65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica
EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE AMIDO DE INHAME
Rayanne Leite Dantas - Química Industrial, UEPB.
Gislaine Bezerra de Carvalho - Química Industrial, UEPB.
Rossemberg Cardoso Barbosa - Depto. de Engenharia de Materiais - UFCG
Maria Roberta de Oliveira Pinto - Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Química - UEPB
Marcus Vinicius Lia Fook - Prof. Dr. – Departamento de Engenharia de Materiais - UFCG
INTRODUÇÃO:
O amido é um polímero semicristalino armazenado em várias partes das plantas (grãos de cereais, raízes, túberos, sementes, fruta e pólen) constituindo, juntamente com a celulose, uma das mais abundantes fontes de carboidratos. É um polissacarídeo de fundamental importância na indústria alimentícia e como constituinte em vários produtos não alimentícios. O amido apresenta-se na forma de grânulos e as variações de tamanho, forma, associações e composição (glicosídeos, umidade, lipídeos, proteínas e minerais) são dependentes de sua origem botânica.
Países tropicais, como o Brasil, apresentam grande variedade de culturas amiláceas. As fontes comerciais de amido mais importantes são os cereais que apresentam de 40 a 90% (p/p) de amido, as leguminosas, com 30 a 70% e as tuberosas, contendo de 65 a 85%. Dentre as amiláceas tropicais merecem destaque raízes como a mandioca, a araruta, a mandioquinha, salsa, a batata-doce e o inhame.
O inhame (Dioscorea sp.) é um tubérculo bastante cultivado para o consumo direto, sendo produzido a mais de 2000 anos em regiões de clima tropical e subtropical e conhecido por seu alto teor de carboidrato e valor medicinal.
As diferentes espécies de amido de inhame apresentam tamanhos de grânulos entre 1 e 100 µm e teor de amilose entre 10 e 36%.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi extrair e caracterizar o amido do inhame (Dioscorea sp.).
MÉTODOS:
O experimento foi conduzido no laboratório de avaliação e desenvolvimento de biomateriais, Campina Grande- PB, Brasil.
As raízes de inhame (Dioscorea sp.) foram obtidas na feira da prata em Campina Grande – PB.
A extração do amido de inhame foi realizada de acordo com a metodologia a seguir. As raízes de inhame foram lavadas, descascadas e trituradas em um liquidificador até a obtenção de uma massa densa e uniforme, acrescentando-se água destilada na proporção de 4:1. A massa obtida foi filtrada em sacos confeccionados com organza (abertura da malha próxima a 100 mesh). A suspensão de amido filtrada foi decantada, em ambiente refrigerado a 5 °C por 24 horas. O sobrenadante foi descartado e o amido foi suspenso com água destilada e decantado novamente. Este procedimento de suspensão e decantação foi efetuado até que, praticamente, toda a mucilagem presente na suspensão foi eliminada e o produto apresentou cor e textura características de amido. Após esta etapa o amido foi liofilizado por 48 horas e passado em peneira 200 mesh.
Foram determinados os teores de umidade e de cinzas; Espectroscopia na Região de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Espectroscopia por Energia Dispersiva de raios X (EDX).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O teor de umidade encontrado no amido de inhame foi de 8,36%, inferior aos 15% estabelecido pela legislação em vigor (Brasil, 1978) para farinhas vegetais. Para as cinzas, o amido apresentou um teor de 0,125%, bem abaixo do teor máximo de 4% permitido para a farinha de vegetais pela legislação brasileira.
O espectro de FTIR representa um comportamento típico do amido, descrito na literatura. A banda larga na região de 3400-3000 observada a 3377 cm-1 corresponde à absorção dos grupos hidroxilas do amido. Bandas de absorção a aproximadamente 2926 cm-1 e 2897 cm-1 indicam estiramento
C-H. As Bandas de absorção em 1648 cm-1 e 1400-1460 cm-1 correspondem a água ligada e C-C e C-O-H, respectivamente. A posição da banda relativa à água residual é dependente da cristalinidade do polissacarídeo. Bandas localizadas a aproximadamente 1458 cm-1, 1242 cm-1 e 860 cm-1 são designadas como vibrações associadas com grupos CH2. As absorções em 1340 cm-1 e 1024 cm-1 tem sido relacionadas a deformações de grupos
C-OH.
A microscopia eletrônica de varredura (MEV) permitiu analisar a morfologia dos grânulos de amido de inhame. A micrografia mostrou grânulos intactos, com forma ovalada sem a presença de fissuras e aglomerados. O EDX apresentou carbono e hidrogênio como o esperado.
CONCLUSÕES:
A extração do amido foi realizada de forma prática. O amido extraído apresentou baixa porcentagem de interferentes, mostrando-se limpo e concentrado, o que é desejável nas indústrias.
O estudo da obtenção de amido a partir do inhame permitiu considerar que essa nova fonte pode apresentar propriedades semelhantes no que diz respeito ao amido de milho, comumente utilizado. Expondo uma alternativa de renovação de baixo custo.
O amido apresenta características favoráveis para o seu uso na indústria alimentícia. Entretanto, sugere-se que mais estudos sejam realizados, principalmente com outras variedades.
Palavras-chave: Grânulos, Raízes, Amiláceas.