente, com folhas frescas de assa-peixe. Este material foi inserido em um tubo de plástico tipo anestésico odontológico e colocado no interior dos potes. As folhas foram lavadas em água corrente e renovadas a cada 48 horas.
Casais de D. hipoxantha foram individualizados, imediatamente após a emergência, em gaiolas teladas de 30 x 30 x 30 cm, com fundo de madeira e tampa de vidro. Galhos com folhas de assa-peixe, envoltos em chumaços de algodão embebidos em água foram colocados no interior das gaiolas para criação desse inseto. Uma solução de mel e água destilada (1:10) foi fornecida aos adultos desse inseto. Parâmetros biológicos desse herbívoro foram registrados tendo folhas de Vernonia polyanthes (Asteraceae) como hospedeiro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dysschema hypoxantha apresentou seis estádios de desenvolvimento na fase imatura, totalizando 31 dias. A fase de pré-pupa teve duração de 2,5 ± 0,51 dias e a de pupa durou 7,5 ± 0,50 dias. A duração de cada estádio de desenvolvimento desse herbívoro foi de 5,0 ± 0,0, 2,0 ± 0,0, 5,0 ± 0,0, 5,6 ± 0,5, 4,0 ± 0,0 e 4,5 ± 0,5 dias, respectivamente. Nas Figuras presentes no trabalho estão apresentadas ilustrações das fases adulta, de ovo e lagarta de D. hypoxantha. A sobrevivência das lagartas criadas em cativeiro foi de 90, 78, 73, 65, 63 e 61% para os seis estádios de desenvolvimento, respectivamente. O ciclo biológico de D. hypoxantha foi bem mais curto em comparação com o de outras espécies de Arctiidae como Hypercompe indecisa (Lepidoptera: Arctiidae) criada sob dieta artificial que foi de 95,7 dias (Nava et al. 2008).
A espécie Dysschema sacrifica tem sido estudada devido ao seu potencial de desfolha em plantas de Senecio spp. (Asteraceae) (Pedrosa-Macedo et al. 2000, Chialchia 2009), uma planta daninha que frequentemente causa intoxicações em bovinos na região Sul do Brasil. Corrêa et al. (2008) registrou intoxicações em búfalos Murrah (Bubalus bubalis) em pastos mantidos sob altas infestações de Senecio brasiliensis.
CONCLUSÕES:
Os resultados do presente estudo podem servir como ferramenta para o desenvolvimento de estratégias de redução populacional de assa-peixe, por ser uma planta agressivamente invasora, através do uso de D. hypoxantha em programas de controle biológico dessa Asteraceae.
Palavras-chave: herbivoria, entomologia, controle biológico.