65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
POPULAÇÃO E MORFOMETRIA DE OPERÁRIAS DE Acromyrmex landolti FOREL,1885 (HYMENOPTERA, FORMICIDAE) EM NINHOS LOCALIZADOS EM PASTAGENS NO SUDOESTE DA BAHIA.
Michele Silva D’Esquivel - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Milton Rodrigues da Silva Júnior - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Maria Aparecida Castellani - Profa. Dra./Orientadora – Depto. De Fitotecnia e Zootecnia – UESB
Luiz Carlos Forti - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Aldenise Alves Moreira - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Sébastien Lacau - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
INTRODUÇÃO:
As formigas (Hymenoptera: Formicidae) são insetos sociais apresentando diversidade de 12.032 espécies (AGOSTI e JOHNSON, 2005). Na região Neotropical, incluindo o México, ocorrem 19 tribos e 55 gêneros, dentre as quais, destaca-se a tribo Attini e o gênero Acromyrmex, pertencente a esta tribo. (GONÇALVES, 1961). No Brasil, estão presentes, atualmente, 21 espécies do gênero Acromyrmex (FOWLER et al., 1986; GONÇALVES, 1961,1967).
Há espécies de Acromyrmex especializadas no corte de plantas monocotiledôneas, como Acromyrmex landolti,/i> Forel, 1885, considerada praga em pastagens da Colômbia, Uruguai e Brasil, ocorrendo em altas densidades de ninho.
Há variação na população das colônias de Acromyrmex, apresentando poucos indivíduos como em A. balzani (GONÇALVES, 1961), com média de 417 operárias (MENDES, 1990), e ninhos com 54.229 a 175.565 indivíduos, como em A. subterraneus subterraneus (PEREIRA-DA-SILVA et al.,1981). Dentre as operárias, ocorre o polimorfismo, com número variável de subcastas físicas e etárias entre as espécies. As maiores operárias geralmente são especializadas na defesa da colônia; operárias médias forrageiam substratos vegetais; e as menores são especialistas nos trabalhos que envolvem o cultivo do fungo (WILSNON, 1980).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve como objetivo estudar a estrutura populacional das colônias e a morfometria das operárias de Acromyrmex landolti em área de pastagem no município de Itapetinga, BA.
MÉTODOS:
O experimento foi conduzido no período de janeiro a maio de 2012, no Município de Itapetinga, Bahia. Selecionou-se 20 ninhos ativos de A. landolti, divididos em quatro grupos com cinco ninhos cada.
Foram abertas trincheiras, a 25 cm do orifício de entrada dos ninhos, utilizando picaretas, escavadores e pás. Nas laterais do orifício de entrada foram escavadas duas valetas, restando apenas um bloco contendo o ninho.
Após a injeção de talco neutro por meio de uma polvilhadeira manual, a escavação passou a ser feita frontalmente de forma gradativa e delicada seguindo o canal de entrada. O material coletado utilizando sugadores (aspirador bucal) e colheres foi imerso em vasilhas plásticas contendo álcool hidratado a 70% e encaminhado ao Laboratório de Biossistemática Animal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, para triagem, montagem e identificação. Esta foi feita utilizando-se a coleção de referência do Laboratório de Mirmecologia da CEPLAC/CEPEC e seguindo a nomenclatura de Bolton (1995). Após a triagem, com uma lupa binocular estereoscópica, os indivíduos foram contabilizados.
Para o estudo da morfometria, 60 operárias de cada ninho foram separadas e montadas para medição da largura da cápsula cefálica e comprimento de Weber (longitudinal do tórax).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A população média de um ninho de A. landolti foi de 936,4±656 indivíduos, com mínimo de 102 e máximo de 2.226. Comparando-se esses dados com populações de A. balzani, dada à proximidade morfológica e etológica das duas espécies (GONÇALVES, 1961), verifica-se que há semelhanças nos tamanhos das colônias das duas espécies, pois Caldato (2010) observou população máxima de A. balzani de 2.873, com média de 1.095,60±1.010,80 indivíduos, ficando os totais muito próximos aos registrados para A. landolti, no presente trabalho.
Dos indivíduos coletados, 12% foram ovos, média 111,5±109,9; 14% larvas, média 133,4±115,2; 12% pupas, média 111,9±102,9; 62% operárias, média 579,6±412,0 nos 20 ninhos escavados. Assim, as operárias compõem a maior parte da população em ninhos de A. landolti; dados semelhantes foram obtidos para as espécies A. subterraneus subterraneus (PEREIRA e DELLA LUCIA, 1998); A. rugosus rugosus (SOARES et al., 2006) e A. landolti (CALDATO, 2010).
Foi constatada a ocorrência de três subcastas de operárias em A. landolti, divididas em pequenas – 51,1% (cápsula cefálica: 0,7 a 1,1mm; tórax: 1,6-2,0mm); médias – 18,4% (cápsula cefálica: 1,2 a 1,7 mm; tórax: 1,6 a 2,0 mm); e grandes – 30,6% (cápsula cefálica: 1,8 a 2,6 mm; tórax: 2,1 a 2,8 mm).
CONCLUSÕES:
As colônias de Acromyrmex landolti são menos populosas em relação às outras espécies do mesmo gênero. As operárias se subdividem em três subcastas, onde as operárias menores constituem a maioria da população de A. landolti. Nos 20 ninhos escavados foram encontradas apenas cinco rainhas, localizadas nas câmaras de fungo, junto à cria, evidenciando a necessidade de futuros estudos que possam explicar tal fato.
Palavras-chave: Formiga-cortadeira, polimorfismo, subcasta.