65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 7. Química Orgânica
INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL OLEOQUÍMICO DO DENDÊ (Elaeis guianeensis ) NO PROCESSAMENTO DE BIODIESEL
Soliane Cristina Rodrigues Costa - Técnico em Biocombustíveis, IFMA - Campus Zé Doca
Marcos Antônio de Sousa Silva - Técnico em Biocombustíveis, IFMA - Campus Zé Doca
Aziel Garcia de Araújo - Técnico em Biocombustíveis, IFMA - Campus Zé Doca
Lucas Fernando Silva Santos - Técnico em Biocombustíveis, IFMA - Campus Zé Doca
André Felipe dos Santos Xavier - Técnico em Biocombustíveis, IFMA - Campus Zé Doca
José Sebastião Cidreira Vieira - Departamento de Ensino Superior e Tecnologia, IFMA - Campus Zé Doca
INTRODUÇÃO:
A corrida mundial por fontes alternativas de energia limpa e a problemática da degradação ambiental tem contribuído para o surgimento de novos insumos básicos de caráter renovável para a produção de biodiesel. Neste sentido, a biomassa tem grande relevância em face de sua natureza renovável, disponibilidade, biodegradabilidade e redução de custos.
Os frutos da palmácea dendê (Elaeis guianeensis ) apresentam significativo potencial oleoquímico principalmente no sentido de atender a demanda das indústrias alimentícias.
Estudos revelaram que o óleo de dendê também pode ser empregado como matéria prima no processamento de biodiesel. A pureza e a qualidade do biodiesel são dependentes do perfil qualitativo do óleo vegetal utilizado, da rota de produção e dos parâmetros estabelecidos pela legislação em vigor.
O uso de óleos vegetais tem se constituído numa alternativa para substituir os derivados do petróleo e reduzir os impactos ambientais. A grande diversidade de matérias primas brasileiras e rotas de alto cunho tecnológico tem gerado biocombustíveis com propriedades diferentes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve por objetivo estudar a influência na qualidade dos biodieseis obtidos a partir da transesterificação dos óleos de polpa e da amêndoa do dendê (Elaeis guianeensis ).
MÉTODOS:
A matéria prima utilizada neste trabalho foi o óleo de dendê extraído tanto da polpa (mesocarpo) quanto da amêndoa (endocarpo). Este insumo foi adquirido na Dentáu S.A, localizada no Estado do Pará.
A rota reacional consistiu na transesterificação do óleo da polpa do dendê utilizando o metanol como agente transesterificante e solução metóxi de NaOH como catalisadora. A proporção óleo vegetal e metanol, foi na faixa de 1:4. Inicialmente o óleo foi aquecido a 55 ± 5 ºC, seguido da lenta adição do agente transesterificante e da solução catalisadora. A mistura reacional permaneceu sob constante agitação por 60 minutos e foi transferida para um funil de decantação, permanecendo por 24 horas para a formação de fases. Posteriormente a fase éster metílica (biodiesel) foi separada da fase glicerinosa.
Para purificação do biodiesel, foi feita lavagem ácida de solução HCl a 0,5mol.L-1 para quebra do sabão e água fervente arrastando as demais impurezas. Finalmente o biodiesel foi submetido à desumificação, possibilitando as análises físico-químicas em termos de índice de acidez, ácidos graxos livres, umidade e densidade seguindo os parâmetros da Resolução 042/2004 da ANP. Procedimento análogo foi realizado no processamento do biodiesel a partir do óleo extraído das amêndoas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A caracterização físico-química do biodiesel obtido a partir da polpa do dendê (Elaeis guianeensis ) revelou teor médio de ácidos graxos livres na faixa de 0,3% e índice de acidez de 0,2%. O teor de umidade apresentou-se em torno de 0,6%, densidade 0.88g/cm3 e aspecto visual límpido sem impurezas aparentemente. Por outro lado, o biodiesel do óleo das amêndoas apresentou o seguinte perfil: teor de ácido graxos livre, 1,05%, índice de acidez, 0,08%, umidade em torno de 17,9%; densidade na faixa de 0,880g/cm3 e aspecto visual límpido e isento de impurezas.
Durante o processo de transesterificação teve-se dificuldades para separar as fases éster metílica da glicerinosa em função da pigmentação ocasionada pela presença de β-caroteno intrínseco do material, além do mais a fase glicerinosa gelificou a partir do momento que a mistura permaneceu em repouso. Caso contrário do biodiesel obtido do óleo da amêndoa. Comparando-se os resultados obtidos com as especificações da ANP, observa-se que o biodiesel da polpa leva ligeira vantagem sobre o biodiesel do óleo da amêndoa principalmente em relação aos parâmetros de índice de acidez e ácidos graxos livres. Entretanto ambos carecem de tratamentos prévios ao processo de transesterificação.
CONCLUSÕES:
As analises dos biodieseis da polpa e amêndoa do dendê (Elaeis guianeensis ) não atendem por completo as especificações da RN 042/2004 da ANP e para manter uma qualidade excelente precisam de tratamento prévio.
O biodiesel d a polpa apesar de dificultar o processo de separação e purificação após a reação de transesterificação apresentou resultados mais eficientes em relação ao perfil físico-químico do biodiesel obtido a partir do óleo das amêndoas da oleaginosa investigada.
Palavras-chave: Óleo, Polpa, Potencial.