65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
EFEITOS DA EXPANSÃO DO CULTIVO DE SOJA NA DINÂMICA DE NITROGÊNIO NA REGIÃO AMAZÔNICA, ASSOCIADA À PRODUTIVIDADE E VIABILIDADE DESTES CULTIVOS NA REGIÃO.
Miyuki Mitsuya - Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Amazônia - UFOPA
José Mauro Sousa de Moura - Prof. Dr. - Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA
Adelaine Michela e Silva Figueira - Prof. Doutoranda/Orientadora - CENA/USP
INTRODUÇÃO:
Alguns fatores podem comprometer a sustentabilidade dos sistemas agrícolas, como por exemplo, o uso intensivo do solo, que, entre outras consequências, pode trazer riscos para o ambiente natural (SANTOS & CARNEIRO, 2010). Os solos amazônicos são considerados pobres em nutrientes e uma das alternativas para a manutenção da fertilidade nestes solos é a vegetação espontânea, como a capoeira, sendo depositada através do manejo adequado pode ser benéfica na recuperação dos atributos do solo sob uso agrícola (MENEZES et. al, 2008). Este processo, no entanto, não ocorre na agricultura em larga escala. A substituição da vegetação nativa por cultivos agrícolas de um modo geral causa modificações expressivas nos ciclos de nutrientes. Por ser um processo recente, as consequências ambientais da expansão dos cultivos de soja na região Amazônica foram ainda pouco investigadas. Neste contexto insere-se a necessidade de estudos em áreas que priorizam as práticas conservacionistas, como Sistema Plantio Direto, que apresenta princípios básicos de mínimo revolvimento do solo, manutenção da área agrícola com resíduos vegetais tendo cobertura permanente e rotação de culturas (FRANCHINI et al., 2009).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho visa entender a dinâmica de nitrogênio (N) no solo, através da determinação das concentrações de amônio e nitrato e taxas de mineralização e nitrificação em cultivos de soja sob plantio convencional (PC) e plantio direto (PD), manejos utilizados em um campo agrícola na cidade de Santarém-PA.
MÉTODOS:
O experimento foi conduzido em Abril/2011 foram realizadas duas campanhas, sendo uma em área agrícola manejada com Plantio Convencional (PC) e outra com sistema Plantio Direto (PD). Em cada área escolheu-se um transecto de 300m dividido em três pontos (0m, 150m e 300m) onde foram colhidas 12 amostras de solo na profundidade de 0-10cm. Ambas as áreas fazem parte de um campo de soja localizado na comunidade Boa Esperança, Km 43/PA-370. Em laboratório, pesou-se 15g de solo úmido para calcular a umidade após 24h em estufa à 105°C. Para determinar a concentração de N-mineral, pesou-se 10g de solo úmido em potes com tampa, adicionando 50ml de solução KCl 2M para extração, agitando os potes no decorrer de 24h e finalizando com filtragem da amostra. Esta etapa foi repetida após 7 dias, para assim obter a taxa de mineralização e nitrificação do solo. Utilizou-se o espectrofotômetro HANNA 83200 para leituras de concentração.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O sistema PC apresentou concentrações mais elevadas de nitrato (0,82 ± 0,13 mg.kg-1) e amônio (8,15 ± 0,54 mg.kg-1) em comparação aos resultados encontrados no sistema PD de 0,59 ± 0,09 mg.kg-1 e 5,25 ± 0,28 mg.kg-1 para nitrato e amônio, respectivamente. As baixas concentrações de nitrato podem estar relacionadas ao período chuvoso no qual foram realizadas as coletas, com possível lixiviação do nitrato no solo. Em ambos os tratamentos, a concentração de amônio foi superior aos teores de nitrato, representando cerca de 90% no sistema plantio direto e 91% no manejo convencional. Foram encontradas taxas de mineralização negativas no plantio convencional (-8,15 ± 0,51 mg.kg-1), os resultados indicaram provável imobilização do N, no período estudado. Em contrapartida, no sistema plantio direto observou-se taxas mais elevadas de mineralização, com teores médios de 0,15 ± 0,36 mg.kg-1. Em termos diários, a taxa de mineralização no sistema Plantio Direto e Plantio Convencional foram de 0,02 ± 0,05 mg.kg-1dia-1 e -1,16 ± 0,07 mg.kg-1 dia-1, respectivamente. A transformação do N amoniacal para nitrato foi mais eficiente no sistema PD, com taxas diárias de 0,02 ± 0,02 mg.kg-1 em comparação às variações diárias de -0,01 ± 0,02 mg.kg-1 no solo sob PC.
CONCLUSÕES:
Em termos de viabilidade dos cultivos, é possível inferir que o sistema PD apresenta maior disponibilidade de nitrogênio para a soja e, embora haja a remoção dos grãos para o mercado, este manejo pode contribuir em uma maior produtividade devido principalmente a deposição dos resíduos da cultura no solo, estes reconhecidamente enriquecidos em nitrogênio. A dinâmica do nitrogênio em solo agrícola com cultivo de soja sob sistema Plantio Direto mostrou-se mais eficiente, embora a presença de nutrientes como nitrato e amônio tenham sido menores em comparação ao sistema convencional.
Palavras-chave: Nitrogênio, Amazônia, Sistema Plantio Direto.