65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
Beleza negra: formação e construção da identidade étnica na primeira infância
Irineia Freitas dos Santos - Centro Municipal Educação Infantil Nosso senhor Jesus do Bonfim - P. do Recife
Thaís Soares da Silva - Centro Municipal Educação Infantil Nosso senhor Jesus do Bonfim - P. do Recife
Alanacir Josefa Martins - Centro Municipal Educação Infantil Nosso senhor Jesus do Bonfim - P. do Recife
Alberto Luiz Joaquim da Silva Júnior - Centro Municipal Educação Infantil Nosso senhor Jesus do Bonfim - P. do Recife
Edna Andrade da Fonseca - Centro Municipal Educação Infantil Nosso senhor Jesus do Bonfim - P. do Recife
Suzany Kelle Vieira de Medeiros - Centro Municipal Educação Infantil Nosso senhor Jesus do Bonfim - P. do Recife
INTRODUÇÃO:
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil 2010:
“As propostas pedagógicas das instituições de educação infantil deverão prover condições para o trabalho coletivo e para organização de materiais, espaços e tempos que assegurem: o reconhecimento, a valorização, o respeito e a interação das crianças com as histórias e as culturas africana, afro brasileira, bem como o combate ao racismo e a discriminação”.
Nestas bases o projeto foi construído, com o intuito de proporcionar uma educação inclusiva onde não só reconhece as diferenças, mas as integra como parte de um currículo holístico. Garantindo experiências que promovam o conhecimento de si e do mundo onde as interações e as brincadeiras, favoreçam o conhecimento de diversas linguagens e expressões que:
“possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidade no diálogo e conhecimento da diversidade”. (DCNEI - 2010).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem por objetivo apresentar o relato de uma experiência educativa, baseada em um projeto de construção da identidade étnico racial (afro descendente) nas crianças de seis meses a quatro anos, alunos do CMEI Nosso Senhor Jesus do Bonfim; com a finalidade de despertar o sentimento de aceitação e valorização desta cultura.
MÉTODOS:
Desenvolvemos o projeto através da contação de histórias nos grupos de faixa etária de seis meses a dois anos, trabalhamos leituras de imagens relacionadas à cultura africana, e livros tais como: “Tanto, tanto, tanto” de Trish Coske e Helen Oxenbury, que relata a história de uma família negra.
Na faixa etária de dois a quatro anos trabalhamos os livros “ Menina bonita do laço de fita” (Ana Maria Machado), “ O cabelo de lelê” (Valéria Belém), “Berimbau encantado” (Elita Ferreira). Através da leitura destes livros promoveu-se a valorização da beleza negra, resultando na identificação com os personagens das histórias. A cultura foi trabalhada através da musicalização utilizando-se de diversos gêneros musicais como: maracatu, musica baiana, entre outros; que tragam em sua mensagem o negro valorizado. As músicas utilizadas foram “Mama África”, “Respeitem meus cabelos brancos” (Chico César), “África” (Palavra Cantada) e rodas de capoeira.
Na estética foi realizado um desfile de figurinos e penteados afro, onde as próprias crianças atuaram como modelos, culminando com a coroação de todas as crianças negras. Este evento contou com a participação da comunidade, e a visita do líder do movimento negro local compartilhando a memória de seus antepassados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No transcorrer das atividades, observou-se que muitas crianças apresentaram grande interesse à temática, porém algumas não apresentaram sentimento de aceitação e pertencimento, inclusive não admitindo em hipótese alguma ser comparados com personagens negros e mostrados como pessoa negra. Esse comportamento pode ocorrer devido a forma como são educados, pois, geralmente as famílias dessas crianças não estão inseridas no contexto da cultura afro, mesmo sendo descendentes de povos africanos.
Nos impressionou perceber que as crianças de seis meses a dois anos participaram ativamente de todas as ações propostas pelo projeto. Inclusive com as danças e nas rodas de capoeira.
O resultado dos penteados afro, proporcionou alegria, satisfação e orgulho das crianças ao verem-se belas, e suas características sendo valorizadas. No fechamento do projeto realizamos um desfile protagonizado pelas crianças celebrando a estética afro-descendente construção de sua identidade.
CONCLUSÕES:
Portanto através desta experiência, houveram várias manifestações esboçadas pelas crianças durante toda execução do projeto, pode ser mostrada a importância do respeito às diferenças étnicas, a auto aceitação e a valorização da cultura negra.
Concluímos também através da observação que essa vivência oportunizou ao grupo de crianças e adultos expressarem sentimento de aceitação e pertencimento, haja vista que alguns se reconheceram negros através de personagens das histórias contadas e músicas trabalhadas. Os adultos mostraram-se satisfeitos e valorizados com a proposta do projeto, de despertar nas crianças e em si mesmo, esse sentimento e estendê-lo à comunidade.
A culminância do projeto proporcionou a valorização, apreciação e interação entre a comunidade e o CMEI.
Palavras-chave: valorização, pertencimento, afro-descendente.