65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
COMPORTAMENTO DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM OBESAS MÓRBIDAS
Luana Gomes de Oliveira - Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, Piracicaba – SP
Letícia Baltieri - Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, Piracicaba – SP
Letícia Tiziotto de Jesus - Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, Piracicaba – SP
Irineu Rasera Júnior - Clínica Bariátrica de Piracicaba – Piracicaba – SP
Eli Maria Pazzianotto Forti - Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, Piracicaba – SP
INTRODUÇÃO:
O sistema nervoso autônomo (SNA) é responsável por regular todos os sistemas do organismo com o objetivo de preservar o seu equilíbrio e inclusive o coração, tem suas funções reguladas pelo mesmo. O aumento da frequência cardíaca (FC) é consequência de maior ação do sistema nervoso simpático (SNS) e menor atuação do sistema nervoso parassimpático (SNP) e a sua redução, depende da atividade vagal. As alterações da FC podem ser detectadas através da análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), compreendida entre os intervalos RR (i-RR) de um eletrocardiograma. A alta VFC é sinal de boa adaptação do sistema neurocárdico, enquanto que a baixa VFC indica uma adaptação anormal e insuficiente do SNA. O aumento excessivo do índice de massa corporal encontrado em obesos mórbidos pode promover alterações da VFC, aumentando a prevalência de doenças cardiovasculares e morbi-mortalidade. Daí a importância de pesquisar o comportamento da modulação autonômica da FC em obesas mórbidas, uma vez que esta população apresenta uma doença que reduz qualidade de vida e oferece riscos à saúde.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a modulação autonômica da frequência cardíaca de obesas mórbidas por meio da variabilidade da frequência cardíaca.
MÉTODOS:
Participaram do estudo 20 voluntárias adultas, sendo 10 obesas mórbidas (GOM) com IMC de 50,1±7,2 kg/m² e 33,3±7,5 anos e 10 eutróficas (GE) com IMC de 22,5±2,2 kg/m² e 30,8±4,2 anos, com estilo de vida sedentário. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o parecer 91/11 e realizada no Laboratório de Avaliação e Intervenção em Fisioterapia Cardiorrespiratória da Universidade Metodista de Piracicaba - SP. Os iR-R da FC foram coletados através de um cardiofrequencímetro Polar modelo RS800 CX Multi durante o repouso, na posição supina e sentada, em um intervalo de 10 minutos cada. Foi gerado um banco de dados no software Polar Precision Performance que, exportado para o software Kubios, permitiu calcular e interpretar os valores da VFC obtidos nos domínios do tempo e da frequência. Para verificar a distribuição dos dados obtidos foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk. Para as variáveis que apresentaram normalidade foi utilizado o teste t-Student para dados independentes e para as variáveis que não apresentaram normalidade foi utilizado o Teste de Mann-Whitney. Um valor de p < que 0,05 foi considerado significativo. O aplicativo utilizado para a análise estatística foi o BioEstat, versão 5.3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A avaliação da VFC no domínio do tempo, durante o repouso, na posição supina mostrou menor atividade parassimpática evidenciada pelos valores do RMSSD no GOM quando comparado ao GE (p=0,0001) assim como diminuição da atuação global do SNA evidenciado pelos valores do SDNN nas posições supina e sentada (p=0,0071 e p=0,0142). No domínio da frequência pode ser observado um aumento da atividade simpática evidenciada pelo índice BF (p=0,0108) e do balanço simpato-vagal pelo índice BF/AF (p=0,0281), assim como, diminuição da atividade parassimpática evidenciada pelo índice AF (p=0,0148) no GOM quando comparado ao GE, na posição sentada. Estes resultados sugerem que no GOM estudado há menor atuação do SNP em relação ao GE. Estudos sugerem que na população de obesos, incluindo crianças, adolescentes e indivíduos jovens, existe uma redução da VFC com níveis mais elevados de atividade simpática, predispondo os mesmos a maior risco no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Da mesma forma no presente estudo, foram observados níveis mais elevados de atividade simpática e menor atividade parassimpática no grupo de obesas mórbidas quando comparado ao grupo de eutróficas.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que os índices de VFC tanto no domínio da frequência quanto no domínio do tempo apresentaram redução na atuação parassimpática e um aumento na atividade simpática no grupo de obesas mórbidas, o que deve ser considerado preditor de risco cardiovascular e morbi-mortalidade, evidenciando a necessidade de uma atenção diferenciada no que diz respeito ao aspecto cardiovascular na população de obesos mórbidos.
Palavras-chave: 1. Integridade neurocárdica, 2. Alterações cardiovasculares, 3. Obesidade mórbida.