65ª Reunião Anual da SBPC

D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública

CONSULTA DE ENFERMAGEM COM ADOLESCENTES INFRATORES NA FUNDAÇÃO CASA

Inik de Oliveira Soares - Discente do Curso de Enfermagem - UFMA/CCSST. Ellen Cindy Silva de Sousa Alencar - Discente do Curso de Enfermagem - UFMA/CCSST. Julyeth Nascimento Abreu - Discente do Curso de Enfermagem - UFMA/CCSST. Érica Almeida Nicácio - Discente do Curso de Enfermagem - UFMA/CCSST. Ana Cristina Pereira de Jesus Costa - Profa. MsC./Orientadora - Departamento de Enfermagem –– UFMA/CCSST

INTRODUÇÃO:

A adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano marcada por profundas transformações, é também o início da transição da infância para a idade adulta. Atualmente, verifica-se a diminuição da socialização e comunicação entre as famílias, e como consequência, os adolescentes obtêm nas ruas e na convivência com outros adolescentes comportamentos e valores diferentes do que deveria ser transmitido pela família e/ou propostos pela sociedade, facilitando a sua aproximação de atos infracionais. O ato infracional é considerado pela lei brasileira passível de punição, onde o adolescente infrator deverá permanecer sob tutela do Estado até que compreenda a gravidade dos atos por ele cometidos. Segundo o ECA, diante de atos infracionais, as instituições responsáveis pelo acompanhamento destes adolescentes atuarão na sua ressocialização. O ECA considera o desenvolvimento sadio e harmonioso do adolescente como um direito fundamental. Neste sentido, é dever destas instituições e dos profissionais de saúde incluir ações de saúde específicas aos adolescentes, destacando-se a consulta de enfermagem (CE) como instrumento de avaliação para a manutenção/recuperação da saúde, e como mecanismo facilitador ao resgate do empoderamento do adolescente no atendimento de suas necessidades de saúde.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Relatar a experiência da realização de CE por acadêmicos, com os adolescentes infratores da Fundação Casa (FUNAC) de Imperatriz - MA.

MÉTODOS:

Trata-se de um relato de experiência vivenciado por quatro acadêmicas do curso de enfermagem da Universidade Federal do Maranhão, como atividade prática integrante da disciplina Saúde da Criança e do Adolescente e do Projeto de Extensão ‘Adolescência: sua natureza e seus conflitos’. A CE foi realizada em sala da FUNAC, destinada ao atendimento de saúde dos adolescentes. A FUNAC é uma instituição Estadual designada ao atendimento de menores infratores que devem cumprir medidas sócio educativas no período de internação. A sala denominada por ‘Espaço de Saúde’, foi estruturada e preparada como ambiente favorável à saúde pelos próprios acadêmicos. A CE foi desenvolvida com os adolescentes, de ambos os sexos, entre os meses de Janeiro a Março de 2013. Foi utilizado para a coleta de dados para a anamnese um instrumento baseado nos domínios da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), a fim de nortear a adequada sistematização da assistência de enfermagem ao adolescente. O instrumento contemplou a avaliação de comportamentos de risco e de saúde, exame físico e a abordagem educativa, sobre: modificações físicas e fisiológicas na adolescência, sexualidade e prevenção à gravidez precoce.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

O interesse pela implementação da CE na FUNAC, deu-se após uma visita técnica na instituição, onde a proposta foi pautada na perspectiva de humanizar a saúde, dar qualidade ao atendimento socioeducativo e integrar adolescentes e acadêmicos. Durante a abordagem individual foi observado comportamentos de introspecção, reserva e timidez, pouco receptivo, dos adolescentes recém-integrados à instituição; em contrapartida, os adolescentes com maior tempo de permanência na FUNAC apresentaram-se mais colaborativos, envolvidos e responsivos aos questionamentos em relação à sua saúde. Na CE foi perceptível nas falas dos adolescentes a dificuldade em manter uma convivência harmoniosa com familiares e sociedade, devido ao envolvimento com delitos, uso/abuso de drogas, e, às possibilidades de permanecer cometendo atos infracionais, mas verbalizaram o desejo de abandonar tal pratica embora a condição do vício suscite para a continuidade do abuso de drogas. Quando questionados sobre as principais queixas em relação à saúde, os adolescentes na sua maioria responderam como predominantes pruridos sugestivos de infecções fúngicas, manchas hipocrômicas disseminadas, odontalgia e lesões vestigiais de agressões ou lesões ocasionadas por traumas diversos e ausência de informações sobre autocuidado.

CONCLUSÕES:

Através do desenvolvimento da consulta de enfermagem na FUNAC percebe-se a iminente necessidade da atuação do Enfermeiro na instituição, a fim de promover uma escuta qualificada, promover e proteger a saúde e detectar agravos que venham comprometer a saúde dos adolescentes institucionalizados. A consulta possibilitou também o aprimoramento do cuidado de enfermagem ao adolescente, além de oportunizar a integração dos acadêmicos com os adolescentes, que contribuíram com os seus relatos de vida para uma assistência melhor direcionada a este público, de modo a empoderar os adolescentes por manutenção da sua saúde.

Palavras-chave: Consulta de enfermagem, Saúde do adolescente, Enfermagem.