65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil
PRESSÃO ARTERIAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO
Sara Elisa Koefender - Acadêmica do Curso de Medicina - UFSM
Natiele Dutra Gomes - Acadêmica do Curso de Medicina - UFSM
Natielen Jacques Schuch - Profa. Dra. - Centro Universitário Franciscano
Sandra Márcia Soares Schmitt - Dra. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria
Heloisa Ataide Isaia - Médica Pediatra do Hospital Universitário de Santa Maria
Leris Salete Bonfanti Haeffner - Profa. Dra. Orientadora, Departamento de Pediatria e Puericultura - UFSM
INTRODUÇÃO:
A prevalência de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes vem aumentando em proporções alarmantes. Dentre as principais causas para essa epidemia estão os maus hábitos alimentares e a pouca prática de exercício físico, ambos decorrentes de mudanças no estilo de vida dos últimos anos. O excesso de peso corporal, além de levar a distúrbio nutricional, está frequentemente associado a outras complicações médicas, dentre as quais se inclui a hipertensão arterial sistêmica (HAS). Apesar de a HAS ser mais prevalente na idade adulta, a sua taxa de prevalência na infância está em torno de 1%, antecedida, dentre as doenças crônicas da infância, apenas pela asma e obesidade. Estudos têm mostrado que os níveis elevados de pressão arterial (PA) na infância correlacionam-se com níveis elevados na idade adulta, havendo indícios de que tanto a obesidade quanto HAS essencial do adulto comecem na infância.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a hipertensão arterial sistêmica em crianças e adolescentes com excesso de peso, relacionando com o sexo e o grau de obesidade.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo descritivo e transversal, que avaliou crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade, acompanhados no grupo multidisciplinar de obesidade do Ambulatório de Pediatria do Hospital Universitário de Santa Maria-RS. O diagnóstico do estado nutricional foi estabelecido por meio do Escore-Z do IMC, proposto pela Organização Mundial da Saúde, para crianças de 5 a 19 anos. Considerou-se sobrepeso quando escore Z>+1 e escore Z≤+2; obesidade quando >+2 e ≤+3 e obesidade grave quando >+3. Os dados foram obtidos do primeiro registro referente ao atendimento dos pacientes, de janeiro de 2011 a dezembro de 2012. A idade foi estabelecida em anos, sendo que, para aqueles com seis meses ou mais decorridos desde o ano completo, corrigiu-se para cima. Foram considerados hipertensos aqueles com pressão arterial sistólica (PAS) e/ou diastólica (PAD) o percentil ≥95 da referência; pré-hipertensos o percentil >90 e <95; normotensos o percentil <90. Indivíduos com valores superiores ou iguais a 120/80mmHg foram considerados pré-hipertensos. A análise estatística dos dados foi realizada pelo programa Stata 10.0, considerando significante p<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A amostra foi constituída de 69 pacientes, sendo 34 do sexo masculino e 35 do sexo feminino. A média de idade foi de 11,6 (±2,27) anos e de PAS (±10,52) e PAD 69,94 (±9,04). Na amostra, sete (10,1%) tinham sobrepeso, dos quais dois eram do sexo masculino e cinco do sexo feminino; 45 (65,2%) eram obesos, dos quais 23 eram do sexo masculino e 22 do sexo feminino; e 17 (24,6%), tinham obesidade grave, dos quais nove eram do sexo masculino e oito do sexo feminino. Na amostra, 32 (46,4%) pacientes eram normotensos, 23 (33,3%) pré-hipertensos e 14 (20,3%) hipertensos. Não houve significância estatística entre o grau de obesidade e a hipertensão arterial, assim como entre a classificação da PA e o sexo. A prevalência de HAS (20,3%) foi bem mais elevada que o esperado na população pediátrica, o que sugere associação entre excesso de peso corporal com HAS na infância. Talvez, a ausência de associação entre hipertensão e obesidade decorra do fato de a amostra desse estudo não conter indivíduos eutróficos, além de ser pequena. Ademais, a força tarefa norte-americana recomenda que se classifique como hipertenso o indivíduo com PAS e/ou PAD igual ou maior do percentil 95 após três aferições em tempos diferentes, o que não foi possível aferir para este estudo.
CONCLUSÕES:
Os resultados desse estudo permitem concluir que a HAS é uma doença prevalente em 20% das crianças e adolescentes com excesso de peso corporal, independente do grau de obesidade e do sexo. Dessa forma, reafirma-se a grande importância da aferição da PA na infância e adolescência, bem como a prevenção da obesidade desde os primeiros anos de vida.
Palavras-chave: Obesidade, Hipertensão, Infância.