65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
COMPOSIÇÃO FLORISTICA DA MATA CILIAR DO RIO CATOLÉ, ITAPETINGA, BA, BRASIL
Wesley Amaral Vieira - Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais – DEBI, UESB
Bruno Silveira Amorim - Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais – DEBI, UESB
Wally Ricardo da Silva Santos - Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais – DEBI, UESB
Paulo Henrique Rodrigues Brito - Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais – DEBI, UESB
Avaldo de Oliveira Soares Filho - Departamento de Ciências Naturais – DCN, UESB
Patricia Araújo de Abreu Cara - Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais – DEBI
INTRODUÇÃO:
A composição florística e fitofisionomia da Floresta Atlântica apresenta-se variável ao longo de sua extensão, o que pode ser resultado de diversidade climática, topográfica e geomorfológica (Oliveira-Filho & Fontes 2000, Oliveira-Filho et al. 2004, Thomas et al. 2009). Por apresentar altos níveis de endemismos e alta diversidade de espécies, Mittermeier et al. (2004), denominaram a Floresta Atlântica como um dos 34 hotspots mundiais. A fragmentação florestal é intensa para esta fisionomia, restando apenas 8% de sua cobertura original, segundo Morellato & Haddad (2000). No nordeste brasileiro o quadro apresenta-se ainda mais crítico, especialmente no estado da Bahia, onde Thomas et al. (1998) e Cassano et al. (2004) afirmam que restam menos de 4% da cobertura original. Embora existam informações sobre a composição e estrutura florística no estado da Bahia, segundo Tomas et al (2009) e Rocha & Amorim (2012) há escassez de informações sobre a composição florística e estrutura de comunidades em florestas úmidas no sul da Bahia. A relevância desta pesquisa caracteriza-se pelo levantamento florístico e fitossociológico que fundamentarão a realização de um projeto de conservação e restauração da Mata Ciliar do Rio Catolé, em Itapetinga-Bahia.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Objetivou-se neste trabalho conhecer a composição e estrutura florística da comunidade arbustiva e arbórea de uma área de Mata Ciliar localizada na zona urbana de Itapetinga, com vistas a um futuro projeto de reflorestamento baseado na conservação e restauração dessas áreas degradas.
MÉTODOS:
A paisagem da área de estudo está situada no domínio Mata Atlântica, caracterizada por Floresta Estacional Decidual e Semidecidual. Apresenta nas bordas de seus fragmentos representantes das famílias Cactaceae e Bromeliaceae, freqüentes em Caatinga, Cerrado e Campos Rupestres, o que pode estar relacionado ao fato deste ambiente apresentar: i) composição florística que sugere uma zona de transição entre Mata Atlântica-Caatinga e ii) clima semi-árido. Neste trabalho foram selecionadas por meio de imagens de satélite de livre acesso, resquícios de Mata Ciliar na zona urbana de Itapetinga, BA. Foram estabelecidas 05 parcelas (100,0x10,0M) onde foram marcados e identificados todos os indivíduos arbustivos e arbóreos (CAP ≥ 20,0cm) (N = 199) dentro de cada parcela O trabalho contou com a participação de alunos dos cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental e Química da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Para a coleta e identificação do material botânico utilizou-se: fitas métricas, cordões, podão, tesouras de poda, sacos plásticos, papelão, jornais e estufa de secagem de plantas. As excicatas confeccionadas foram encaminhadas para o herbário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e lá identificadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram amostrados 156 indivíduos, de 15 espécies identificadas e distribuídas em seis famílias. A riqueza de espécies por família foi maior em Leguminosae – Mimosoidae (N=7), Anacardiaceae (N=2), Boraginaceae (N=2) e as famílias Rutaceae, Cannabaceae, Euphorbiaceae e Leguminosae – Caesalpinoideae apresentaram apenas 01 espécie cada. O número de indivíduos não identificados foi de 51. As espécies mais abundantes foram: Pithecellobium dulce (Roxb) Benth. (N=35), Schinus terebinthifolia Raddi (N=34), Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit. (N=7), Prosopis juliflora (Sw.) DC., Desmanthus virgatus (L.) Willd e Albizia hasslerii (Chodat) Burkart (N=4), Schinus areira e Celtis iguanaea (jacq) Sarg (N=3), Sebastiania schottiana (Müll.Arg.) Müll.Arg., Inga sp., Cordia superba Cham. e Calliandra tubulosa Benth (N=2), Pterogyne nitens Tul., Cordia sp. e Citrus sp. (N=1). A baixa riqueza de espécies pode ser explicada por: i) influência antrópica, ii) histórico de colonização do município, iii) influência da pressão da criação de gado e especulação imobiliária, iv) queimadas e v) diminuição gradativa de polinizadores e dispersores de sementes.
CONCLUSÕES:
A partir do trabalho realizado podemos concluir que o atual estado de degradação da Mata Ciliar do Rio Catolé na zona urbana do município de Itapetinga é acentuado, o que pode ser observado pela baixa riqueza de espécies, ausência de animais dispersores de médio a grande porte e conseqüente diminuição dos serviços ecológicos. Tal fato chama a tenção para a urgente necessidade de conservação dos resquícios de mata nativa e a implementação de políticas públicas de educação ambiental e restauração das referidas áreas.
Palavras-chave: Riqueza de espécies, Recuperação de áreas degradadas, Educação ambiental.