65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza
ESTIMATIVA DE BIOMASSA E CARBONO DE ESPÉCIES ARBÓREAS EXISTENTES EM UM FRAGMENTO FLORESTAL SECUNDÁRIO DA APA ‘RAIMUNDO IRINEU SERRA’, EM RIO BRANCO, ACRE.
Samária Santos da Silva - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Clebyane de Souza Barbosa - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Rossicléia Ferreira Campos - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Janice Ferreira do Nascimento - Engenheira Florestal, Doutoranda em Engenharia Florestal/UFLA
José de Ribamar Bandeira - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Núcleo de Pesquisa do Acre
Evandro José Linhares Ferreira - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Núcleo de Pesquisa do Acre
INTRODUÇÃO:
Para reverter o aquecimento global, resultante do aumento de CO2 lançado na atmosfera, é importante desenvolver estratégias para diminuir a taxa de emissão desse gás e incorporar o excesso do mesmo da atmosfera. Uma das estratégias que tem sido muito utilizada é a incorporação do carbono via crescimento ou regeneração de áreas florestais, que podem capturar e fixar carbono durante décadas e armazená-lo na forma de madeira.
Para determinar a incorporação do carbono em áreas florestais é preciso realizar estudos de quantificação dos estoques da parte aérea da vegetação, das raízes, da serrapilheira e do solo. A variável biomassa é, portanto, um dos aspectos mais relevantes nos estudos de fixação de carbono e precisa ser determinada e estimada de forma fidedigna.
Os fragmentos florestais secundários existentes na Área de Proteção Ambiental Raimundo Irineu Serra (APARIS), localizada nas cercanias de Rio Branco, Acre, tem grande potencial de sequestrar carbono. A determinação do carbono estocado nesses fragmentos e sua valoração financeira via projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) poderá contribuir para a conservação dos mesmos, pois quando uma determinada área florestal tem um valor econômico definido ou presumido, ela tende a ser preservadas pelos seus proprietários.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estimar os estoques de biomassa e carbono de espécies arbóreas existentes em um fragmento de floresta secundária da APARIS.
MÉTODOS:
A estimativa do estoque de biomassa realizado durante este estudo foi feita através de método não destrutivo, usando para tal os dados de inventário florestal realizado no fragmento avaliado. O inventário foi realizado em um fragmento de floresta secundária da APARIS, localizada no entorno da cidade de Rio Branco, Acre. Foram estabelecidas 10 parcelas de 20 m de largura por 25 m de comprimento (5.000 m2) dispostas ao longo de um transecto de 250 m de comprimento. Todos os indivíduos arbóreos com diâmetro a altura do peito (DAP) igual ou superior a 10 cm foram marcados, avaliados e medidos. Para cada um deles as seguintes informações foram colhidas: identificação vernacular e científica, família botânica, DAP, altura comercial e total, qualidade do fuste e infestação de cipós. Através destes dados foi possível quantificar o valor da biomassa utilizando a equação alométrica proposta por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA em 1998 (Higuchi e outros):
ln PF = -1,497 + 2,548 ln D
Onde,
PF = Peso Fresco (kg)
D = Diâmetro a altura do peito (cm)
A estimativa do valor de carbono foi feita mediante a aplicação de um fator de conversão onde se considera que do valor do peso fresco de uma árvore, 60% refere-se ao peso seco, e destes 48% corresponde ao carbono.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O número total de indivíduos arbóreos inventariados com DAP≥10 cm foi de 194, classificados em 42 espécies, 29 gêneros e 21 famílias botânicas. A biomassa total média das árvores foi estimada em 228,507 kg.árvore-1 o que representa 91,403 t ha-1, sendo que o carbono médio estocado na vegetação foi 45,701 t. ha-1. As espécies que apresentaram maior estoque de biomassa e carbono estocados foram, respectivamente, sumaúma branca (Ceiba pentandra), com valor médio de 891,562 kg.árvore-1; ingá peluda (Inga sp.), com 478,94 e 239,47 kg.árvore-1; mulungu (Erythrina verna), com 473,70 e 236,85 kg.árvore-1, e cajá (Spondias lutea), com 426,29 e 213,145 kg.árvore-1. No que tange as famílias, as que apresentaram maior estoque de biomassa e carbono estão entre as de maior riqueza de indivíduos na área, e isso deve ser uma explicação para o maior acumulo, são elas: Bombacaceae,com 500,90 e 250,45 kg; Fabaceae, com 473,70 e 236,85 kg; Caesalpinaceae, com 375,34 e 187,67 kg; Menispermaceae, com 324,26 e 162,13 kg e Anacardiaceae, com 322,91 e 161,46 kg.
Estudos prévios indicam que a biomassa estocada acima do solo na vegetação acreana varia entre 36 e 424 t.ha-1, com o valor de carbono estocado representando pelo menos 50% da biomassa (entre 18 e 212 t.ha-1).
CONCLUSÕES:
O valor estimado de biomassa e carbono encontrado nas árvores do fragmento florestal avaliado na APARIS não é tão elevado e uma possível explicação para isso é o histórico de perturbações antrópicas recorrentes ocorridos no mesmo.
Espera-se que as informações geradas pelo presente estudo sirvam para subsidiar a elaboração de um plano de manejo para a APARIS epossam ajudar na conservação do fragmento florestal estudado.
Palavras-chave: Biomassa, Carbono, Floresta Secundária.