65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 11. Documentação e Informação Científica - 1. Documentação e Informação Científica
SIM, NÓS TEMOS CIENTISTAS! UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS NA SALA DE AULA
Daniele Botaro - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ
Lucia de La Rocque - Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ
Olaf Malm - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ
Valéria Freitas de Magalhães - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ
INTRODUÇÃO:
Uma pesquisa realizada pelo Observatório Ibero-Americano de Ciência, Tecnologia e Sociedade indicou que apenas 2,7% dos estudantes entre 15 a 19 anos da América Latina e Espanha pensam em seguir uma carreira na área científica (Polino, 2011). Outra pesquisa, feita pelo MCTI em parceria com o Museu da Vida da Fiocruz (2010), mostrou a falta de conhecimento pelos brasileiros sobre a história da ciência no Brasil. 87,6% dos 2016 entrevistados entre 16 e 55 anos responderam que não conhecem um cientista brasileiro e dos que disseram conhecer, somente 12,2% citaram um nome. Por outro lado, a pesquisa mostrou que os brasileiros se interessam pelo assunto, principalmente na área de tecnologia e saúde (65%). A dificuldade apontada pelos entrevistados é o pouco acesso aos centros de ciência e a dificuldade da linguagem abordada nos materiais de informação científica. Atualmente, muitos canais estão sendo usados para comunicar ciência. Estes vão desde os mais usuais como revistas, jornais, rádio e televisão, aos mais incomuns como peças de teatro, novelas, revistas de história em quadrinhos, poesia, jogos, e até desfiles de escola de samba (Massarani, 2004). Nesse contexto, as histórias em quadrinhos tem se apresentado como uma importante ferramenta didática e lúdica.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do presente projeto foi o de criar uma história em quadrinhos que abordasse biografias de alguns dos grandes nomes da ciência no Brasil e usá-la como material didático e como instrumento de divulgação científica
MÉTODOS:
O enredo da revista conta a visita de três alunos, dois meninos e uma menina ao Espaço Memorial Carlos Chagas Filho, onde são recebidos pelo personagem Chaguinhas que começa a contar a eles a história e algumas realizações de alguns cientistas brasileiros. Ao final da história, o Chaguinhas propõe que eles organizem uma atividade de divulgação científica. Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre cada um dos cientistas, baseado em uma lista criada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Sobre a linguagem e composição das falas, optou-se por definir um público-alvo de 8 a 16 anos, direcionando os diálogos e as expressões para esse público. Dois questionários foram aplicados à 66 alunos de duas turmas avaliadas, por suas respectivas professoras de biologia, uma de 7o ano do ensino fundamental e outra do 1o ano do Ensino Médio. O primeiro questionário trata-se de uma entrevista estruturada com 5 perguntas abertas, aplicada aos alunos antes da leitura da revista SNTC! e o outro após a leitura, com perguntas abertas e fechadas. Os questionários pretendiam levantar informações sobre o perfil dos alunos, seus hábitos de lazer e leitura, seus conhecimentos sobre a história da ciência no Brasil e sobre a revista Sim, Nós temos cientistas!
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Um total de 66 alunos de dois colégios responderam ao questionário, com médias de idade de 13 anos no Colégio A e 16 anos no Colégio B. Observou-se que em sua maioria, os alunos responderam que um cientista faz pesquisa e experiências e busca a cura de doenças e que não conhecem cientistas brasileiros. Quando perguntados sobre os tipos de ciência que eles conhecem pudemos observar que a grande maioria dos alunos do ensino médio confundem a disciplina de ciências e a ciência em si. Como não recebem instrução científica em sua grade curricular, muitos não despertam para o fato de que existe ciência ou pesquisa científica em seu dia a dia, só conseguem definir ciência como aquela matéria da escola. Mas a maior diferença de respostas entre os colégios, foi observada sobre a carreira científica. Enquanto mais de 50% dos alunos do Colégio A afirmaram querer ser cientista, apenas 18 % dos alunos do Colégio B, fizeram a mesma afirmação. Do total, 88% dos respondentes disseram ser possível aprender algum conteúdo escolar através de história em quadrinhos e isso não diferiu de um colégio para outro. 92% dos alunos afirmaram gostar da revista Sim, Nós temos cientistas! e também disseram que é possível correlacionar o que aprendem na escola com o conteúdo da mesma.
CONCLUSÕES:
O processo criativo de uma ferramenta de divulgação científica deve levar em consideração diversos fatores, como sua linguagem e seu público alvo. Uma história em quadrinhos apresenta grande potencial como instrumento de divulgação científica. Diante dos resultados mostrados no estudo de caso, podemos dizer que para esses alunos a revista SNTC! teve uma boa aceitação e de acordo com os próprios alunos, a mesma pode ser usada como material didático e de apoio ao ensino de ciências e a divulgação científica em sala de aula. Estratégias de divulgação de materiais que falam de ciências, devem levar em conta a sua ampla distribuição com o objetivo de propagar o conteúdo abordado. Novas estratégias abordando o conteúdo da revista devem ser pensadas, como jogos, folders, e materiais audiovisuais, visto a boa recepção do assunto pelo público que teve acesso à publicação. Outra medida seria a impressão de mais exemplares, para distribuição em todo território nacional, além da tradução para outros idiomas como inglês e espanhol, afim de levar o nome de cientistas brasileiros para outros públicos.
Palavras-chave: divulgação científica, popularização da ciência, história da ciência.