65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE ESPONJAS DE COZINHAS DOMÉSTICAS
Paulo Henrique Santos Araujo Camargo - C. Biológicas – PUC-SP/ Mestrando em Div. Biológica e Conservação - UFSCAR
Marcela Pellegrini Peçanha - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Morfologia e Patologia – PUC/SP
INTRODUÇÃO:
A contaminação biológica dos alimentos é um dos principais problemas de saúde de inúmeros países, causando várias enfermidades do trato gastrintestinal como gastroenterocolites agudas. A maioria dessas contaminações se dá pelo manipulador durante a preparação, ou ainda, devido à falta de higiene dos equipamentos e utensílios utilizados na preparação e armazenamento do alimento.
Neste sentido, as esponjas, por reterem alimentos e, muitas vezes serem mantidas em reservatórios contendo água e detergente, favorecem a multiplicação de agentes patogênicos e se tornam reservatórios e veículos de patógenos para esses utensílios e, consequentemente para os alimentos, por meio de contaminação cruzada. Portanto, é de fundamental importância a correta higienização das esponjas, como forma de prevenir a contaminação e, por conseguinte colaborar para a redução do risco de doenças gastrintestinais. Por outro lado, as normas vigentes para higienização de utensílios de cozinha são em sua maioria, restritas a cozinhas comerciais e industriais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve como objetivos avaliar a contaminação microbiológica em esponjas comerciais e a eficiência de dois procedimentos de desinfecção de esponjas de cozinhas de uso doméstico.
MÉTODOS:
Foram coletadas 30 esponjas utilizadas ao menos por dois dias em cozinhas domésticas. As mesmas foram colocadas em sacos plásticos estéreis com auxílio de uma pinça e transportadas, à temperatura ambiente, até o Laboratório de Microbiologia da PUCSP. Em seguida, foram cortadas assepticamente em três partes iguais. A uma das partes, foram adicionados 100 ml de solução salina peptonada 0,1%, a qual se constituiu na amostra a ser analisada. As duas partes restantes foram submetidas, separadamente, à desinfecção por fervura durante cinco minutos e à desinfecção com hipoclorito de sódio 2%. Após os procedimentos de desinfecção, ambas as partes da esponja foram adicionadas de solução salina peptonada 0,1%.
As amostras foram analisadas quanto à presença de coliformes totais e termotolerantes utilizando a técnica de Tubos Múltiplos série de três tubos para determinação do NMP. E quanto à presença de Staphylococcus aureus e demais bactérias por meio de semeadura por esgotamento em Ágar sangue e Ágar Mac Conkey para isolar as colônias. Além disso, as amostras passaram por testes bioquímicos para identificação das espécies. A título de complementação, algumas amostras foram analisadas quanto à presença de fungos. Para análise estatística, aplicamos os testes Qui-quadrado e G de Cochran.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Verificamos contaminação significativa em grande parte das esponjas avaliadas. Quando analisadas sem método de desinfecção, observamos expressivo número de bactérias, em especial, coliformes totais e fecais. No total encontramos nove espécies de bactérias, entre elas, algumas das principais causadoras de doenças intestinais, além de S. aureus, causadora de inúmeras infecções em humanos. Escherichia coli, indicador de higiene, foi a bactéria mais frequente. Quanto aos fungos, identificamos seis espécies, sendo todas de importância médica.
Quando observados os processos de desinfecção, observamos que os dois métodos analisados foram significativamente eficazes na redução das bactérias, não diferindo entre si quanto à eficiência.
Alguns autores já abordaram este tema e verificaram que a fervura foi mais eficiente. Contudo, diferentemente da metodologia utilizada neste trabalho, os autores utilizaram o microondas.
Por outro lado, com relação aos fungos, a fervura foi mais eficiente, já o hipoclorito não inibiu o crescimento. Tal fato, já relatado por outros autores, pode estar associado às formas de resistência dos fungos. Nestes trabalhos, de modo geral, aumentando-se a concentração do hipoclorito ou o período de embebição, obteve-se maior redução da incidência fúngica.
CONCLUSÕES:
As esponjas podem abrigar inúmeros microrganismos, o que pode ser prejudicial à saúde, visto que as mesmas podem ser veículos de contaminação cruzada dos alimentos. Por outro lado, métodos simples de desinfecção como fervura ou em soluções cloradas podem ser muito eficientes na redução de contaminação das esponjas. Desta forma, as autoridades sanitárias devem dar mais ênfase a ações educativas voltadas também ao ambiente doméstico de processamento de alimentos.
Palavras-chave: Esponjas de cozinhas domésticas, Contaminação microbiológica, Desinfecção.