65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 2. Oceanografia Física
Mapeamento da cobertura vegetal e uso do solo na Península da Ponta da Areia na cidade de São Luís Maranhão - Estudo preliminar
Hudson Barbosa Ferreira - Instituto Alberto Luís Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia - UFRJ
José Uilian da Silva - Departamento de Biologia – UFMA
Brenda Hellen Izídio de Paiva - Departamento de Biologia – UFMA
Vanessa Gomes da Silva - Instituto Alberto Luís Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia – UFRJ
Ricardo Luvizotto Santos - Prof. Dr./Orientador - Departamento de Oceanografia e Limnologia – UFMA
INTRODUÇÃO:
Com 7.367 km de extensão, a zona costeira brasileira abrange 512 municípios, onde se concentram perto de 47 milhões de habitantes, com uma densidade demográfica de 87 hab./km², índice cinco vezes maior que a densidade demográfica nacional. Tais concentrações desenvolvem várias atividades que destroem coberturas vegetais litorâneas e geram diversos tipos de resíduos, provocando a perda de biodiversidade e riscos à saúde humana (TOMMASI, 2008).
No Nordeste do país, os locais onde ocorrem maior ocupação urbana (residências, calçadões, casas de veraneio, quiosques e outras edificações), são aqueles em que existe uma maior especulação econômica por diversos fatores naturais e sociais (ARAÚJO et.al, 2007).
No município de São Luís, capital do Maranhão, mais precisamente na área da Ponta D’Areia, a ocupação vem ocorrendo em virtude do crescimento populacional da cidade e da especulação imobiliária, devido sua localização junto às praias e o alto padrão social do local, sendo um dos metros quadrados mais caros da região. No local são encontrados vários canais de afluentes residenciais e comerciais, o que influencia diretamente na manutenção das condições adequadas de saneamento (CORREA 2006).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar espacialmente o uso atual do solo na Ponta da Areia quanto à distribuição da vegetação, solo exposto e área ocupada; mapear as possíveis áreas a serem tomadas, contribuindo assim para a tomada de decisões do poder público quanto à preservação do meio ambiente, a utilização do solo e a expansão urbana.
MÉTODOS:
A Península da Ponta d’Areia localiza-se na baía de São Marcos, na parte oeste da Ilha do Maranhão. Sua orla compreende 2,5 km de extensão, indo do Pontal da Ponta d’Areia (2º 29’17” latitude S e 44º 09’19”Longitude W) até o farol de São Marcos (2º 29’ 04” Latitude S e 44º 08’ 22” Longitude W). Sua costa classificada como arenosa, mesmo apresentando alguns afloramentos rochosos que, na verdade, são superfícies basais (Formação Itapecuru) expostas pela ação das ondas e marés no processo de retificação da linha de costa, formando superfícies de abrasão (CORREA, 2006).
Para a realização deste trabalho foram estipuladas as seguintes etapas: obtenção de material cartográfico, georreferenciamento da imagem; caracterização do uso e ocupação do solo, ano de 1999 e 2011. A base cartográfica do local estudado foi feita através do software AUTOCAD MAP, com base nas imagens dos anos de 1999 e 2011. Foram elaborados os mosaicos das cenas que cobrem a zona da Ponta d’ Areia na cidade de São Luis - MA, que correspondem a esses respectivos anos. Posteriormente, procedeu-se a classificação dos mosaicos através do AUTOCAD - MAP, sendo estes identificados como: a) Área Construída; b) Vegetação Herbácea; c) Solo Exposto e d) Vegetação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As classes identificadas para a área sofreram vários tipos de alterações, entre os anos de 1999 e 2011, como o aumento de solo exposto e área construída, afetando as zonas de vegetação arbórea e herbácea. Observou-se uma grande ocupação das zonas de dunas e restingas no período investigado, sugerindo um estudo mais detalhado de toda zona litorânea do município, além de uma efetiva preservação das áreas de vegetação restantes, já que estas desempenham um importante papel na manutenção da zona costeira.
A ocupação irregular encontrada na área de estudo é idêntica ao que ocorre em outras praias no mundo e no Brasil. Segundo MARRONI E ASMUS (2005), este fato pode ser considerado reflexo do modelo centralizado, imposto pelo governo para o desenvolvimento de determinadas regiões, o que fez surgir um crescimento populacional desordenado, principalmente nas regiões costeiras.
De acordo com ARAÚJO (2007), seria importante a definição de critérios que fixassem limites para conter a construção irregular de edificações na linha de costa. SOUZA (2004), afirma que esses limitem devem estar de acordo com a legislação vigente, delimitando medidas que controlem e restrinjam atividades que possam provocar alterações negativas às características ambientais, estéticas e de acesso à orla
CONCLUSÕES:
O processo de ocupação urbana da Região da Ponta d’ Areia promoveu diversas modificações quanto ao uso e a ocupação do solo, visando a preservação vegetal e das zonas de dunas do local. É imprescindível que se discorra medidas conjuntas e agregadas que viabilizem a manutenção desses ecossistemas.
Para tanto, a utilização de técnicas de processamento digital de imagem é uma importante ferramenta para a gestão ambiental e o gerenciamento costeiro nacional, pois possibilita a detecção e a quantificação da ocupação urbana, o uso e a cobertura do solo nessas zonas, o mapeamento do índice de sensibilidade da zona costeira a diversos impactos ambientais, etc.
Esta pesquisa mostrou-se uma importante introdução da utilização do geoprocessamento aplicado às questões costeiras do litoral de São Luis, demonstrando ser uma ferramenta extremamente eficiente para subsidiar medidas mitigatórias, no intuito da preservação de áreas costeiras que estão sofrendo com o processo acelerado de degradação pelo uso intensivo e indiscriminado do solo.
Palavras-chave: Zona costeira, Urbanização, Geoprocessamento.