65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
AVALIAÇÃO DO HÁBITO ALIMENTAR DE UNIVERSITÁRIOS DO INTERIOR DO NORDESTE
Cristiane Jordânia Pinto - Graduanda em Nutrição da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-UFRN
Luana Riris Maciel de Lima - Graduanda em Nutrição da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-UFRN
Layla Rafaela Dantas Silva - Graduanda em Nutrição da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-UFRN
Mayana Laysla Costa Araújo - Graduanda em Nutrição da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-UFRN
Rodrigo Pegado de Abreu Freitas - Prof. Ms.-Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí - UFRN
Anna Cecília Queiroz de Medeiros - Profa. Ms./ Orientadora-Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí - UFRN
INTRODUÇÃO:
O perfil alimentar da população está fortemente associado a aspectos culturais, socioeconômicos e demográficos que, em conjunto, atuam determinando o tipo de padrão dietético que será estabelecido, principalmente entre adultos jovens (NEUTZLING, 2007). Este hábito alimentar do início da vida adulta acaba por exercer forte influência sobre o estado de saúde geral dos indivíduos e no perfil de morbidade desta população. No Brasil e no mundo vêm aumentado a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, assim como de sobrepeso e obesidade, em decorrência da adoção dietas ricas em gorduras, açúcares e pobres em vegetais. Nesse sentido, inúmeros esforços vêm ocorrendo no sentido de definir estratégias para promoção da alimentação saudável e para um adequado acompanhamento nutricional da população (VINHOLES, 2009). Sendo assim, é de grande importância conhecer as dietas e padrões alimentares, bem como o seu impacto em doenças crônicas não transmissíveis como melhoria do estado de saúde populacional.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o hábito alimentar de universitários, de um campus no interior do nordeste, acordo com os marcadores do SISVAN.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado com 102 estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, da cidade de Currais Novos, que aceitaram participar da pesquisa. Como critérios de inclusão foram adotados: ter idade igual ou superior que 18 anos e estar regularmente matriculado no referido campus. Para avaliação do hábito alimentar foi aplicado o instrumento Marcadores do Consumo Alimentar (para indivíduos com 5 anos de idade ou mais), do Ministério da Saúde (2008). O formulário registra com que frequência o indivíduo consumiu alguns alimentos ou bebidas, marcadores do hábito alimentar, nos últimos 7 dias. Como marcadores de hábito alimentar adequado é avaliado o consumo de: salada crua, legumes e verduras cozidos (excluídos batata e mandioca), frutas frescas ou salada de frutas, feijão, leite ou iogurte. Como marcadores de hábitos alimentares inadequados foram escolhidos: batata frita, batata de pacote e salgados fritos (tipo pastel), hambúrguer e embutidos, bolachas/biscoitos doces ou recheados, doces, balas e chocolates, refrigerante (excluídos os diet ou light). A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o programa SPSS 17.0, sendo feita a estatística descritiva ea análise de correlação de Spearman's rho, adotando-se nível de significância de p<0,01.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Do total de estudantes avaliados, 14,71%, 44,12% e 15,69% relataram não ter consumido, respectivamente, frutas, legumes e verduras em nenhum dos últimos 7 dias. Tal informação é preocupante, pela importância destes alimentos enquanto fornecedores de micronutrientes e fibras, e superior a dados de outros estudos nacionais com este público, com resultados entre 6,5% de estudantes que não consomem vegetais (Carvalho et al.,2007) até 24,9% (Marcondelli et al.,2008) que relatam consumo inadequado. Outrossim, foi encontrada correlação positiva entre o consumo de salada crua, frutas (p=0,000), e legumes (p=0,000). Já o consumo de refrigerantes esteve correlacionado negativamente com o de salada crua (p=0,001) e legumes (p=0,011); e positivamente com o de batatas fritas(p=0,000), embutidos (p=0,005) e biscoitos doces (p=0,003). Outra preocupação quanto ao consumo de feijão, ingerido conforme recomendação do Ministério da Saúde (pelo menos 4 dias da semana), por apenas 14,71% dos universitários, e apenas 1 dia da por 82,4% destes. Este resultado vai ao encontro de outros trabalhos com universitários que encontraram 58,7% de inadequação no consumo de leguminosas (SILVA, 2012) e confirma uma tendência na redução no consumo de leguminosas no padrão alimentar brasileiro (BRASIL, 2006).
CONCLUSÕES:
Ao investigar os hábitos alimentarem de estudantes universitários, foi observado que o consumo de alimentos não saudáveis (como refrigerantes e embutidos) esteve relacionado à diminuição no consumo de alimentos saudáveis (como saladas, frutas e legumes). Além disto, foi visto que o consumo de marcadores positivos, como frutas, está relacionado ao aumento da ingestão outros marcadores positivos, como legumes e saladas, sendo que relações similares foram encontradas entre marcadores de hábitos alimentares inadequados. Ademais, foi também encontrada uma grande inadequação no consumo de feijão deste público. Sugere-se maior ênfase na promoção de práticas alimentares saudáveis dirigidas a este público, contextualizadas para sua realidade, dadas as implicações que este tipo de alimentação em relação ao risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Nesse sentido, também sugere-se a realização de outros estudos sobre os determinantes deste padrão dietético, de modo a subsidiar e aumentar a efetividade de atividades educativas direcionadas para este público.
Palavras-chave: padrão dietético, universitários, consumo alimentar.