65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira
RECONFIGURAÇÕES UTÓPICAS EM O FEITIÇO DA ILHA DO PAVÃO, DE JOÃO UBALDO RIBEIRO, E VIDAS SECAS, DE GRACILIANO RAMOS
Arenato da Silva Santos - Bolsista do Programa de Iniciação Científica - Faculdade de Letras - Fale/UFAL
Ildney de Fátima Souza Cavalcanti - Profa. Dra./Orientadora - Faculdade de Letras - Fale/UFAL
INTRODUÇÃO:
Vinculado ao diretório de pesquisa Literatura e Utopia (UFAL), coordenado pela Profa. Dra. Ildney Cavalcanti e desenvolvido no âmbito do projeto Utopismos Brasileiros: um inventário cultural, este trabalho busca analisar as manifestações utópicas em O feitiço da ilha do Pavão (1997), de João Ubaldo Ribeiro, e Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos, a partir das observações de eixos temáticos e formais do gênero do utopismo literário. O interesse por estudar comparativamente as duas narrativas se deu a partir das atividades de iniciação científica (PIBIC/2011-2012), desenvolvidas pelo bolsista, com o subprojeto intitulado Reconfigurações utópicas em O feitiço da ilha do Pavão, de João Ubaldo Ribeiro, e Vidas secas, de Graciliano Ramos. Em vista disso, este estudo busca enfatizar, nas referidas obras, o diálogo entre literatura e utopia, com base num “princípio esperança” que, atrelado aos “sonhos diurnos” (BLOCH, 2000), revela que o ser humano não pode perder a sua capacidade de sonhar, com vistas à realização dos seus sonhos, à concretização de seus desejos utópicos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar as manifestações utópicas em O feitiço da ilha do Pavão (1997), de João Ubaldo Ribeiro, e Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos, a partir das observações de eixos temáticos e formais do gênero do utopismo literário.
MÉTODOS:
A abordagem metodológica na qual se fundamenta esta pesquisa está centrada nos estudos sobre a utopia, baseando-se na leitura e análise das manifestações utópicas em O feitiço da ilha do Pavão, de João Ubaldo Ribeiro, e Vidas secas, de Graciliano Ramos. Para o desenvolvimento do trabalho, fundamentamos a pesquisa em leituras de textos teóricos (COELHO, 1980) acerca do conceito de utopia. Em seguida, e à luz da literatura comparada (PERRONE-MOISÉS, 1990), embasamos o diálogo entre O feitiço da ilha do Pavão e Vidas secas, tendo como fio condutor da nossa proposta de análise comparativa as manifestações utópicas presentes nas duas obras. Na análise dos dados, os diálogos entre a tradição do utopismo literário e as narrativas de Ramos e Ubaldo Ribeiro foram observados a partir das reconfigurações das espacialidades e das esperanças e desejos ("sonhos diurnos") expressos pelas personagens.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
De acordo com os resultados obtidos, pudemos traçar alguns pontos comuns entre as narrativas analisadas. Em nossas discussões, a utopia perpassa as duas obras constituindo-se como elemento catalizador nas narrativas em foco. Em Vidas secas é o sertão que, marcado pela falta, vai servir de palco para a construção dos desejos utópicos dos retirantes, ficcionalmente representados pela família de sinha Vitória e Fabiano, em seu périplo por um lugar melhor, ao passo que em O feitiço da ilha do Pavão, temos a ilha, perdida em algum lugar, como a configuração de um espaço ideal para o desencadeamento das manifestações utópicas das personagens que constituem a narrativa ubaldiana.
CONCLUSÕES:
Com a leitura e análise das obras, percebemos a incessante busca que conduz as personagens no desejo de realização de suas utopias desde as mais individuais – como o desejo de sinha Vitória de possuir uma cama de couro – até as mais coletivas – como os desejos utópicos das personagens que compõem a narrativa ubaldiana de manter a ilha livre das injustiças. Assim, são várias as manifestações da utopia presentes nas referidas obras: elas vão desde as configurações dos espaços utópicos em si (“a ilha” como representação de um bom lugar) e distópicos (“o sertão” nordestino caracterizado como distopia), até as manifestações utópicas reveladas pelos desejos expressos pelas personagens: as utopias dos sujeitos nordestinos, em Ramos, e a configuração do povo brasileiro uno em sua diversidade étnica e cultural, em Ubaldo Ribeiro.
Palavras-chave: Literatura Brasileira, Literatura Comparada, Utopia.