65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE UNIVERSITÁRIOS DE DOIS CAMPI DO INTERIOR RIO GRANDE DO NORTE, COM FOCO NO RISCO PARA DOENÇA CARDIOVASCULAR.
Endilly Maria da Silva Dantas - Graduanda do curso de Nutrição - Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - UFRN
Luana Riris Maciel de Lima - Graduanda do curso de Nutrição - Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - UFRN
Layla Rafaela Dantas Silva - Graduanda do curso de Nutrição - Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - UFRN
Cristiane Jordânia Pinto - Graduanda do curso de Nutrição - Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - UFRN
Rodrigo Pegado de Abreu Freitas - Prof. Ms/ Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - UFRN
Anna Cecília Queiroz de Medeiros - Prof. Ms/Orientadora- Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - UFRN
INTRODUÇÃO:
A modernização e modificação das tecnologias atreladas ao estilo de vida tem modificado o estado de saúde atual da população mundial. Dentre as principais alterações no perfil epidemiológico encontradas está o aumento do risco para o desenvolvimento doenças crônicas não transmissíveis entre adultos jovens, particularmente, doenças cardiovasculares (DCV). Em 2007, no Brasil, a DCV foi causa de 29,4% dos óbitos do país, e de 8,6% dos óbitos ocorridos na faixa etária de 20 a 39 anos, segundo o DATASUS. Neste contexto, as medidas e/ou índices antropométricos, tais como o Perímetro da Cintura (PCin), Perímetro Cervical (PCer), Índice de Massa Corpórea (IMC), Relação Cintura-Estatura (RCE) e Índice de Conicidade (IC), são ferramentas de baixo custo, fácil operacionalização e que podem fornecer informações valiosas em relação a predição do risco para o desenvolvimento de DCV. Desta maneira, os indicadores antropométricos podem figurar como uma alternativa valiosa para a avaliação do risco para DCV de forma rápida, acessível e não invasiva, sendo necessário, no entanto, avaliar a aplicabilidade da utilização dos diversos parâmetros existentes em diferentes populações.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar o risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, a partir de diferentes medidas e índices antropométricos, em estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
MÉTODOS:
Inicialmente, foi feita a divulgação da pesquisa nas salas de aula dos campi da UFRN nas cidades de Santa Cruz e Currais Novos. Os alunos que se voluntariaram para o estudo foram então avaliados segundo os critérios de inclusão (estar na faixa etária de 18 a 40 anos de idade e ser estudante de graduação de um dos campi). Assim, foram selecionados 63 participantes (13 homens e 50 mulheres) para realizar a avaliação antropométrica (aferição do peso, estatura, PCin e PCer). Os estudantes foram pesados em balança digital portátil, com plataforma de vidro temperado e capacidade para 150 kg. A estatura foi aferida com os estudantes descalços, utilizando estadiômetro perfilado em alumínio anodizado, com dispositivo de apoio em tripé e capacidade de medição de 115 cm a 210 cm. O peso e a estatura foram verificados segundo Lohman,1988. A mensuração do PCer e do PCin foi feita por fita antropométrica inelástica com trava, em fibra de vidro, com extensão de 200 cm. O PCer foi aferido e avaliado segundo proposto por ISAK,2006, e o PCin de acordo com a OMS, 2004. Todas as medidas foram realizadas em duplicata e posteriormente foi calculada a média. O cálculo e classificação do IMC foi feito de acordo com a OMS, 2004, o IC segundo Pitanga, 2004, e a RCE de acordo com Lam et al.,2003.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
De acordo com o IMC, 26,98% dos estudantes estavam acima da faixa de eutrofia, o que está em consonância com outros estudos (CASTRO, 2004; IBGE, 2010) que indicam que mais de 30% da população Brasileira adulta se encontra acima do peso adequado. No entanto, o excesso de peso, avaliado pelo IMC não é considerado um padrão específico para avaliar o risco para a DCV. Já a avaliação da CCin mostrou risco aumentado para DCV em 23,8% dos estudantes, sendo que destes, 3,17% já estavam na faixa de alto risco. A interpretação dos demais parâmetros mostrou que 30,16%(CCer), 19,05% (RCE) e 17,46% (IC) dos universitários avaliados tinham maior risco para DCV. Dos cinco parâmetros utilizados, aquele que indicou um maior número de estudantes com um possível aumento do risco para DCV foi a CCer. Este resultado precisa ser encarado com cautela principalmente por duas razões: a variabilidade das técnicas descritas na literatura para aferir esta medida e a inexistência de pontos de corte específicos para a população brasileira, problema inerente também às medidas de RCE e IC. Entretanto, a RCE e o IC apresentam como vantagem, em relação a CCin, um ajuste que considera a estatura, permitindo sua aplicabilidade a uma maior diversidade de indivíduos, em relação a avaliação de risco para DCV.
CONCLUSÕES:
Em nosso estudo, a prevalência de risco aumentado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares variou de 17,46 a 30,16%, de acordo com o parâmetro avaliado. Tal variabilidade na classificação do risco para DCV sugere a necessidade de realização de estudos específicos com a população brasileira, utilizando amostragens maiores e avaliação de parâmetros bioquímicos, a fim de identificar melhores pontos de corte para os perímetros e índices avaliados como discriminadores para avaliação do risco para o desenvolvimento de DCV. Este tipo de trabalho seria de grande valia, inclusive, pela possibilidade de fornecer maiores subsídios para a utilização e escolha de parâmetros para a realização da avaliação antropométrica com foco no rastreio para identificação de pacientes com risco para DCV, permitindo maior agilidade no encaminhamento e a utilização de uma tecnologia de baixo custo e fácil operacionalização nos serviços de saúde.
Palavras-chave: Antropometria, Técnicas em saúde, Problemas coronarianos.