65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 2. Análise Toxicológica
TESTE FITO E CITOTÓXICO DO EXTRATO AQUOSO DA ERVA BALEEIRA (Cordia verbenacea) POR MEIO DO TESTE DE Allium cepa
Kelvis Trindade Santos - Depto. de Química e Exatas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
Flávio Flôres Britto - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Eliane Mariza Dortas Maffei - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
Cláudio Lúcio Fernandes Amaral - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Ciências Biológicas - UESB
INTRODUÇÃO:
Diversas espécies de plantas medicinais são utilizadas para o tratamento de várias doenças. No entanto, a maioria destas espécies não foram suficientemente estudadas, principalmente quanto à presença de substâncias fito e/ou citotóxicas em sua composição ou decorrentes do próprio metabolismo, as quais podem causar danos à saúde da população. A espécie C. verbenácea é uma planta da família Boraginaceae, conhecida popularmente como Erva Baleeira. Ela é originária do Brasil, sendo utilizada como medicinal, tendo como principal propriedade terapêutica seu efeito anti-inflamatório, devido à existência do princípio ativo Artemetina. A avaliação fito e citotóxica de produtos naturais é um passo fundamental para que as indústrias farmacêuticas deliberem um novo agente terapêutico. O método de avaliação de alterações cromossômicas em raízes de A. cepa é validado pelo Programa Internacional de Segurança Química e o Programa Ambiental das Nações Unidas como um eficiente teste para análise e monitoramento in situ da fito e citotoxicidade de substâncias ambientais. Assim, foi objetivo deste trabalho avaliar os possíveis efeitos fito e citotóxicos do extrato aquoso de Cordia verbenacea por meio da análise do ciclo celular em células meristemáticas de A. cepa.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo teve por objetivo avaliar os efeitos fito e citotóxicos do extrato de Cordia verbenacea por meio do teste cromossômico e do índice mitótico em células meristemáticas da raiz de Allium cepa.
MÉTODOS:
As folhas da Erva Baleeira (Cordia verbenacea) foram lavadas em água destilada. Para obtenção do extrato aquoso foram utilizados 14,44 gramas de folhas secas em 2 litros de água em decocção à 100ºC, durante o período de 15 minutos, logo após, deixado em repouso por 10 minutos e em seguida filtrado. O filtrado foi considerado a concentração de 100% (14,44 g/L do extrato) e em seguida o extrato aquoso foi diluído em três concentrações: 75%, 50% e 25%. Como controle negativo foi utilizado água destilada e, como controle positivo, foram utilizados Diclofenaco sódico 50mg e Acido acetilsalicílico 100mg. Assim, o experimento constituiu-se de sete tratamentos com 5 repetições cada; totalizando 35 parcelas. Cada parcela é representada por uma única cebola imersa na água com ou sem fármaco (controles) e no chá conforme o tratamento. As raízes foram coletadas com, aproximadamente, 1 cm de comprimento e fixadas em Carnoy. Para digestão do material, as radículas foram cuidadosamente lavadas em água destilada por 5 minutos, posteriormente, colocadas em solução de HCL 5N por 15 minutos e, novamente, devolvidos a água destilada por mais 5 minutos. Logo após, foram preparadas lâminas e o material corado com orceína acética 2%. Observou-se as lâminas e calculou-se o índice mitótico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Verificou-se que algumas raízes de Allium cepa oriundas dos tratamentos tornaram-se escuras, apresentando maior dificuldade na maceração ao preparar as lâminas indicando fitotoxicidade. Nos tratamentos estudados, foi observada a existência de apoptose, o que sugere citotoxicidade. Os valores do índice Mitótico (IM) diferiram significativamente entre os tratamentos (para 25% do extrato obteve-se um IM igual 1,25, para 50% o IM foi igual a 0,58, para 75% o IM teve o valor de 1,25% e para 100% o IM foi igual a 0,81%), sendo que todas as concentrações do extrato de Erva Baleeira utilizadas diferiram do controle negativo (índice mitótico igual a 4,50%) pelo Teste “t” de Student a 5% de probabilidade, diminuindo o índice mitótico, evidenciando possível efeito antimutagênico. Os dois controles positivos, que continha Acido acetilsalicílico (AAS) 100mg (pouco solúvel em água) e no outro havia Diclofenaco sódico 50mg (mais solúvel em água do que o AAS), inibiram o crescimento das raízes de A. cepa, tornando impossível criar uma lâmina para analisar as células e fazer o calculo para o IM. O decréscimo do índice mitótico é uma forma confiável de determinar a presença de substâncias citotóxicas.
CONCLUSÕES:
O extrato aquoso de Cordia verbenacea possui atividade fito e citotóxica, pois observou-se a mudança da coloração e rigidez de raízes, além de inibir divisões celulares em comparação ao controle negativo (água destilada). É importante salientar que o papel histórico das ervas medicinais no tratamento e prevenção de doenças e seu papel como catalizadoras no desenvolvimento de farmacologia não mantém sua segurança para o uso ilimitado pelo público sem informação.
Palavras-chave: Fármacos, Planta Medicinal, Terapia.