65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
Alternativas de transposição de conteúdos em Educação Ambiental: Jardim Sensorial
Raquel da Silva Paes - Instituto Federal Fluminense
Fernando Marcos Carvalho da Silva - Instituto Federal Fluminense
Diego de Oliveira Miro - Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE
Leidiana Alonso Alves - Instituto Federal Fluminense
Flávia Alves - Instituto Federal Fluminense
José Maria Ribeiro Miro - Instituto Federal Fluminense
INTRODUÇÃO:
O Trabalho de campo é um importante instrumento de ensino em várias as áreas do conhecimento, que sempre esteve presente nas investigações científicas e didáticas. Na transposição de conteúdos para alunos especiais, essa ferramenta toma novos caminhos. A relação do ser humano com o ambiente é proporcionada de alguma forma pelas percepções, sejam estas desenvolvidas pelos sentidos do ser humano, por suas vivências baseadas na cultura, apreendidas através das análises de paisagens de formas diversificadas. O que o autor Yu Fu Tuan discute detalhadamente em sua obra intitulada “Topofilia”. Segundo o mesmo é necessário um entendimento do ser humano para começar a se analisar as relações deste com o ambiente, pois a Percepção se define como uma atividade, um entendimento do ser no mundo. Sendo assim é necessário que os órgãos dos sentidos sejam ativamente usados fazendo com que além de ter olhos seja possível ver e ter ouvidos e ouvir, proporcionados pela orientação dada aos órgãos sensoriais. Desta maneira, um trabalho de campo num jardim sensorial passa a ter uma perspectiva integradora inventariando as percepções dos alunos quanto aos elementos ambientais baseados em sua cultura e sentidos, se tornando uma ferramenta muito valiosa no processo de ensino aprendizagem.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Demonstrar que aulas do Projeto “Jardim Sensorial do IFF” em Campos dos Goytacazes/RJ cumpre o papel de transposição de conteúdos, desenvolvendo atividades interdisciplinares inclusivas para alunos do ensino fundamental II, enriquecendo as aulas em espaços não formais de ensino e medir o quanto essa prática é significativa na educação.
MÉTODOS:
Partiu-se da Percepção Ambiental como método de análise das aulas, desenvolvidas segundo a linha teórica da Geografia Cultural. Procedimentos foram tomados para a transposição didática no jardim: Pré-campo – o grupo do projeto visitou as escolas para fazer levantamento do conteúdo programado do bimestre, ocorrendo neste momento um relato das percepções dos alunos através de desenhos; Campo – no desenvolvimento de aulas foram realizadas dinâmicas que estimularam os conhecimentos prévios dos alunos sobre conteúdos das disciplinas curriculares e saberes de educação sensorial regional no jardim, de forma a despertar sua curiosidade; Pós-campo – os estudantes participaram de uma culminância onde demonstraram através de desenhos suas novas percepções sobre jardins. Nesta etapa, o projeto está ocorrendo no Centro de Educação Ambiental, fruto de parceria estabelecida entre o IFF e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Para investigar o efeito da atividade na percepção das crianças foi aplicado o teste não-paramétrico de McNemar, usando-se a hipótese nula de que não há diferenças significativas entre o pré e o pós atividade. Foi utilizado o software estatístico R versão 2.15.1, tendo em vista que já existe uma função interna que retorna o valor p do teste escolhido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir da análise dos desenhos que os alunos realizaram antes das aulas, eles demonstraram confusão entre e os conceitos de jardim e de natureza, quando especificaram seus elementos naturais de forma ampla. Posteriormente as dinâmicas desenvolvidas, houve uma aproximação do conceito de jardim em seus detalhes, permanecendo com referências aos seus elementos naturais além de inserir os elementos artificiais presentes naquele espaço como os vasos feitos com pneus de carros, mesas, bancos etc. A partir dos dados coletados foram obtidos os seguintes resultados para escala e tipo de objeto, respectivamente, p1=0,0008561 e p2=0,008829, rejeitando-se a hipótese nula nos dois casos. Dessa forma, há evidências estatísticas de que a percepção ambiental das crianças que participaram das atividades mudou em relação à escala e ao tipo de objeto desenhado.
CONCLUSÕES:
Nas experiências já executadas pelo projeto Jardim Sensorial crianças foram estimuladas às discussões de conteúdos das disciplinas da grade do ensino fundamental II, onde se concluiu que essa ferramenta interdisciplinar, executada num espaço não formal de ensino, é uma importante alternativa didática para a transposição de conteúdos e para as discussões de práticas tradicionais de educação sensorial. Considerando que o ser humano tem em sua natureza a curiosidade de conhecer além do que seus olhos podem ver e a partir das análises dos desenhos pode-se afirmar que os alunos demonstraram percepções diferentes sobre o conceito de jardins antes e depois das aulas. Além disso, as experiências relatadas aqui, contribuem para um projeto maior intitulado “Jardim Sensorial como instrumento de Educação Ambiental para licenciandos e alunos especiais” e vinculado ao Programa de Acessibilidade do Instituto Federal Fluminense, ratificando a relação estreita entre o Ensino, Pesquisa e Extensão na Universidade.
Palavras-chave: Percepção Ambiental, Interdisciplinaridade, Trabalho de Campo.