65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
Presença da Escherichia Coli em corpo receptor (Serra Talhara)
Ingrid Hayumi Pereira de Lima Hamura - Ciências Biológicas, UFRPE/UAST
Rossanna Barbosa Pragana - Profa. Dra./Orientadora - Ciências Biológicas – UFRPE/UAST
INTRODUÇÃO:
O matadouro público de Serra Talhada – PE gera grandes quantidades de efluentes contendo alto teor de carga orgânica, organismos patógenos que normalmente ocorrem no intestino de animais ruminantes e homeotérmicos, os quais são lançados no corpo receptor, de forma que ao entrarem em contato com a água além de alterarem as suas características físicas e químicas atuam alterando a qualidade microbiológica.
A carga orgânica gerada por matadouros possuem altas taxas de DBO5 (Demanda bioquímica de oxigênio) e DQO (Demanda química de oxigênio), o sangue é considerado o que tem os mais altos níveis de DQO de todos os efluentes líquidos gerados por matadouro. É inaceitável que nos dias de hoje e com as tecnologias que vem trazendo inovações e condições para que as empresas sejam sustentáveis ambientalmente, que um empreendimento público, que tem dever para com a sociedade, como o matadouro de Serra Talhada, continue degradando um rio que é de inesgotável importância social e ambiental para a região.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar a presença da bactéria Escherichia coli, que é utilizada como indicativo de qualidade de água, no rio Pajeú, próximo ao matadouro municipal de Serra Talhada.
MÉTODOS:
Para as análises microbiologias da água coletada no dia 29/01/2013, seguiu-se a metodologia da técnica de tubos múltiplos (Brasil, 2006), Seguindo os seguintes procedimentos. Teste presuntivo: Tomou-se uma bateria contendo 20 tubos de ensaio distribuídos de 5 em 5. Nos primeiros 5 tubos, inoculou-se com pipeta esterilizada, 10 mL da amostra de água do rio Pajeú (Diluição 1:10). Nos 15 tubos restantes, inoculou-se nos 5 primeiros 0,1 mL da amostra (Diluição 1:100), em outros 5 tubos inoculou-se 0,01 mL da amostra (Diluição1:1000) e nos 5 últimos tubos inoculou-se 0,001 mL da amostra (Diluição1:10000). A inoculação ocorreu a 35 ± 0,5º C, durante 48 horas. Teste confirmativo: Utilizou-se o mesmo número de tubos do Teste Presuntivo nas 4 diluições (1:10; 1:100, 1:1000 e 1:10000), contendo o meio de cultura Verde Brilhante Bile a 2%. Com a alça de platina, previamente flambada e fria, retirou-se de cada tubo positivo uma porção de amostra e inoculou-se no tubo correspondente contendo o meio Verde Brilhante (repicagem). Os tubos foram incubados durante 48 horas, a 35 ± 0,5ºC. Para determinação da Colimetria fecal e Escherichia coli (EC): Repicou-se cada tubo positivo do Teste confirmativo em tubos com meio de cultura Colitag. Incubou-se a 35,0 0,5º C durante 48 horas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A análise da amostra de água coletada no rio Pajeú na área de influencia dos contaminantes do matadouro apresentou resultado positivo no Teste Presuntivo com o lactosado e no Teste Confirmativo com Verde Brilhante Bile a 2%, com a formação de gás dentro de todos os tubos de Durhan após 48 de incubação. Para evidenciar a presença de coliformes fecais foi utilizado o Teste EC Colitag, onde houve formação da cor amarela em todos os tubos de Durhan, após decorridos 48 horas de incubação, indicando a presença de coliformes fecais na amostra. Utilizando uma lâmpada ultravioleta 365nm foi observada a existência de fluorescência azul no tubo, o que indica a presença a Escherichia coli.
Essa bactéria faz parte do grupo de coliformes que habita o intestino humano e de animais homeotérmicos. A E. coli quando restrita ao intestino é inofensiva, o problema é quando ela atinge outros órgãos, podendo vir a causar doenças por diferentes mecanismos, por isso a presença dela no ponto de coleta no rio Pajeú é um indicativo de contaminação fecal, indicando um ambiente que está sendo contaminado constantemente, já que o seu ciclo vida é bastante curto. De acordo com Brasil (2006) quando os resultados tem combinação, para última diluição, de positivos 5-5-5 o NMP/ 100 mL é superior a 1600.
CONCLUSÕES:
Segundo a resolução CONAMA Nº 357 (2005) que dispõe sobre a classificação de corpos de água, que diz que a E. coli pode ser utilizada para substituir os coliformes termotolerantes, não devendo ser excedido o limite de 1000 organismos por 100 mL. É preocupante a situação atual, devido ao importante papel sócio ambiental que o rio desempenha. Por isso é importante suspender o despejo dos efluentes do matadouro no rio e a retirada desses resíduos a fim de tentar restabelecer um equilíbrio biológico diminuindo a incidência da E. Coli que são provenientes do efluente, melhorando a qualidade microbiológica da água. A situação se agrava mais devido ao rio Pajeú esta localizado em uma região de clima semi-árido passando por longo períodos sem chuva e por se tratar de rio intermitente, sendo assim ele não é capaz de carrear essa carga orgânica diluindo-a em seu percurso, de forma que que não possui capacidade de autodepuração. Torna-se uma questão de saúde pública uma vez que envolve uma condição de perigo a saúde dos moradores do entorno, que não podem entrar em contato com a água do rio contaminada sem se expor a presença de organismos patógenos como a E. coli, que perdem ao ficarem impossibilitados de usufruírem de um recurso natural por falhas de fiscalização dos órgãos competentes.
Palavras-chave: Contaminação orgânica, Patógenos, Corpo receptor.