65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
EFEITO ANTIOXIDANTE DA Camellia sinensis (CHÁ-VERDE) E DE SUAS CATEQUINAS, EPICATEQUINA E EPIGALOCATEQUINA, EM MODELO EXPERIMENTAL DE DOENÇA DE PARKINSON EM RATOS
Natália Bitu Pinto - Depto. de Fisiologia e Farmacologia - UFC
Raquel Melo Vieira - Departamento de Biofisiologia, FMJ-ESTACIO
Stefany Silva Magalhães - Departamento de Biofisiologia, FMJ-ESTACIO
Bruno da Silva Alexandre - Departamento de Biofisiologia, FMJ-ESTACIO
Luiza Kalyne Moreira Leal - Profa. Dra./Co-orientadora - Depto.de Farmácia - (UFC)
Glauce S. B. Viana - Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Fisiologia e Farmacologia - (UFC)
INTRODUÇÃO:
O chá produzido a partir das folhas da Camellia sinensis (CV) é, depois da água, a bebida não alcoólica mais consumida no mundo. O chá-verde é rico em compostos fenólicos dentre eles, as catequinas, epicatequina e epigalocatequina. A doença de Parkinson é uma enfermidade neurodegenerativa caracterizada pela presença de rigidez, tremor e bradicinesia, sendo um dos distúrbios do movimento mais encontrados na população idosa. Estudos mostraram que o estresse oxidativo, o uso prolongado da droga levodopa no tratamento dessa doença e o aumento da concentração plasmática de homocisteína são agentes que agravam os sintomas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do presente trabalho foi estudar a atividade antioxidante do extrato padronizado da Camellia sinensis (CV) e de suas catequinas, epicatequina e epigalocatequina, no estriado de ratos submetidos á lesão ipsilateral por 6-Hidroxidopamina (6-OHDA).
MÉTODOS:
Ratos Wistar (n=6) foram tratados com o extrato padronizado do CV(com 35% de polifenois.) nas doses de 25 e 50 mg/kg(v.o), L-DOPA 25mg/kg (v.o), epicatequina e epigalocatequina na dose de 25 mg/kg(v.o) e em um grupo foi associado L-DOPA 25mg/kg com CV 25mg/kg (v.o) diariamente durante 14 dias.O tratamento foi iniciado 1h após a cirurgia estereotáxica (lesão unilateral com injeção intraestriatal 6-OHDA (24µg/µL) de acordo com as coordenadas do atlas PAXINOS & WATSON (AP 0,9/1,4; ML 3,8; DV 3,3 à partir do bregma). No 14o. dia de tratamento,os animais foram sacrificados e retirados os corpos estriados para dosagem de Nitrito/Nitrato pelo método de Griess e o grau de lipoperoxidação nas áreas cerebrais foi medido através da determinação dos níveis de substancias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS), conforme o método de DRAPER & HADLEY (1990). Ensaio de TBARS mede malondialdeído (MDA) presente na amostra, sendo um importante biomarcador utilizado na avaliação do estresse oxidativo. Os dados foram analisados por ANOVA e o teste de Student-Newmam-Keuls como post hoc e os resultados considerados significativos com p<0.05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O CV 25 e 50 mg/kg, reduziu entre 24 e 33% (a Concentração de Nitrito/Nitrato(µM) em relação ao grupo controle negativo O CV 25 quando associado com L-DOPA (25 mg/kg) reduziu,significantemente, em 51% a dosagem de nitrito/nitrato no estriado dos ratos,enquanto que a L-DOPA 25mg/kg diminui em apenas 10%. As catequinas, epicatequina e epigalocatequina, diminuíram em 40,6 e 42%, respectivamente,a quantidade de nitrito/nitrato nas amostras analisadas. O CV foi eficaz em reduzir a conc. de nitrito em todas as doses testadas,inclusive, quando este foi associado com L-DOPA.Já um fato interessante é que a L-DOPA reduziu muito pouco a conc. de nitrito demonstrado fraco efeito antioxidante,isto pode estar relacionado ao fato de que o próprio metabolismo da L-DOPA pela MAO(Monoaminoxidase) pode gerar radicais livres. O CV na dose de 25 e 50 mg/kg reduziu os níveis de TBARS nas amostras analisadas em 22 e 18%,respectivamente,já o CV25 quando associado com a L-DOPA foi mais efetivo na redução de radicais livres (medidos pela dosagem de Malondialdeído(MDA)) diminuindo em 49% os níveis de MDA (TBARS),já as epicatequina e epicagalocatequina reduziram em 49 e 48% os níveis de TBARS,enquanto que a L-DOPA reduziu em apenas 29% os níveis de MDA,comprovando seu fraco efeito antioxidante.
CONCLUSÕES:
O extrato padronizado do chá-verde e de suas catequinas principais, epicatequina e epigalocatequina, foram eficazes na redução do nitrito/nitrato e do TBARS, demonstrando assim, um excelente efeito antioxidante, efeito este que pode ser atribuído as catequinas presente no extrato padronizado da Camellia sinensis. Concluímos que possivelmente o chá-verde pode atuar como neuroprotetor, devido seu efeito antioxidante, e dessa forma, pode prevenir o aparecimento doenças neurodegenerativas, ou até mesmo, pode ser associado com a L-DOPA para reduzir a liberação de radicais livres decorrentes do metabolismo da L-DOPA, podendo se tornar uma ferramenta auxiliar no tratamento da doença de Parkinson. No entanto, mais estudos são necessários para comprovar esse efeito antioxidante/neuroprotetor do chá-verde e de seus componentes principais, as catequinas, principalmente, em modelos animais que representem doenças neurodegenerativas.
Palavras-chave: Estresse oxidativo, Neuroproteção, L-DOPA.