65ª Reunião Anual da SBPC

A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais

PRODUTOS APÍCOLAS PRODUZIDOS NO ESTADO DO CEARÁ APONTADOS COMO ALIMENTO FUNCIONAL.

Marina Maciel de Oliveira Silva - Universidade Estadual do Ceará Maria da Conceição Tavares Cavalcanti Liberato - Profa. Dra./Orientadora - Curso de Química - UECE Jane Eire Silva Alencar de Menezes - Profa. Dra - Curso de Química - UECE Suzanne Alves Cordeiro - Universidade Estadual do Ceará

INTRODUÇÃO:

A Apicultura no Brasil tem apresentado grande desenvolvimento. Seus principais produtos são o mel, a própolis e o pólen. A composição do mel é variável dependendo da origem floral, da abelha, condições ambientais, solo, clima e do processamento. Constitui-se de glicose e frutose, proteínas, aminoácidos, enzimas, ácidos orgânicos, substâncias fenólicas, minerais e oligossacarídeos (Codex, 2001). Possui propriedades medicinais comprovadas como antibacteriana, antifúngica, antiviral, antiinflamatória, hepatoprotetora, antioxidante, antitumoral (Gómez-Caravaca et al., 2006). A própolis é constituída por substâncias resinosas e balsâmicas, exsudatos de plantas, cera, pólen e secreções salivares. É usada na construção e proteção da colmeia, pois garante um ambiente asséptico devido às suas propriedades antimicrobianas (Funari e Ferro, 2006). O pólen coletado pelas abelhas, por conter substâncias nutricionais como carboidratos, proteínas, aminoácidos, lipídeos, vitaminas, minerais e traços de micronutrientes, sendo usado como suplemento alimentar. É rico em compostos fenólicos com ação antioxidante. Alimentos funcionais são aqueles que possuem propriedades benéficas à saúde, podendo ser consumidos na alimentação diária, prevenindo doenças ou trazendo bem-estar físico e mental.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Definir e comparar os produtos apícolas como alimentos funcionais, apresentando os principais componentes funcionais e seus benefícios à saúde e mostrar que o mel, a própolis e o pólen de da abelha Apis mellifera do estado do Ceará possuem alta atividade antioxidante e uma possível atuação na inibição da acetilcolinesterase.

MÉTODOS:

Análise de atividades biológicas de méis, própolis e pólen da abelha A. mellifera foram feitas em triplicata.Para a Inibição da Acetilcolinesterase usou-se o método de Rhee (2001).Foram usadas soluções de DTNB e iodeto de acetilcolina.As amostras foram aplicadas na cromatoplaca.Evaporado o solvente, pulverizou-se o substrato e o reagente de Ellman.Borrifou-se a enzima (3U/mL).A placa desenvolveu cor amarela, e halos brancos surgiram em torno das amostras indicando inibição sendo comparados com o padrão Fisostigmina.A Atividade Antioxidante foi obtida pelo método de Brand Williams (1995).Adicionou-se 1,25mL da amostra a 1,5mL da solução de DPPH em metanol.A absorbância foi lida a 517nm contra um branco de metanol. O ácido ascórbico foi o padrão.Para obter o teor de Fenóis usou-se o método de Singleton (1965), 0,5mL de cada amostra foi adicionada a 2,5mL de Folin-Ciocalteau diluído em água e 2mL de carbonato de sódio 4%.Mediu-se a absorbância a 760nm contra um branco após 2h.Ácido gálico foi o padrão. Obteve-se os Flavonoides pelo método de Funari e Ferro (2006).Construiu-se uma curva padrão com quercetina. Transferiu-se de 2 a 6mL de solução etanólica para balões, com 1mL de solução de AlCl3 a 2,5%.Como branco, 1mL da solução de AlCl3. Após 30 min, foi feita a leitura a 425nm.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Alimento funcional é um alimento ou constituinte de alimento que pode fornecer efeitos benéficos à saúde e os fitoquímicos estão entre os mais importantes constituintes.O conteúdo de fenóis das amostras de mel variaram de 56,03±0,16 a 185,17±0,05.Quanto aos flavonoides a variação foi de 5,16±1,4 a 17,55±1,5.O mel da cidade de Guaramiranga apresentou o maior valor seguido pelo de Umirim quanto à atividade antioxidante,os valores variaram de 10,03±0,03 a 68,27±0,05.Quanto às própolis os valores de fenóis totais variaram de 7,260±0,20 a 12,049±0.36 e o de flavonoides de 4,436±0.24 a 5,901±0,17.Quanto à atividade antioxidante, os valores variaram de 4,065±0.34 a 5,055±0,35. Os valores obtidos para análise de pólen variaram de 4,483 a 5,611, quanto à atividade antioxidante.A inibição da enzima acetilcolinesterase foi maior na própolis marrom, 1,0cm de inibição.Embora diferentes plantas apresentem diferentes compostos fenólicos, os produtos apícolas do Ceará analisados são semelhantes a outros encontrados na literatura como os obtidos para os méis de Burkina (32.59 a 114.75 mg de EAG/100 g) por Meda (2005).Quanto aos valores observados para as própolis e os pólens.Quanto à atividade antioxidante os resultados dos méis são semelhantes aos valores encontrados por Liberato (2011).

CONCLUSÕES:

Os produtos apícolas estudados possuem em sua composição compostos fenólicos que apresentam atividade antioxidante. A capacidade antioxidante nas amostras está relacionada com a ação combinada de uma larga faixa de substâncias que incluem compostos fenólicos, ácidos orgânicos, enzimas e possivelmente outros componentes. Foi observado também que as amostras apresentam atividade inibitória da enzima acetilcolinesterase com halo de inibição próximo ao padrão fisostigmina. Essa atuação na inibição da acetilcolinesterase, enzima que está associada à redução das taxas de acetilcolina no processo sináptico, concorre para a elevação no nível da acetilcolina, o que poderia ser um fato útil como coadjuvante no tratamento da Doença de Alzheimer (Nordberg et al., 1992). É grande a procura por produtos naturais que possuam além de importância nutricional, substâncias bioativas, que auxiliem no tratamento de doenças degenerativas, pois a maioria destes alimentos é dotada de uma baixa toxicidade frente a fármacos disponíveis no mercado. Assim, através dos resultados obtidos na pesquisa, é possível considerar-se os produtos apícolas cearenses, pelos seus teores de compostos fenólicos e flavonoides e por sua atividade antioxidante e de inibição da acetilcolinesterase como alimentos funcionais.

Palavras-chave: Alimento funcional, Produtos apícolas, Acetilcolinesterase.