65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
DIFICULDADES NA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR DA OBESIDADE: PERFIL DOS PACIENTES DESISTENTES DO CENTRO DE OBESIDADE INFANTIL.
Yohana Brunna Rafael De Morais - UEPB, Departamento de Enfermagem
Priscilla Yevelin Barros De Melo - UEPB, Departamento de Enfermagem
Millena Cavalcanti Ramalho - UEPB, PPGSP
Larrisa Soares Mariz - UEPB, PPGSP
Tatianne Moura Estrela Dantas - UEPB, PPGSP
Carla Campos Muniz Medeiros - .
INTRODUÇÃO:
A obesidade na infância e na adolescência tem se tornado uma preocupação mundial, impondo ao seu portador riscos à saúde e limitações da qualidade de vida. Os programas multidisciplinares de assistência à pacientes obesos tem como objetivo principal a reeducação para a vida, e buscam alcançar a modificação do comportamento da criança e seus familiares, incluindo adaptações na postura da família quanto aos hábitos alimentares, atividade física e correção alimentar de longa duração, prevenindo co-morbidades da obesidade e melhorando a auto-estima, considerando a potencialidade da criança, sua idade, manutenção ou perda de peso, sem alterar o ganho estatural do adolescente, através da atuação conjunta da família e de uma equipe multidisciplinar integrada. Entretanto, o que restringe a perda de peso dos pacientes, provavelmente, é a baixa adesão ao tratamento, que se torna cada vez mais frequente, tanto em relação à desistência durante ao tratamento, quanto aos resultados alcançados.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Descrever a prevalência de descontinuidade do acompanhamento de crianças e adolescentes obesas e com sobrepeso atendidas no Centro de Obesidade Infantil (COI) no período de 1 ano e identificar os fatores associados à desistência do tratamento
MÉTODOS:
Trata-se de uma coorte prospectiva após um ano de seguimento de 208 pacientes (3 a 19 anos) cadastrados no Centro de Obesidade Infantil (COI) de Campina Grande-PB, realizada entre agosto de 2010 e abril de 2011. Dos pacientes cadastrados, 172 foram contactados e 36 considerados como perdas, dos pacientes contactados, 50 compuseram o grupo de desistentes, totalizando a amostra deste estudo. Após aplicação dos critérios de elegibilidade e do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), foi aplicado um questionário estruturado contendo questões objetivas e subjetivas, podendo ser respondido pelos responsáveis e pacientes juntos, referindo-se às informações sobre a frequência de consultas e motivos da não adesão ao tratamento. Os dados foram analisados através do programa estatístico SPSS, versão 17.0, com intervalo de confiança de 95%. Após descrição das características dos indivíduos desistentes, para a análise dos fatores associados à desistência foi realizado o Teste do Qui-quadrado. Durante todos os procedimentos adotados e na condução deste trabalho foram considerados os aspectos éticos básicos para as pesquisas envolvendo seres humanos, conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos pacientes incluídos na pesquisa, 39,4% descontinuaram o acompanhamento por período de tempo maior que seis meses e 24,03% desistiram. Comparando o grupo no momento da captação e da reavaliação com um ano, constatou-se que as crianças, o sexo feminino, a renda familiar de dois a mais de cinco salários mínimos e a maior escolaridade estiveram relacionadas à desistência. Os principais motivos de descontinuidade, desistência ou afastamento do COI por mais de seis meses, foram a falta de tempo, 28% e 36% e desmotivação, 28% e 29,8% respectivamente. Habitualmente, as crianças e adolescentes encontram dificuldades em aderir a mudanças nos hábitos alimentares, e a obesidade na criança e adolescente pode ser ainda mais difícil do que no adulto, uma vez que esta faixa etária depende das escolhas alimentares e disponibilidade de tempo dos pais. O fato de obesos e obesos graves terem índices maiores de desistência nesta pesquisa corrobora com o estudo de Koehnlein (2008), onde aponta que os maiores índices de abandono do tratamento foram observados nos pacientes com maior excesso de peso, possivelmente pela quantidade de peso a ser perdida, e que a falta de aderência está relacionada não somente ao paciente, mas também ao profissional, ao ambiente e ao tratamento.
CONCLUSÕES:
O estilo de vida dos pais das crianças e adolescentes estudados foi inadequado para a continuidade do tratamento, podendo refletir no estado nutricional destes pacientes, o que conduz ao entendimento de que o acompanhamento multiprofissional precisa envolver toda família, a fim de inseri-los no tratamento da criança ou adolescente. Nesse contexto, é importante ressaltar o valor do acompanhamento multiprofissional a crianças e adolescentes com excesso de peso, potencializando a capacidade de atuação da equipe multiprofissional, visto que a orientação isolada não permite o tratamento do indivíduo como um todo nas esferas psicológica, física, endócrina, nutricional, entre outros, e o atendimento interdisciplinar oferecerá uma melhor qualidade de vida às crianças e adolescentes, e sendo contínuo, possivelmente contribuirá para redução do risco de doenças cardiovasculares e outras complicações que possam ser causadas pela obesidade na idade adulta.
Palavras-chave: Obesidade, Crianças, Adolescentes.