65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
CARACTERIZAÇÃO DO EFEITO VASORRELAXANTE DE Mimosa caesalpiniifolia Benth. ABORDAGEM IN VITRO
Lucas Henrique Porfírio Moura - Bolsista do PIBIC - Núcleo de Pesquisas em Plantas Medicinais – UFPI
Renan Teixeira Campelo - Colaborador/Bolsista do PIBIC - Núcleo de Pesquisas em Plantas Medicinais – UFPI
Márcio Edivandro Pereira dos Santos - Mestrando em Farmacologia - Núcleo de Pesquisas em Plantas Medicinais – UFPI
Daniel Dias Rufino Arcanjo - Prof. Me., Departamento de Biofísica e Fisiologia - UFPI
Antonia Maria das Graças Lopes Citó - Profa. Dra., Departamento de Química - UFPI
Aldeídia Pereira de Oliveira - Profa. Dra./Orientadora, Núcleo de Pesquisas em Plantas Medicinais – UFPI
INTRODUÇÃO:
A dificuldade de acesso a medicamentos anti-hipertensivos em países em desenvolvimento justifica a busca de novos agentes terapêuticos de origem natural. A avaliação do uso seguro de plantas medicinais no Brasil ainda é incipiente e estudos multidisciplinares envolvendo a etnobotânica, fitoquímica e a farmacologia são necessários para que sejam ampliados os conhecimentos das plantas medicinais, como estratégias mais adequadas para a produção de fitoterápicos (VEIGA-JUNIOR, 2005). A espécie Mimosa caesalpiniifolia Benth (Mimosaceae) é uma planta arbórea encontrada na caatinga nordestina brasileira conhecida popularmente como “unha de gato”. As flores dessa espécie são indicadas pela medicina popular na forma de infusões para o tratamento de feridas, bronquites e hipertensão (DE ALBURQUERQUE et al., 2007). Como não há na literatura dados que comprovem os efeitos farmacológicos relacionados as propriedades vasorrelaxante e hipotensor desta espécie, propomos estudar seu potencial farmacológicos contribuindo para maior conhecimentos científico da espécie bem como oferecer maior segurança no seu uso popular.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho visa avaliar o efeito vasorrelaxante dos extratos etanólico obtido de partes da espécie Mimosa caesalpiniifolia Benth – Casca de caule (Mc-Casca), Flores (Mc-Flores), Folhas (Mc-Folhas) e Frutos (Mc-Frutos) – em artéria mesentérica superior de ratos e o mecanismo de ação envolvido nesse efeito.
MÉTODOS:
Ratos Wistar (275 ± 25 g) foram eutanasiados com tiopental sódico (70mg/kg, i.p.), para obtenção de anéis de artéria mesentérica superior (1-4 mm), livres de gordura e tecido conjuntivo, mantidos em Tyrode a 37ºC, aerados com (95% O2 e 5% CO2), suspensos por linhas de algodão e fixados a transdutores de força acoplados ao sistema AQCAD-AVS-PROJETOS (SILVA-FILHO et al., 2011). Anéis com e sem endotélio foram contraídos com fenilefrina 10 μM ou KCl 80 mM e na fase tônica das contrações, adicionou-se Mc-Casca, Mc-Flores, Mc-Folhas e Mc-Frutos (0,1-1000 μg/mL) em preparações diferentes. Para investigar o mecanismo de ação, utilizou-se o extrato com maior potencia vasorrelaxante. A reatividade vascular do extrato foi verificada com a adição de fenilefrina (10-9 - 10-5 M) antes e após incubação com Mc-flores (9, 81 e 500 µg/mL) por 30 min. A participação dos canais de Ca2+ foi verificada com a adição de CaCl2 (10-6 - 3x10-2 M) para obtenção de uma curva concentração-resposta, antes e após a incubação por 30 min. com Mc-flores (9, 81 e 500 µg/mL). Os resultados foram expressos como Média ± e.p.m., os valores de pD2 foram obtidos por regressão não-linear. Utilizou-se Teste t de Student e ANOVA-One way seguido de Bonferroni. Significantes valores para p<0,05. PadPrism 5.03.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os extratos induziram efeito vasorrelaxante dependente de concentração sobre a contração tônica induzida por fenilefrina, na presença (E+) e ausência (E-) de endotélio como observado nos valores de pD2: Mc-Flores (E+ = 2,16 ± 0,05*; E- = 2,01 ± 0,06*), Mc-Folhas (E+ = 2,49 ± 0,05; E- = 2,27 ± 0,07), Mc-Frutos (E+ = 2,68 ± 0,02; E- = 2,44 ± 0,05) e Mc-Casca (E+ = 2,81 ± 0,02; E- = 2,75 ± 0,03). Todos os extratos induziram efeito vasorrelaxante independente do endotélio vascular. O extrato Mc-Flores apresentou uma maior potencia quando comparado aos demais extratos (*p<0,01). Assim, utilizou-se o extrato na busca do mecanismo de ação envolvido neste efeito. Mc-Flores promoveu efeito vasorrelaxante em anéis pré-contraídos com KCl 80 mM (pD2 E-= 2,06 ± 0,04), com uma atenuação deste efeito em relação à FEN. Em outra sequencia experimental, Mc-Flores (9, 81, 500 µg/ml) inibiu as contrações induzidas por adição cumulativas de FEN (Emáx= 98.5 ± 2.1%; 77.8 ± 4.7 %*; 28.2 ± 2.7%*, respectivamente; *p<0,05 vs controle) e também inibiu contrações induzidas por concentrações cumulativas de CaCl2 em meio despolarizante nominalmente Ca2+ de forma concentração-dependente (Emáx=93,50 ± 5.40%; 89.6 ± 8.6 %; 45. 4 ± 3.7 %*; e 24.3 ± 4. 6%*, respectivamente; *p<0.05 vs controle).
CONCLUSÕES:
Conclui-se que: todos os extratos etanólicos de M. caesalpiniifolia promovem vasorrelaxamento em anéis de artéria mesentérica de rato sem envolver a participação de substancias relaxantes derivadas do endotélio vascular, sendo que o extrato etanólico das flores (Mc-Flores) apresenta o maior potencial vasorrelaxante em preparações com e sem endotélio funcional. Ao se estudar o mecanismo de ação envolvido no vasorrelaxamento de Mc-Flores, observou-se que este extrato apresenta efeito vasorrelaxante inespecífico, com bloqueio de contrações induzidas por CaCl2 em meio despolarizante nominalmente sem cálcio e que ocorre atenuação do efeito vasorrelaxante quando em meio despolarizante (KCl 80 mM), indicando possível participação conjunta dos canais de potássio na resposta vasorrelaxante deste extrato.
Palavras-chave: Artéria mesentérica, Vasorrelaxamento, Mimosa caesalpiniifolia .