65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
CONSUMO DE ALIMENTO DE MACHOS E FÊMEAS DE Podisus nigrispinus (HETEROPTERA: PENTATOMIDAE) COM Alabama argillacea (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) SOB DIFERENTES DENSIDADES.
Viviane Cristina Rezende Dias de Souza - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Débora Macedo Paronetto - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Hafez Kallout - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Alexandre Igor de Azevedo Pereira - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Adeniara Moane Felipe - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Thiara Silvestre Nascimento - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
INTRODUÇÃO:
Predadores como agentes de controle biológico tem habilidade de estabilizar populações de pragas e persistem nos ecossistemas agrícolas e florestais (DE CLERCQ e DEGHEELE, 1992). A presença de predadores em um determinado ambiente e seus efeitos na dinâmica populacional da presa depende da habilidade do predador em achar a presa, do número e do tipo de presa (LEGASPI e O´NEIL, 1993).
A extração de alimento está diretamente relacionada à preparação da presa (KASPARI, 1990) e principalmente à fome do predador, definida como quantidade de alimento requerida pelo indivíduo para se tornar saciado (HOLLING, 1966). Para tanto, é considerado o peso do predador; a quantidade de alimento extraído por presa, a quantidade extraída por minuto e as sobras de alimento; o peso total ingerido; o peso total excretado e assimilado durante o tempo em que o predador e presa ficam expostos; a capacidade intestinal e o ganho de peso do predador ou biomassa acumulada.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi estudar a influência da densidade de lagartas de A. argillacea na extração de alimento por fêmeas e machos do predador P. nigrispinus.
MÉTODOS:
Ninfas de quinto estádio de P. nigrispinus com mais de 48 horas de idade foram retiradas da criação massal da Unidade de Controle Biológico (UCB/Embrapa Algodão) e transferidas para copos plásticos transparentes com capacidade de 500 ml, sendo mantidas 10 ninfas por copo, em câmaras climatizadas.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com cinco tratamentos: (1) uma lagarta (peso médio de 15,68 mg para fêmeas e 13,40 mg para machos); (2) três lagartas (peso médio de 44,14 mg para fêmeas e 33,30 mg para machos); (3) cinco lagartas (peso médio de 71,37 mg para fêmeas e 54,30 mg para machos); (4) sete lagartas (peso médio de 117,36 mg para fêmeas e 81,80 mg para machos) e (5) nove lagartas (peso médio de 148,80 mg para fêmeas e 110,34 mg para machos), distribuídos em quatro repetições, sendo cada repetição composta de cinco espécimes do predador.
O ganho de peso do predador foi estimado através da diferença entre o peso do predador no início e no final dos nove dias, sendo estimada também a taxa de consumo relativo (TCR) através da fórmula: TCR = Na/ Pm x T (WALDBAUER, 1968), onde Pm refere-se ao peso médio do predador em 24 h (T). Os dados foram submetidos a ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Student-Newman-Keuls (P= 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Constatou-se que com o aumento da quantidade de alimento oferecido às fêmeas de P. nigrispinus ocorreu redução na quantidade de alimento extraído de cada lagarta (F= 47,09; P= 0,05), sendo esta relação quadrática (F= 58,03; P= 0,05; R2= 0,87). A partir de 71,37 mg de presa disponível ocorreu estabilização na quantidade de alimento extraído de cada presa, que poderá estar relacionada com a quantidade de alimento requerida pelo predador para se manter saciado. As maiores quantidade e percentagem de alimento extraído de cada lagarta foram verificadas na densidade de uma lagarta de A. argillacea (15,68 mg) por fêmea de P. nigrispinus.
As maiores quantidades de lagartas consumidas (Na) com o aumento da densidade podem ser atribuídas às condições de laboratório. Os predadores estavam mais expostos às presas e, consequentemente, exploraram uma área menor; diminuindo gastos com procura e otimizando os processos de manipulação da presa e extração de alimento. Os machos de P. nigrispinus passaram ainda 24 horas sem alimentação antes do encontro com sua presa, o que possivelmente poderá ter estimulado a fome no predador, interferindo na sua capacidade de ataque.
CONCLUSÕES:
Fêmeas e machos de P. nigrispinus são predadores eficientes de lagartas de terceiro estádio de A. argillacea, respondendo positivamente quando expostos à diferentes quantidades de presas e investindo menos tempo em manipular ou preparar sua presa.
Palavras-chave: Curuquerê, Consumo de alimento, Asopinae.