65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
Uma Análise das Abordagens Comunicativas presentes nas aulas dos licenciandos do PIBID de Química da Universidade Federal de Minas Gerais.
Franciane Cristina Toledo Duarte - Estudante de Graduação - Licenciatura em Química - UFMG
Penha Souza Silva - Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino – UFMG
Ana Carolina Araújo da Silva - Estudante de Doutorado – Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino – UFMG
INTRODUÇÃO:
Um dos objetivos do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID é inserir os licenciandos no cenário da escola pública para que vivenciem diretamente com os estudantes e os professores, o ambiente escolar. Nas atividades desenvolvidas com os licenciandos de Química do PIBID da UFMG busca-se discutir temas atuais ligados ao ensino de ciência de forma a instrumentalizar estes licenciandos nas suas inserções na sala de aula. Um dos temas discutidos foi a Abordagem Comunicativa. Para Mortimer e Scott (2002), os significados são criados na interação social e então internalizados pelos indivíduos e a aprendizagem não é uma mera substituição dos conceitos que o estudante já possui, mas uma construção de novos significados num ambiente comunicativo, discursivo e de crescimento mútuo.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar como se dá a abordagem comunicativa nas aulas de química desenvolvidas pelos licenciandos do PIBID na escola do ensino médio onde atuavam.
MÉTODOS:
Para a caracterização dos discursos e das interações em sala de aula utilizamos a ferramenta analítica proposta por Mortimer e Scott (2002). A ferramenta é baseada em cinco aspectos inter-relacionados que incidem sobre: Intenções do professor, Conteúdo, Abordagem Comunicativa, Padrões de Interação e Intervenções do professor. O conceito de abordagem comunicativa é central nesta ferramenta e distingue o discurso em quatro classes: interativo/dialógico: professor e estudantes exploram ideias, formulam perguntas e consideram diferentes pontos de vista; Não-interativo/dialógico: professor considera na sua fala vários pontos de vista, destacando similaridades e diferenças; Interativo/de autoridade: professor geralmente conduz os estudantes por meio de uma sequência de perguntas e respostas, com o objetivo de chegar a um ponto de vista específico; Não-interativo/ de autoridade: professor apresenta um ponto de vista específico.
Os licenciandos em Química participantes do PIBID tiveram suas aulas filmadas e a partir desses vídeos foram observados os padrões de interação estabelecidos entre eles e seus alunos, identificando a forma de comunicação utilizada. A partir das aulas filmadas e da elaboração dos mapas de episódios, foram selecionados alguns episódios para este trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir de uma primeira análise dos vídeos foi possível identificar as quatros classes da abordagem comunicativa no discurso dos licenciandos, sendo observadas várias tentativas de introdução de um discurso interativo e dialógico.
O episódio selecionado para análise foi quando uma licencianda (Sara) discutia sobre as cores e o funcionamento do indicador de pH. Sara pergunta para os estudantes porque o indicador muda de cor e obtém duas respostas: “mistura das cores do indicador” e “acontecimento de novas reações químicas e novas mudanças de cor”. Sara então pede mais explicações sobre essas respostas e na discussão sobre a primeira resposta caminha com a turma investigando suas implicações e juntos concluem que essa resposta não explica o fenômeno observado. Nesta interação podemos identificar um discurso interativo/dialógico. Por outro lado, quando considera a segunda resposta dos estudantes, Sara simplesmente afirma que a mesma está correta sem fazer a discussão com os estudantes, o que indica um discurso não interativo e de autoridade. Outros exemplos apontam para o esforço realizado pelos licenciandos no sentido de colocar em prática as discussões sobre abordagem comunicativa e o seu papel nas aulas de química.
CONCLUSÕES:
Em uma aula é importante que as quatro classes comunicativas estejam presentes. Não é fácil para o professor dar “voz” ao aluno favorecendo o discurso interativo-dialógico de forma a caminhar para o discurso da ciência que é de autoridade. Esta é uma tensão vivenciada nas aulas de química. Por outro lado, os episódios analisados indicam que a licencianda faz um movimento no sentido de valorizar a fala do aluno, mas não tem completa segurança em manter uma abordagem mais dialógica. É importante que os licenciandos tomem consciência da sua atuação, pois só assim poderão adquirir segurança na condução de aulas cada vez mais dialógicas. Por isso, as aulas filmadas são analisadas com os mesmos.
Esperamos que com o tempo e a segurança que vai se adquirindo na prática, os futuros professores possam transitar com mais naturalidade pelos tipos de discurso de forma a favorecer a construção dos conceitos científicos.
Palavras-chave: Ensino de Química, Abordagem Comunicativa, Formação de Professores.