65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
COMPORTAMENTO DAS FRAÇÕES DE SÓLIDOS EM ESGOTOS SÉPTICOS
Marise Daniele Maciel Lima - Curso técnico de Eletrotécnica/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Bruno e Silva Ursulino - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Priscilla Barbosa de Araújo Silva - Curso técnico de Eletrotécnica/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Maria Jaiane Germano Pinheiro - Curso técnico de Eletrotécnica/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Ana Paula Bueno Zuza - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Yannice Tatiane da Costa Santos - Prof. Msc./Orientadora - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juaz
INTRODUÇÃO:
O teor de matéria sólida pode ser considerado o de maior importância dentre as características físicas, para o dimensionamento e controle das unidades de tratamento de esgoto. A remoção desse material é fonte de uma série de operações unitárias que envolvem principalmente o mecanismo de sedimentação. O esgoto tipicamente doméstico é composto por 0,08% de matéria sólida e 99,92% água, sendo o teor de sólidos totais definido como a matéria que permanece como resíduo após a evaporação a 103°C. Se este resíduo é submetido à uma temperatura de 550°C as substâncias orgânicas (sólidos totais voláteis - STV) volatilizam e as minerais (sólidos totais fixos -STF) permanecem em forma de cinza. A matéria sólida total é composta por 30% de STV e 70% STF. A concentração de Sólidos Sedimentáveis (SSed) é a parcela que se sedimenta por ação gravitacional. A fração de Sólidos Suspensos refere-se a todo material particulado com diâmetros iguais ou menores que 0,45μm, o podendo representar a presença de microrganismos oferecendo condições de turbidez da amostra, potencial de sólidos sedimentáveis e estimativa da matéria orgânica. Os Sólidos Dissolvidos (SDT) estão presentes em solução ou sob a forma coloidal e é a fração que passa pela membrana durante a filtração.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o comportamento das concentrações de Sólidos Totais, Voláteis, Fixos, Sedimentáveis, Suspensos e Dissolvidos em esgotos oriundos de fossas, tipicamente residenciais.
MÉTODOS:
Foram coletados cinco baldes de 8L cada, durante toda a descarga do caminhão limpa-fossa na ETE Malvas – Juazeiro do Norte, desses cinco baldes, foram retirados 1L de amostra cada, e homogeneizado em outro recipiente de 10L, formando assim 5L amostra total (composta). Dessa amostra composta foram retiradas as devidas alíquotas para cada variável que exige um processo de coleta específico, (Ratis 2009). No total foram analisadas 13 amostras de carros limpa-fossa, que haviam esgotado resíduos sépticos tipicamente de origem doméstica. As análises de Sólidos Totais, Fixos e Voláteis seguiram as metodologias propostas por APHA, et al. (2005), baseadas na gravimetria e secagem do material. Para a determinação de sólidos Sedimentáveis, utilizou-se a visualização da sedimentação de 1L de amostra em Cone de Imhoff por uma hora. No tocante aos Sólidos Suspensos o processo de filtração com membrana de 0,45μm de poro foi aplicado, e pela operação de subtração da concentração dos sólidos totais, estima-se o teor da parcela dissolvida.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A concentração de Sólidos Totais teve uma média de 13.305mg/L com uma máxima de 23.452mg/L e uma mínima de 3.534mg/L. A média e a mediana da fração volátil para os sólidos totais (STV – 9.920 e 11.334mg/L) se mostraram superior em relação a fração fixa (STF – 3.385 e 3.267mg/L). Os Sólidos Sedimentáveis apresentaram o menor desvio padrão e coeficiente de variação quando comparado as outras variáveis (226 e 55%), com o máximo e mínimo de 70 e 770mL/L e mediana de 395mL/L. A parcela de Sólidos Suspensos apresentou máximo e mínimo de 13.579 e 2.722mg/L e média distante da mediana 6.463mg/L e 3.804mg/L. Quando comparados com o estudo similar realizado por Ratis (2009) na cidade de Natal, os resultados de sólidos totais encontram-se entre as faixas obtidas pela pesquisadora (43.563 e 399mg/L). Verifica-se que este resíduo não pode ser tratado como um esgoto tipicamente doméstico, visto que o teor de sólidos é muito superior ao encontrado em esgotos brutos. Mesmo o resíduo sendo acumulado por anos em fossas, a parte volátil ainda se destaca pela alimentação continua por despejos orgânicos, superando a digestão anaeróbia no lodo da fossa, no processo de mineralização da matéria orgânica.
CONCLUSÕES:
Verificou-se que os resíduos sépticos de caminhões limpa-fossa apresentaram elevadas concentrações de sólidos quando comparados com esgotos domésticos. A alta variabilidade dos valores de sólidos pode ser destacada devido seu tempo de armazenamento na fossa, costumes da família, tipo de efluente (sanitários ou cinzas) dentre outros aspectos construtivos. Esse resíduo tem, obrigatoriamente, que sofrer um tratamento especial para que possa ser descartado no meio ambiente. Caso contrário, a disposição, na forma bruta, desse resíduo em corpos d’água trazem consequências prejudiciais como, assoreamento de rios, turbidez do corpo hídrico prejudicando a fotossíntese e trazendo uma queda dos níveis de oxigênio dissolvido, caminhando para o desequilíbrio ambiental.
Palavras-chave: Frações de Sólidos, Resíduos Sépticos, Sólidos Suspensos.