65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia
FILOSOFIA E AS NARRATIVAS DA CULTURA INDÍGENA COMO POSSIBILIDADE PEDAGÓGICA
Dalila Gonçalves Martins - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Mara Alexandre da Silva - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO:
O tema da educação indígena não é novo. A história da educação escolar entre os povos indígenas pode ser dividida em diferentes momentos tendo seu início no período colonial. A principal obra da catequese era dominar o gentil e neste contexto o teatro foi instituído num primeiro momento como entretenimento e posteriormente se tornando um instrumento de inculcação ideológica. Pensava-se em uma educação que valorizasse a cultura europeia negando-se a cultura indígena, seus costumes e tradições. Após a expulsão dos jesuítas por Pombal o tema da educação indígena atravessou períodos de obscurantismo. A educação oferecida aos povos indígenas tinha como premissa a cultura escolar ocidental. As políticas públicas ensejadas pós-constituição de 1988, que estabelecem uma nova postura de reconhecimento e valorização da cultura indígena, trouxe os fatores histórias orais e narrativas para alfabetização e letramento como temas centrais para se pensar a educação.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Um breve histórico e as preocupações platônicas acerca da narrativa com finalidade em si mesma, entram em discussão com a memória oral, teatralidade e representações que, por sua vez, permeiam as inter-relações contemporâneas, ainda que com relevâncias diferentes.
MÉTODOS:
E neste contexto que se pretende conduzir este artigo pensando a educação indígena a partir de suas narrativas. A metodologia se baseou na dialética textual entre filósofos como Walter Benjamin e Platão em consonância com o contexto contemporâneo de comunidades tradicionais indígenas que fazem uso da oralidade como encaminhamento pedagógico
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A transmissão do conhecimento pela oralidade foi gradativamente perdendo espaço com o desenvolvimento da escrita, porém, esta com o descobrimento do mundo e consequente do processo civilizatório europeu se perdeu, ou foi alterada predominando apenas um viés histórico, sendo a tradição oral um fator importante de resistência para a manutenção da identidade dos povos. A oralidade dá voz aos oprimidos, dá visibilidade aos esquecidos pelos meios midiáticos. Ainda em comunidades tradicionais, que vítimas da supressão gradativa de sua identidade como a indígena e a quilombola, têm com o apoio de estudiosos, reconstruído a colcha de retalhos que a passagem do tempo criou. Buscam resgatar a história destes grupos postos durante tanto tempo á margem da sociedade, como um empecilho ao desenvolvimento. A oralidade perpetualiza vivências e une habitantes ao imortalizar feitos comuns de sua memória imaterial em consonância com o desenvolvimento da humanidade. Tendo a função de engrandecer toda a sociedade ao respeitar as diferenças existentes, deve ser trabalhada de forma pedagógica a fim de valorizar a história do educando e valorizar todos os saberes ultrapassando barreiras sociais.
CONCLUSÕES:
Assim, como difundiu costumes e valores depois passados a figurar na forma escrita, a narrativa transforma em lei o que foi socialmente construído e cria a figura no imaginário coletivo como terreno da consciência, difundindo também preconceitos e estereótipos que orquestrados por gerações transforma o abstrato em real. “Uma escada que chega até o centro da terra e que se perde nas nuvens - é a imagem de uma experiência coletiva para a qual mesmo o mais profundo choque da experiência individual, a morte, não representa nem um escândalo nem um impedimento” (BENJAMIN, 2009). As pessoas deixam de existir fisicamente, porém, suas memórias e vivências contribuem para um coletivo que se apoia em uma estrutura infinita. Mantém-se através de signos diversificados fazendo com que todos contribuam para o seu grupo de forma compartimentalizada e geral.
Palavras-chave: Educação indígena, Narrativas, Alfabetização.