65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil
COMPORTAMENTO DE ROCHAS CARBONÀTICAS SUBMETIDAS À INJEÇÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO (CO2)
Katia Botelho Torres Galindo - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).
Luciana Mendes Pessoa de Melo - Departamento de Engenharia civil, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Cecília Maria Mota Silva Lins - Departamento de Engenharia civil, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Alessandra Lee Barbosa Firmo - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE)
Leonardo Jose do Nascimento Guimarães - Prof Dr/Orientador- Departamento de Engenharia civil, Universidade Federal de Pe
INTRODUÇÃO:
A emissão de gases de efeito estufa tem sido um agravante nas mudanças climáticas e dinâmica global, uma vez que, as principais tecnologias utilizadas atualmente para a produção de energia resultam na emissão desses gases, em especial o CO2.
Adicionalmente a recente exploração dos reservatórios pré-sal, podem resultar em uma liberação anual de milhões de toneladas de carbono, devido à presença de hidrocarbonetos com elevado teor de CO2 nesses reservatórios. Assim, existe a necessidade de estudar e desenvolver novas tecnologias e atividades para a redução de emissões desse gás tais como o uso mais eficiente da energia, substituição dos combustíveis fósseis por outros com menor conteúdo de carbono, utilização de soluções energéticas que façam o emprego de fontes de energia renováveis e até o armazenamento do CO2 em formações geológicas (IPCC, 2005).
O armazenamento geológico do CO2 consiste em capturar e imobilizar esse gás em locais que não afetem os ecossistemas e onde não exista a possibilidade de vazamentos.
Entretanto, a injeção em larga escala de CO2 pode induzir a uma complexa interação rocha-fluido, provocando alterações na estrutura da rocha e comprometendo a segurança e capacidade do armazenamento (Izgec et al., 2007).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar, através de experimentos, as modificações físicas e mineralógicas ocorridas no meio poroso, especificamente rochas carbonáticas, provocadas pela injeção de CO2 em condição supercrítica.
MÉTODOS:
O desenvolvimento do trabalho consistiu na coleta, caracterização da rocha natural e nos ensaios de injeção de CO2.
As amostras das rochas carbonáticas foram coletadas a partir de testemunhos de poços perfurados na região de Suape, em Pernambuco. Primeiramente foi selecionado o intervalo de testemunho menos danificado fisicamente, seguido do corte de 5cm de diâmetro e 5cm de altura para obtenção dos corpos de teste utilizados nas análises petrográficas, minerológicas e no ensaio de injeção de CO2.
Para realização dos ensaios de injeção de CO2 foi construído um reator de aço inoxidável AISI 304 com volume de 250 ml, sendo também instalado um manômetro e sistema de controle automático de temperatura.
Os corpos de teste de aproximadamente 250g foram colocados na célula de inox juntamente com 100ml de uma solução de hidróxido de cálcio (0,02mol L-1), pressurizados com CO2 até a pressão de 8,5 MPa e 70ºC. O tempo de duração dos experimentos foi de 10 e 20 dias, objetivando acompanhar a ocorrência dos fenômenos de dissolução e/ou precipitação no meio poroso ao longo do tempo. As amostras antes e após os ensaios foram analisadas utilizando o microscópio de luz transmitida normal e o equipamento de catodoluminescência para observar possíveis modificações nas estruturas originais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A amostra original coletada corresponde a um dolomito com minerais siliciclásticos, cristais de quartzo e feldspatos apresentando uma distribuição variável de porosidade entre 8 a 20%, conforme análises petrográficas. Esses minerais também foram constatados nos difratogramas das amostras originais, resultantes das análises mineralógicas, além da identificação de um novo mineral ankerita.
Para a amostra ensaiada após 10 dias da injeção de CO2, não foram observadas modificações significativas na estrutura da rocha, assim como não foram observadas variações na porosidade em relação à amostra original. Por outo lado, nos ensaios com o intervalo de tempo de 20 dias foi possível visualizar através das lâminas um aumento estimado da porosidade em mais de 10% em relação à rocha original.
Na avaliação dos difratogramas referentes às duas amostras que sofreram a injeção do CO2, verificou-se uma diminuição do pico correspondente aos compostos dolomita e ankerita, possivelmente devido à dissolução dos minerais carbonáticos ser afetada preferencialmente pelo processo da injeção de CO2.
Não foram observadas alterações dos minerais silicáticos, o que exigiria uma redução muito maior no pH, e um tempo de reação também mais longo, excedendo os 20 dias utilizados.
CONCLUSÕES:
A injeção de CO2 causou a dissolução parcial de minerais de carbonato através da acidificação da água contida nos poros em ambos os intervalos de tempo analisados.
Para verificar maiores alterações físicas e mineralógicas na estrutura da rocha submetida à injeção de CO2, são necessários ensaios com um tempo maior de contato rocha-fluido, preferencialmente acima de 30 dias. Ensaios com uma duração prolongada são importantes para constatar a deteriorização da rocha devido à injeção de CO2. Além disto, a partir dos resultados de ensaios com diferentes tempos de contato é possível avaliar as modificações no meio poroso e constatar a viabilidade do armazenamento de CO2 neste tipo de rocha.
Palavras-chave: Armazenamento geológico de CO2, Injeção de CO2, Rochas carbonáticas.