65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 6. Morfologia
IDENTIFICAÇÃO DE MICROESTRUTURAS DOS PELOS DAS ESPÉCIES: Hydrochaeris hydrochaeris (Linnaeus, 1766), Sylvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758) e Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798) PERTENCENTES À COLEÇÃO CIENTÍFICA DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – SANTA CATARINA.
Caroline Linzmeyer - Discente Ciências Biológicas. Integrante do Programa de Educação Tutorial FURB
Michele Francine Muniz Andrade - Discente Ciências Biológicas. Integrante do Programa de Educação Tutorial FURB
Stella Bruna de Oliveira Guerra - Discente Ciências Biológicas. Integrante do Programa de Educação Tutorial FURB
Zelinda Maria Braga Hirano - Profa. Dra./Orientadora – Departamento de Ciências Naturais - FURB
INTRODUÇÃO:
Os pelos são anexos epidérmicos exclusivos dos mamíferos e apresentam as funções de termorregulação, dissimulação no ambiente e proteção mecânica. São formados por três camadas concêntricas de células queratinizadas, sendo a cutícula, a mais externa; o córtex, a intermediária; e a medula, a mais interna. A queratina presente na composição dos pelos lhes confere grande resistência frente às intempéries do meio ambiente, possibilitando a comparação de suas estruturas microscópicas com amostras de pelos advindas de diversas origens, como espécimes taxidermizados, amostras fecais, conteúdos gastrintestinais, entre outros; independentemente dos processos químicos e mecânicos aos quais tenham sido submetidos. Por este motivo, o Programa de Educação Tutorial de Biologia da Fundação Universidade Regional de Blumenau promoveu um estudo de identificação da microestrutura dos pelos da Capivara, do Mão-pelada e do Coelho-tapiti, uma vez que estes animais são facilmente encontrados na região do Vale do Itajaí e participam da cadeia alimentar de outros animais; bem como, este método de coleta é caracterizado como não invasivo, eficiente e complementar nos estudos relacionados a esta área de pesquisa e na identificação de diversas espécies de mamíferos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi identificar as microestruturas da pelagem das espécies Hydrochaeris hydrochaeris (Capivara), Procyon cancrivorus (Mão-pelada) e Sylvilagus brasiliensis (Coelho-tapiti), com a finalidade de confeccionar – posteriormente – um manual de identificação de pelos que auxilie e favoreça estudos de pesquisadores inseridos nesta área de pesquisa.
MÉTODOS:
Obteve-se o material da coleção de animais do Laboratório de Taxidermia da FURB, o qual foi coletado de quatro regiões anatômicas dos animais: membros anteriores, posteriores, cabeça e coccígea. Analisaram-se vinte amostras de pelos de H. hydrochaeris, S. brasiliensis e P. cancrivorus, separando-os de acordo com a cor, tamanho e forma, tipos específicos de cada região e obtendo a média de comprimento. Inicialmente, uma amostra de pelos foi lavada em álcool etílico 70% para confecção de lâminas temporárias; e outra amostra foi primeiramente descolorida em solução de peróxido de hidrogênio para confecção de lâminas permanentes, e posteriormente lavada em álcool etílico 70%. Para a confecção das lâminas em laboratório utilizaram-se duas técnicas: fixação do pelo em Entellan® para observação de cutícula , caracterizando lâminas temporárias; e fixação em Entellan® com lamínula prensada na lâmina para observação de medula, caracterizando lâminas permanentes. Nas lâminas temporárias, os pelos foram removidos com o auxílio de pinça para observar a impressão deixada pelos mesmos. As lâminas foram analisadas em microscópio óptico, com aumento de 400x e classificadas segundo Brunner & Coman (1974) e Perrin & Campell (1980), para escamas cuticulares e Brunner & Coman (1974) para as de medula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os três animais apresentaram três tipos de pelos na maioria das regiões. A cutícula de H. hydrochaeris caracterizou-se como ondeada transversal com borda de escamas ornamentada, próxima e ondulada. A medula apresentou as classificações trabecular, contínua, descontínua, fragmentada, poligonal, treliça estreita, treliça larga e ondeada transversal com a borda das escamas ornamentada, próxima e ondulada. Observaram-se três tipos de pelos, que variaram entre 0,4 e 4,7cm. O P. cancrivorus apresentou padrão cutícula ondulada, próxima, distante, ondeada irregular e ondeada regular. Na medula, ocorreram diferentes padrões de acordo com a região e tipo: contínua, treliça estreita/amorfa, unisseriada escalariforme; contínua simples, descontínua fragmentada/ausente; contínua simples, seriada unisseriada; e somente contínua simples. Encontraram-se dois tipos de pelos, que variaram de 0,10 a 0,57cm. A cutícula de S. brasiliensis apresentou o contorno das bordas estreito, liso, próximo, distante, conoidal, ondeada transversal, folidácea e folidácea estreita. A medula apresentou padrões multiserriada e unisseriada escalariforme. O comprimento dos pelos variou entre 0,7 e 4,5cm. Os três animais apresentaram ápice filiforme, porém, o coelho apresentou ápice filiforme e acicular.
CONCLUSÕES:
Os animais H. hydrochaeris, S. brasiliensis e P. cancrivorus apresentaram diferentes variações nos tipos de pelos tais como tamanho e coloração; cutícula, medula e ápice, analisadas a olho nu e microscopicamente, de forma respectiva. Dessa forma, cada animal possui sua determinada morfologia de pelo, apresentando características específicas de sua espécie, o que possibilita uma identificação eficiente do animal. E a elaboração de um banco de pelos facilitaria a análise do conteúdo estomacal de animais carnívoros, bem como identificaria o hábito e/ou presença de espécies encontradas em determinadas regiões, a partir da comparação destes com pelos catalogados no banco pertencente à Universidade. Portanto, esta pesquisa teve como intuito incrementar o acervo prático científico do Laboratório de Biologia Animal.
Palavras-chave: Análise, Pelagem, Mamíferos.