65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
Esse lago está para peixe ?
Natália de Abreu Dominguez Mercadante - Bolsista - Museu da Vida /FIOCRUZ
Nathália Rodrigues Corrêa da Silva - Bolsista - Museu da Vida /FIOCRUZ
Bianca Santos Silva Reis - Mestre em Educação/Orientadora - Museu da Vida /FIOCRUZ
INTRODUÇÃO:
O Museu da Vida (MV) é um departamento da Casa de Oswaldo Cruz que integra a Fundação Oswaldo Cruz – instituição vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil. Seus temas centrais são: a vida enquanto objeto do conhecimento, saúde como qualidade de vida e a intervenção do homem sobre a vida. O Circuito de Visitação do Museu da Vida é constituído por um Centro de Recepção - destinado a informar e orientar o visitante e quatro áreas temáticas que buscam a integração de diferentes campos do conhecimento: a Biodescoberta que aborda o conhecimento científico a respeito da vida e da biodiversidade; o Parque da Ciência que discute a energia, comunicação e a organização da vida; o Ciência em Cena, dedicado à articulação entre os campos da arte e ciência; e o Passado e Presente, voltado para a história institucional, temática da história da saúde, bem como para a arquitetura do castelo mourisco – parte do conjunto arquitetônico histórico da FIOCRUZ. Neste artigo, apresentaremos alguns aspectos relacionados ao público infantil nos museus, em específico, no Museu da Vida. Consiste no desenvolvimento de atividades para crianças de 05 a 08 anos que tratam de temas como: qualidade de vida e ambiente e saúde. Entretanto, a atividade selecionada, “Esse lago está para peixe?", é uma proposta lúdica e interativa na qual as crianças se divertem pescando em um lago poluído (simulação). Logo em seguida, elas conversam sobre as possíveis modificações físicas nesses animais e no próprio homem.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Despertar o interesse sobre a preservação, sustentabilidade e a limpeza de lagos, rios e mares, assim como o impacto da poluição na vida dos homens e dos animais aquáticos.
MÉTODOS:
É desenvolvida em três momentos interligados. No primeiro, a criança é solicitada a pescar com pequenas varas de bambu e algumas figuras de peixes de lago. Estes contêm no verso informações sobre a poluição no ambiente aquático e ficam em um tanque cheio de água que tingimos para dar aparência de poluído com algumas latas de refrigerante, garrafas pet, pneus e sacos plásticos. Ainda nesse momento, a criança é solicitada a observar o aspecto da água e depois é indagada sobre o motivo da sua aparência. Já no segundo momento, enquanto estão pescando, dialoga-se sobre o que está escrito no verso da figura e algumas ações que podem ser realizadas pelas crianças em suas casas, com os pais, na escola. No terceiro momento, entregamos ao grupo materiais como tintas guache de diferentes cores, pincéis e folha tamanho A3 para que expressem desenhando o que seria um lago limpo, um ambiente saudável para seres humanos e animais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Utilizamos como material de avaliação os desenhos realizados pelas crianças pois são fontes de informação e revelam o que elas pensam. Identificamos nos 100 desenhos analisados muita semelhança entre eles e alguns detalhes referentes a outros animais fora do lago por exemplo: borboletas, patinhos, abelha etc. Tendo em vista que as crianças podiam escolher se queriam ou não desenhar e algumas optaram por não desenhar (n igual a 10). Dividindo os 100 desenhos em dois grupos por faixas etárias, a de 05 a 06 anos teve 65 desenhos e a de 07 a 08 anos teve 25 desenhos. As categorias foram elaboradas a partir dos elementos encontrados nos desenhos e não preliminarmente impostas pelo pesquisador. Essas categorias englobam as seguintes perspectivas: a interação das crianças com os aparatos interativos; a representação de elementos manipulativos desses aparatos; o uso realístico das cores; o uso da linguagem escrita no desenho para esclarecer ou reforçar ideias; a representação de sentimentos e interações sociais. Um único desenho pode estar contido em outras categorias simultaneamente dependendo das características que apresente. A descrição das categorias segue abaixo.
Uso realístico das cores (aparece em 80% dos desenhos)
Auto-representação no desenho (aparece em 35% dos desenhos)
Uso de legenda nos desenhos (aparece em 10% dos desenhos)
Representação da experiência prazerosa (aparece em 97% dos desenhos).
CONCLUSÕES:
Procurou-se, no decorrer dessa atividade junto ao público infantil apresentar os problemas socioambientais por meio do alerta sobre os potenciais danos causados ao ambiente e o homem como parte deste. Historicamente, a preocupação com o meio ambiente foi bastante estudada e difundida mundialmente. Embora, estatisticamente, a mudança de comportamento das civilizações perante o tema não foi, suficientemente, representativa. O que nos leva a entender que o problema, na maioria das vezes, está além de ser somente ambiental, sendo um problema enraizado na deficiente educação e construção de valores, o que é percebido no Brasil, em países em desenvolvimento e países desenvolvidos. A educação ambiental, a saúde e a qualidade de vida são temas abordados na realização dessa atividade. Este instrumento de informação e divulgação em ciências possibilita o despertar de uma consciência crítica relativa aos problemas sociais, locais e globais, o que define o surgimento de valores em um indivíduo. E neste sentido, o Museu da Vida sendo um espaço de educação não formal possibilita essa interlocução e a troca de experiências.
Palavras-chave: sustentabilidade da água, público infantil, educação não formal.