65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
INVESTIGANDO AS CONCEPÇÕES DE REFLEXÃO E REFRAÇÃO DA LUZ EM SITUAÇÕES DO COTIDIANO
Carla Valéria F.Tavares - Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE/UAEADTec – Polo Carpina
Cleidiane Maria de A. Moura - Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE/UAEADTec – Polo Carpina
Gilmax José de Lima - Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE/UAEADTec – Polo Carpina
Wagner Gomes da Silva - Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE/UAEADTec – Polo Carpina
Ana Paula T. Bruno Silva - Profa.MSc./Orientadora-Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE/UAEADTec
INTRODUÇÃO:
Os conceitos científicos de reflexão e refração da luz muitas vezes aparecem misturados e com o mesmo significado entre os estudantes. Devido a essas dificuldades, abordamos os fenômenos da reflexão e da refração da luz a partir da contextualização desses conteúdos em sala de aula. Nesta pesquisa, utilizamos como referencial teórico a Teoria dos Construtos Pessoais (TCP) de George Kelly, que fornece um referencial para analisar as práticas educacionais. A TCP está estruturada em um Postulado Fundamental e onze Corolários. O Postulado Fundamental afirma que: “os processos de uma pessoa são psicologicamente canalizados pelas formas como ela antecipa eventos” (KELLY, 2003, p. 7, tradução nossa). Isso quer dizer que as pessoas possuem maneiras alternativas de perceber os acontecimentos ao seu redor e de prever eventos futuros. Utilizamos, neste estudo, o Corolário da Fragmentação, que afirma que “uma pessoa pode sucessivamente empregar uma variedade de subsistemas de construção que são inferencialmente incompatíveis entre si” (KELLY, 2003, p. 13, tradução nossa) para compreender a origem das inconsistências conceituais apresentadas pelos estudantes, quando se deparam com situações diferentes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar e comparar as concepções de estudantes do ensino médio sobre os conceitos de reflexão e refração da luz em situações vivenciadas no cotidiano.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada com dez estudantes do ensino médio de uma escola da rede estadual, localizada na cidade de Carpina–PE. Para análise, foram considerados apenas seis estudantes que participaram de 100% das atividades desenvolvidas. As atividades ocorreram em duas etapas. A primeira com aplicação de um questionário, apresentando duas questões abertas, envolvendo situações do cotidiano: Uma piscina vista de fora parece mais rasa do que é. Como você explica esse fenômeno? Qual o fenômeno físico que pode explicar fenômenos como a formação do arco-íris e as miragens? A segunda foi dedicada à realização de experimentos relacionados aos fenômenos da reflexão e da refração da luz e, análises e discussões desses conceitos em situações do dia a dia. A terceira foi aplicação do mesmo questionário da primeira etapa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Analisando as respostas apresentadas pelos estudantes nas duas questões, percebemos concepções alternativas do senso comum, na primeira etapa, permanecendo em alguns, essas mesmas concepções na terceira etapa. Na primeira questão, verificamos que 50% dos estudantes, responderam que o fenômeno ocorria devido ao volume de água encontrado dentro da piscina. Após as atividades realizadas, 70% fez referência ao fenômeno da refração da luz, que ocorre quando a luz passa de um meio homogêneo e transparente para outro meio. Os 30% restantes ressaltaram que era devido ao volume de água na piscina, apresentando as mesmas concepções da primeira etapa. Na segunda questão, 30% relacionaram a um fenômeno óptico, não o especificando. Outros 30% informaram que era devido à temperatura e, 40% a reflexão dos raios solares e ao índice de refração. É interessante notar que todos esses conceitos estão relacionados, apesar de não apresentarem a explicação científica das situações. Na terceira fase, observamos que 83% dos estudantes relacionaram os fenômenos da reflexão e da refração da luz, apresentando as justificativas. Verificamos que 17% não identificaram o fenômeno à situação analisada.
CONCLUSÕES:
Os resultados desta pesquisa mostraram que os estudantes, na primeira etapa, possuíam concepções do senso comum. Percebemos que alguns estudantes tiveram dificuldades de associar o mesmo conceito científico às situações analisadas, confirmando o Corolário da Fragmentação, proposto por George Kelly. As atividades experimentais desenvolvidas e as análises das situações vivenciadas despertaram a atenção dos estudantes, impulsionando-os a levantarem hipóteses e refletirem sobre o tema em estudo. Assim, ao planejarem suas sequências didáticas, os professores devem procurar explorar diversos contextos vivenciados pelos estudantes, como forma de ter acesso às suas concepções prévias e possibilitar que os mesmos se engajem num processo de revisão dessas concepções com intuito de superar a fragmentação.
Palavras-chave: Estudantes, Concepções, Reflexão e Refração da Luz.