65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 7. Fonoaudiologia - 1. Fonoaudiologia
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE UM TRABALHO DE ASSESSORIA VOCAL COM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS
Máryam de Paula Arbach - Faculdade de Medicina - PUC-Campinas
Emilse Aparecida Merlin Servilha - Profa. Dra./Orientadora – Faculdade de Fonoaudiologia - PUC-Campinas
INTRODUÇÃO:
A integridade da voz do professor e a flexibilidade das qualidades vocais são imprescindíveis para atingir os objetivos pedagógicos e a autoridade em sala de aula. Pesquisas têm mostrado que há maior prevalência de distúrbios vocais em professores do que na população em geral, devido ao uso indevido da voz. Nesses casos, ocorrem sintomas como fadiga vocal, rouquidão, garganta seca e perda da voz e os docentes nem sempre conhecem técnicas que superem estas dificuldades, assim como as adversidades do ambiente e organização do trabalho. É consenso na literatura os resultados positivos de ações de promoção da saúde do professor e, neste bojo, são valorosas as estratégias como cursos, oficinas, consultorias e assessorias quando consideram as necessidades e demandas dos profissionais envolvidos, fomentam o conhecimento vocal do professor como requisito para sua saúde e oferecem recursos comunicativos para serem utilizados em sala de aula. O Índice de Desvantagem Vocal (IDV) pode ser útil na investigação sobre a relação entre voz e qualidade de vida, pois mensura o impacto da disfonia nas atividades do dia a dia, a partir da autoavaliação e tem sido empregado em pesquisas nacionais e internacionais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a eficácia de assessoria fonoaudiológica oferecida para professores universitários.
MÉTODOS:
Participaram 12 professores universitários da área da saúde, contudo, quatro deixaram paulatinamente o curso, devido a compromissos acadêmicos, finalizando o trabalho com oito professores. Destes, seis (75%) eram do sexo feminino e dois (25%) do masculino; média de idade 52,5 anos e seis (75%) referiram não possuir alteração na voz antes da assessoria vocal. A pesquisadora ofereceu atividades de assessoria vocal em seis encontros semanais de 60 minutos, durante os últimos dois meses do ano de 2011, em três grupos de três a seis professores. Foram abordados conhecimentos e cuidados com a voz, experimentação de técnicas de projeção e modulação vocal, assim como o aperfeiçoamento da articulação e postura corporal em sala de aula. Foram pauta, ainda, discussões sobre estratégias de aula e uso de voz, questões de disciplina e formas de manejar a voz que levassem a uma comunicação professor-aluno mais eficiente. O protocolo IDV foi preenchido pelos professores no primeiro e último dia da assessoria vocal. A análise dos dados foi realizada pelo protocolo específico do instrumento e cotejados os resultados dos dois momentos, por questão e por subescala utilizando-se o Teste não-paramétrico de Wilcoxon. O valor de significância adotado foi de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As questões que mais incomodaram os docentes na situação de pré-assessoria vocal foram as modificações da voz ao longo e ao final do dia, que traz prejuízos ao profissional pela perda da audibilidade e inteligibilidade da fala e voz e compromete seu trabalho e vida social. Esta alteração vocal gera desdobramentos emocionais para o professor como ficar chateado e tenso, além de outros sofrimentos que já enfrenta em seu trabalho. Todas as questões mostraram valores bastante reduzidos, indicando que a desvantagem vocal é baixa para os partícipes da pesquisa. A subescala Orgânica foi a mais afetada, seguida da Funcional e da Emocional, reiterando os achados de outras pesquisas com o mesmo instrumento. Ao se cotejar os resultados do IDV constata-se significância entre aqueles referentes à subescala Emocional, e o total geral, o que corrobora os resultados positivos da atuação fonoaudiológica em toda a linha de cuidado com a voz profissional. Houve aumento da autopercepção da relação saúde, docência e voz e empoderamento dos professores como agentes de seu bem-estar. Uma limitação deste estudo foi o pequeno número de participantes, possivelmente, pela falta de tempo e baixa gravidade das queixas vocais.
CONCLUSÕES:
A assessoria vocal oferecida aos professores universitários mostrou resultados positivos e benéficos e estes puderam ser demonstrados por meio da regressão dos valores de todas as subescalas do instrumento de pesquisa, em especial no que se refere às consequências emocionais geradas pela voz. O IDV mostrou-se útil como parâmetro de avaliação da assessoria vocal e pode ser empregado no conjunto de materiais utilizados nas diferentes modalidades de atuação fonoaudiológica na área de voz sejam pesquisas, consultorias, assessorias, dentre outras, com vistas à saúde e bem-estar dos professores.
Palavras-chave: Voz, Docentes, Treinamento Vocal.