65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica
INFLUÊNCIA DE ARGILOMINERAIS NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE ÓLEO USADO EM FRITURAS
Lucas Fernando Silva Santos - Técnico em Biocombustíveis, IFMA - Campus Zé Doca
Marcos Antônio de Sousa Silva - Técnico em Biocombustíveis, IFMA - Campus Zé Doca
Aziel Garcia de Araújo - Técnico em Biocombustíveis, IFMA - Campus Zé Doca
Efraim Costa Pereira - Tecnólogo em Alimentos do IFMA - Campus Zé Doca
Davina Camelo Chaves - Profa. DSc. Em Fitoquímica do IFMA - Campus Zé Doca
José Sebastião Cidreira Vieira - Prof. MSc. em Engenharia de Materiais do IFMA - Campus Zé Doca
INTRODUÇÃO:
No processo de decocção de certos alimentos se utilizam óleo comestível. Este quando submetido a aquecimentos superiores a 200ºC perde seu valor nutricional. Os efeitos fisiológicos deste insumo no ser humano são marcantes. Quando saturado e obsoleto age como um poluente do meio ambiente.
O óleo oriundo do processo de fritura é uma fonte de riquezas e não deveria ser visto como lixo. Uma maneira de reciclá-lo é através da clarificação com argilominerais ativados ou in natura resultando um produto límpido capaz minimizar a geração de resíduos que necessitam de tratamento antes de serem lançados ao meio ambiente e ainda utilizá-lo no processamento de sabões e biocombustíveis.
Os adsorventes constituintes dos argilominerais removem os compostos de enxofre, sabões residuais, metais e produtos de sua degradação. Os peróxidos e os fosfatídeos são decompostos e as terras adsorvem aldeídos e cetonas resultantes da sua decomposição. As substâncias adsorventes são silicatos hidratados de alumínio, silicatos de magnésio , terras diatomáceas, argilas in natura ou tratadas com ácido e carvão ativado.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve por objetivo investigar a influência de argilominerais na clarificação de óleos residuais de frituras e possíveis alterações em suas propriedades físico-químicas.
MÉTODOS:
O óleo saturado resultante do processo de fritura utilizado neste trabalho foi coletado num estabelecimento comercial do município de Araguanã - MA. As amostras foram transportadas para o Laboratório de Biocombustíveis do IFMA - Campus Zé Doca e tratadas adequadamente.
Inicialmente as amostras foram aquecidas a 40 ± 5 ºC durante cinco minutos e filtradas num funil analítico. Posteriormente caracterizou-se físico-quimicamente o óleo bruto em termos de teor de umidade, índice de acidez, ácidos graxos livres, densidade e índice de saponificação.
As amostras foram tratadas com uma terra clarificante in natura. O zeólito foi submetido à secagem em estufa por 2 horas a 110 ± 5 ºC e posteriormente triturado e peneirada a baixo de 0,15mm.
A terra clarificante foi adicionada numa coluna de filtragem à temperatura ambiente. O óleo saturado foi então, filtrado e disponibilizado para análises físico-químicas analogamente ao óleo saturado bruto.
O índice de acidez do óleo clarificado foi determinado pelo método titulométrico e o teor de ácidos graxos livres conforme recomenda.
O índice de saponificação foi determinado pelo método de Koesttstafer e a densidade foi determinada com auxílio de um picnômetro de capacidade volumétrica de 25 mL.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados obtidos com o processo de clarificação do óleo investigado revelaram aspecto visual límpido e isento de impurezas, odor praticamente nulo e despigmentação significativa.
A caracterização físico-química para o óleo residual saturado relevou os seguintes resultados: índice de acidez, 1,88mg KOH/g (±0,05); ácidos graxos livres, 0,92% (±0,02) ; densidade, 0,911 g/mL (±0,0); lipídios, 98,31% (±0,5) e índice de saponificação, na faixa de 304-306g/kg (±1,41). Por outro lado, o óleo tratado com terra clarificante apresentou índice de acidez, 1,33mg KOH/g (±0,02); ácidos graxos livres, 0,67% (±0,01) ; densidade, 0,911 g/mL (±0,0); lipídios, 98,31% (±0,4) e índice de saponificação, na faixa de 304-306g/kg (±1,41).
Comparando-se os resultados supracitados observa-se que o tratamento com a terra clarificante foi eficaz reduzindo o índice de acidez e o teor de ácidos graxos livres. A reutilização do óleo tratado não é recomendado para o processamento de biodiesel e nem para o consumo humano devido ao elevado índice de acidez podendo facilitar a proliferação de micro organismo patogênicos e dificultar o processo de transesterificação. Para a fabricação de sabão torna-se mais viável em face de reduzir a quantidade de lixívia alcalina na reação de saponificação.
CONCLUSÕES:
O tratamento dispensado ao óleo saturado através da terra clarificante mostrou-se bastante eficaz. O produto final apresentou-se límpido e isento de impurezas.
A reutilização do óleo tratado não é recomendado para o setor alimentício em face do seu elevado índice de acidez . Entretanto pode ser aplicado no processamento de produtos de limpeza e biocombustíveis contribuindo para um desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: Óleo, Fritura, Impurezas.