65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
OFICINA SOBRE REAPROVEITAMENTO E DESPERDÍCIO ALIMENTAR NA FORMAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DE ESTUDANTES
Marina da Costa Lima - Departamento de Biologia- UFRPE
Joseane Silva Batista Ferreira - Departamento de Biologia- UFRPE
Monica Lopes Folena Araújo - Prof.ª Drª /Orientadora- Departamento de Educação UFRPE
INTRODUÇÃO:
A educação socioambiental surge em meio a uma crise de percepção gerada pelos seres humanos em que a cada dia ocorre exacerbado consumo e alta produção de resíduos, o que compromete a sustentabilidade. Nesse sentido, cabe à escola desvelar uma educação pautada na formação de sujeitos críticos e autônomos que reflitam no cotidiano atitudes de sujeitos socioambientais. Segundo Freire (1996) é importante que o professor desafie o estudante a refletir sobre a sua realidade vigente. Nesta perspectiva, a temática voltada para a alimentação permite que sejam trabalhados os princípios básicos de cooperação que enriquecem as atividades escolares, despertando o estudante para a importância do desenvolvimento sustentável.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar as contribuições de uma oficina sobre “reaproveitamento e desperdício alimentar” na formação socioambiental. Especificamente objetivamos: Identificar as concepções de estudantes sobre reaproveitamento alimentar e os possíveis alimentos que podem ser reaproveitados antes e depois da oficina e analisar se os estudantes, após a oficina, têm o intuito de reaproveitar os alimentos e o por que.
MÉTODOS:
A pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa que segundo Oliveira (2007), tenta explicar a totalidade da realidade através de estudos ligados à complexidade como sociopolítico, cultural e socioambiental. No universo de tal abordagem, optamos pela pesquisa-ação que, conforme Thiollent (1988) implica na efetiva participação do pesquisador a fim de buscar coletivamente alternativas para resolução de problemas. O campo de estudo compreendeu uma escola da rede pública de Pernambuco. Foi utilizado um questionário antes e após as atividades com questões semiabertas e observações registradas em caderno de campo. A oficina ocorreu com as seguintes etapas: exibição do vídeo Ilhas das Flores, debate, reflexão sobre a música “a feira de Caruaru” de Luiz Gonzaga; em seguida, os estudantes assistiram vídeos sobre desperdício e debateram sobre o reaproveitamento como solução para tal problemática; em outro momento, os estudantes produziram bolo de casca de banana e suco da casca do abacaxi.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Sobre a concepção de reaproveitamento alimentar obtivemos as seguintes respostas: “É usar cascas de frutas e verduras para fazer sucos e adubo”; “É reutilizar restos de alimentos”; “É aproveitar o que sobrou do consumo”. Em relação ao que se podem reaproveitar, os estudantes responderam: sementes de girassol, jaca, jerimum, cascas de abacaxi, banana, ovos, maçã, manga, melancia, melão, batata. Percebeu-se que os estudantes têm noção do que pode ser reaproveitado, porém durante os diálogos nas oficinas notou-se que poucos apresentam o hábito de reaproveitar as sobras de alimento. Após a oficina os estudantes explicitaram a intenção de reaproveitar. Quanto aos motivos para reaproveitar os estudantes afirmaram: “aprendi novas receitas”; “por que eu vi que vale à pena”; “por que é importante para o meio ambiente”; “é importante porque cria alternativas para as pessoas que não têm o que comer”; “por que vou está ajudando a mim mesmo”. Diante do exposto, concordamos com Carvalho (2008) que precisamos mudar as lentes pelas quais vemos o mundo. Pensar no consumo consciente e no reaproveitamento é caminhar no sentido desta mudança. Mudança esta que, segundo Freire (1984) é escolha e não um processo natural do ser humano.
CONCLUSÕES:
A oficina de educação socioambiental desenvolvidas no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/UFRPE) contribuiu na formação de sujeitos críticos e no esclarecimento de problemáticas ligadas à temática socioambiental. Ela proporcionou aos estudantes a construção de conhecimentos que podem levar à modificação nos hábitos e atitudes, a uma nova percepção frente à natureza, à construção do senso de responsabilidade e solidariedade para com o próximo estimulando na busca da melhoria da qualidade de vida. A oficina em tela, por levar em consideração a realidade dos estudantes, contextualizar tal realidade, levou-os a refleti-la através de uma leitura de mundo que permitiu a decifração crítica da situação limite que vivemos em termos socioambientais. Ademais, incentivou-os à mudança de atitudes percebendo-se no e com o mundo
Palavras-chave: Reaproveitamento alimentar, Desperdício, Educação socioambiental.