65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
USO DA CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA EM MUNICÍPIO DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL.
Mônica Borba da Silva - Graduanda de Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
Maria Mônica de Oliveira - Bolsista de Iniciação Científica do CNPq. Graduanda de Enfermagem da UEPB
Carolina Pereira da Cunha Sousa - Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Saúde Pública da UEPB
Ana Carolina Dantas Rocha - Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da UFC
Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso - Enfermeira. Professora Titular da UFC. Pesquisadora 1D do CNPq
Dixis Figueroa Pedraza - Doutor em Nutrição. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da UEPB
INTRODUÇÃO:
A Caderneta de Saúde da Criança (CSC), implantada pelo Ministério da Saúde em 2005, em substituição ao Cartão da Criança (CC) apresenta-se como um instrumento imprescindível para a vigilância e promoção da saúde infantil. Este instrumento possibilita o diálogo entre as famílias e os profissionais, devendo acompanhar a criança em qualquer serviço de saúde. A utilização adequada da CSC pelos profissionais, de acordo com o que é preconizado pelo Ministério da Saúde, permite uma melhor adesão e valorização desse instrumento pela família, constituindo-se um importante indicador da qualidade da atenção oferecida às crianças pelos serviços de saúde, refletindo o funcionamento dos serviços e a qualidade de atuação dos seus profissionais. Para que a CSC cumpra seu papel de instrumento de comunicação, educação, vigilância e promoção da saúde infantil, é essencial o registro correto e completo das informações por todos os profissionais da saúde que assistem à criança. Existem, ainda, poucos estudos no país com o objetivo de avaliar o preenchimento das CSC.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar como o sexo, a idade e o peso ao nascer de crianças influencia no fato das mesmas disporem do CC ou da CSC. Verificar o preenchimento de itens que compõem a CSC, bem como averiguar a associação entre variáveis independentes de estudo e o escore de preenchimento da CSC.
MÉTODOS:
Trata-se de estudo transversal desenvolvido com 835 crianças assistidas em creches municipais de Campina Grande, Paraíba. Os responsáveis pelas crianças foram convidados a comparecer à creche frequentada por suas crianças, em datas e horários pré-agendados, portando o CC ou a CSC, e as informações foram coletadas por meio da aplicação de um cheklist preenchido mediante verificação direta destes instrumentos. Para caracterizar a amostra de estudo utilizaram-se as variáveis: idade da criança, sexo e peso ao nascer. A avaliação do documento de acompanhamento de saúde, crescimento e desenvolvimento da criança na íntegra apenas foi considerada quando o mesmo se tratava da CSC. O preenchimento das CSC foi avaliado considerando um conjunto de 17 variáveis de preenchimento mínimo indispensável e a variável resposta estudada foi o escore de preenchimento da CSC. Para testar a suposição de normalidade das variáveis envolvidas no estudo foi aplicado o teste de Shapiro Wilk. Para análise comparativa das variáveis quantitativas foi utilizado t-student ou Mann-Whitney. Para a análise comparativa entre as variáveis qualitativas foi aplicado o teste qui-quadrado e quando necessário Fisher. Todas as conclusões foram tomadas ao nível de significância de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em 48,4% dos casos as crianças dispunham da CSC. A prevalência de crianças portando a CSC foi significativamente mais elevada entre aquelas com maior idade (> 36 meses). O sexo e o peso ao nascer, por sua vez, não exerceram influência sobre o fato das crianças possuírem CC ou CSC. O preenchimento correto dos itens analisados foi bastante heterogêneo, variando de 2% (idade em que o último ponto de peso foi marcado no gráfico e anotações sobre desenvolvimento neuropsicomotor) a 97,8% (peso ao nascer). Chama atenção o baixo percentual de CSC em que os gráficos foram utilizados adequadamente. O escore de preenchimento variou de 2 a 15 pontos, sendo a mediana igual a oito pontos. Cerca de 63% das CSC obtiveram escore de preenchimento considerado insatisfatório. As interações entre as variáveis independentes de estudo e a adequação/inadequação do preenchimento das CSC foram testadas e não houve significância estatística. Abstrai-se que a CSC ainda não foi definitivamente assumida como passaporte de cidadania, não estando à atenção à saúde da criança organizada com foco neste novo instrumento. Apesar de escassos, de maneira geral, todos os estudos que se dedicaram a avaliar a qualidade do preenchimento da CSC no nosso país apontam falhas consideráveis na sua utilização.
CONCLUSÕES:
Aponta-se um baixo percentual de crianças que dispõem da CSC, e mesmo quando se da a utilização deste instrumento a mesma acontece de maneira precária. Tal fato reforça a necessidade de investimento em capacitação profissional, vislumbrando melhorias nos registros das informações, e consequente reorientação dos serviços, no sentido de estimulá-los a cumprirem, mediante a utilização adequada da CSC, seu papel na vigilância e promoção da saúde infantil.
Palavras-chave: Registros de Saúde Pessoal, Saúde da Criança, Promoção da Saúde.