65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
A DIETA DE Hylesia paulex (LEPIDOPTERA: SATURNIIDAE) PODE AFETAR A REPRODUÇÃO DO PARASITÓIDE Trichospilus diatraeae (HYMENOPTERA: EULOPHIDAE)?
Marcus Vinícius Rodrigues de Siqueira - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Thiara Silvestre Nascimento - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Heonard Fernandes Januário Neves - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Alexandre Igor de Azevedo Pereira - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Ana Flávia Freitas Gomes - Depto. Entomologia – UFV
Germano Lopes Vinha - Depto. Entomologia – UFV
INTRODUÇÃO:
Trichospilus diatraeae (Hymenoptera: Eulophidae) foi descrito de indivíduos emergidos de pupas de Diatraea venosata (Lepidoptera: Crambidae) do sul da Índia. Linhagens de T. diatraeae da Índia foram introduzidas em Trinidad e Tobago (Antilhas) em 1963 para testes de laboratório com Diatraea spp. (Lepidoptera: Crambidae). No Brasil, este parasitóide foi registrado em pupas de Arctiidae e de Chlosyne lacinia saundersii (L.) (Lepidoptera: Nymphalidae) em São Paulo (Paron, 1999; Paron & Berti Filho, 2000). Liberações massais de T. diatraeae foram realizadas na América Central e, principalmente, em Barbados para o controle de lepidópteros-praga, o que pode ter facilitado sua imigração para a América do Sul.
O tipo de dieta do hospedeiro pode afetar parasitóides (Allahyari et al. 2004; Gonzáles et al. 2005; Pereira et al. 2008), pois herbívoros generalistas podem adquirir compostos tóxicos de plantas que direta, ou indiretamente, afetam o inimigo natural ou diminuem seu parasitismo em campo (Gentry & Dyer 2002; Mappes et al. 2005). Isto é importante para a escolha da dieta de lagartas de H. paulex sem impacto no desenvolvimento e reprodução de T. diatraeae.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi avaliar a reprodução de T. diatraeae em pupas de H. paulex de lagartas criadas com folhas de goiabeira, aldrago ou a mistura dessas plantas.
MÉTODOS:
Ovos de H. paulex foram retirados da criação massal do laboratório e colocados em gaiolas de madeira (30 x 30 x 30 cm). As lagartas emergidas foram alimentadas com folhas de goiabeira, aldrago ou a mistura dessas folhas (mistura), isoladamente em dias alternados. As folhas murchas foram trocadas por outras frescas três vezes por semana, até a fase de pupa desse inseto, as quais foram retiradas e colocadas em potes plásticos (500 ml) em sala climatizada à 25 ± 3ºC, 70 ± 10% de umidade relativa (UR) e fotofase de 12 horas.
A duração do ciclo de vida de T. diatraeae (ovo-adulto); porcentagem de parasitismo [(descontando-se a mortalidade natural do hospedeiro) Abbott (1925); número de parasitóides emergido por pupa de H. paulex; razão sexual (calculada com a equação RS= número de fêmeas/número de adultos); longevidade e tamanho da cápsula cefálica de machos e fêmeas por tratamento desse parasitóide foram avaliados.
O experimento foi conduzido em DIC com 24 repetições. Cada unidade experimental teve dez fêmeas do parasitóide T. diatraeae e uma pupa de H. paulex por tubo de vidro. Os dados foram submetidos à ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Duncan (P=0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O parasitismo de pupas de H. paulex por T. diatraeae foi de 100% e de 95,80% nos hospedeiros alimentados com aldrago. A emergência de T. diatraeae foi de 100% nas pupas de H. paulex com folhas de goiabeira e de 70,80% com aldrago.
A duração do ciclo de T. diatraeae foi maior no hospedeiro com a dieta de folhas misturadas (23,20 dias) que com folhas de goiabeira e aldrago (19,30 e 20,10 dias, respectivamente).
A progênie do parasitóide T. diatraeae foi maior com pupas de H. paulex de lagartas que se alimentaram com folhas de goiabeira que com as de aldrago ou com a mistura dessas folhas.
A largura da cápsula cefálica de fêmeas de T. diatraeae foi maior nas dietas com folhas misturadas ou de aldrago e menor com folhas de goiabeira, mas a de machos de T. diatraeae foi semelhante entre tratamentos.
A emergência e o tamanho da progênie de T. diatraeae foram maiores em pupas de H. paulex com folhas de goiabeira, o que é importante para a criação massal de parasitóides.
CONCLUSÕES:
A dieta com folhas de goiabeira produz pupas de H. paulex mais adequadas para T. diatraeae por melhorar a reprodução e a progênie desse parasitóide.
Palavras-chave: herbivoria