65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
AVALIAÇÃO DE RISCOS GEOLÓGICOS NAS ENCOSTAS DOS BAIRROS DO IBURA E JORDÃO ALTO - REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, PE.
Patrícia Pereira de França - Universidade Federal de Pernambuco
Lara de Arruda Quinamo - Universidade Federal de Pernambuco
Karlla Emmanuelle Cunha Arruda - Universidade Federal de Pernambuco
INTRODUÇÃO:
O estabelecimento de situações de risco nas encostas está associado ao desencadeamento de processos naturais que possam provocar perdas materiais ou de vida humana. Encostas não habitadas que sofrem processos naturais não representam uma área de risco, mas apenas o ambiente natural em busca de um estado de equilíbrio. Os desequilíbrios que se registram nas encostas ocorrem, na maioria das vezes, em função da participação do clima e de alguns aspectos das características das encostas que incluem a topografia, geologia, grau de intemperismo, solo e tipo de ocupação. Em um diagnóstico ambiental é necessário pensar no conjunto, natureza e sociedade e de que maneira ele se manifesta. Diante disso analisaremos dois setores localizados na região Metropolitana de Recife, o primeiro no bairro do Ibura e o segundo no Jordão Alto.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Essa pesquisa tem como intuito compreender e analisar setores de riscos através de zonas de instabilidade de encostas levando-se em conta os limites de ocupação urbana, avaliando as áreas de risco devido às grandes chuvas que atingem a região metropolitana do Recife.
MÉTODOS:
A metodologia aplicada consistiu na observação e descrição “in situ” das características do meio físico e do cenário encontrado através do preenchimento de fichas que constam a identificação da localidade, caracterização geral da área, características geológico-geotécnicas, fatores de suscetibilidade, fatores de vulnerabilidade de cada setor, além da realização de registros fotográficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O primeiro setor encontra-se no bairro do Ibura o trecho escolhido localiza-se em um tabuleiro com um talude sub-vertical de mais ou menos 90º de inclinação. Formado por sedimentos argilo-arenosos da Formação Barreiras, sua origem está associada há antigos canais fluviais com predomínio de areia imatura devido ao rápido transporte, sendo altamente permeável constituído por mica, feldspato, orniblenda e quartzo. Ao longo dos anos o intemperismo químico vem decompondo os feldspatos em argilas o que favorece o deslizamento. A erosão remontante ocasiona deslizamentos através da massa transportada pelas chuvas, onde ocorre vulnerabilidade nas cristas a partir das bordas dos tabuleiros, a drenagem é desorganizada e com presença de casas no topo apresentando alto risco. A presença de árvores com raízes pivoltantes aumenta a suscetibilidade no local além de fossas instaladas que contribuem para o processo de deslizamento como corridas de lama através do acúmulo de matéria orgânica. Ao longo do talude observam-se vários pontos com erosão superficial (sulcos) e mais profunda (ravinas). O segundo setor localiza-se no Jordão Alto, essa área pertence à Formação Cabo, os sedimentos embora muito argilosos, mostram boa estabilidade em suas encostas, ocasionados pela presença de material cimentado que corresponde a arcósia. No entanto o principal fator que o torna vulnerável é a presença de grandes blocos que podem rolar ocasionando desmoronamentos.
CONCLUSÕES:
Devido à altura e declividade elevada do talude, surgência de água, e vegetação de grande porte é recomendado o monitoramento da região, principalmente nos meses de chuva e retirada dos moradores para proteção quanto a eventuais acidentes. O primeiro setor apresenta uma alta suscetibilidade ao deslizamento, sendo necessária a retirada das árvores de grande porte e bananeiras que ainda se encontram na encosta e retirada de moradores que se encontram próximo ao sopé do talude e acima desse, em áreas próximas a borda. O segundo setor apresenta vulnerabilidade a desmoronamentos, ocasionado pela presença de blocos que podem atingir casas que se encontram em diferentes patamares nessas encostas. Esse ambiente apesar de mais estável não deixa de representar riscos, sendo necessário planejamento para sua devida ocupação.
Palavras-chave: Riscos Geológicos, Escostas, Instabilidade.