65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 1. Língua Portuguesa
PARA ALÉM DA PALAVRA: APROPRIAÇÃO DA ESCRITA POR ALUNOS DO 6° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Rayane Rocha Rodrigues - Universidade Federal do Maranhão- UFMA
Moises Garcês Silva - Universidade Federal do Maranhão- UFMA
Wilberth Galeno da Silva - Universidade Federal do Maranhão- UFMA
Kátia Cilene Ferreira França - Profa. Ms./Orientador - Curso de Linguagens e Códigos UFMA – Campus São Bernardo
Rachel Tavares - Prof.ª. Ma. Curso de Linguagens e Códigos (UFMA – Campus São Bernardo).
INTRODUÇÃO:
A produção textual é essencial, pois com ela aprendemos o uso da língua escrita que está fundamentada na idéia de que o indivíduo se faz mais livre através da palavra (Bakhtin, 2006). Assim a questão motivadora deste trabalho centra-se na escrita de alunos do 6° ano de uma escola municipal da cidade de São Bernardo-MA, tendo por objetivo desvelar as marcas do mundo social que os estudantes deixam ao longo de sua escrita, e verificar como os mesmos leem e escrevem considerando as normas de funcionamento da escrita. Considerando a palavra como uma “arena de lutas sociais” (BAKTIN, 2006), a pesquisa em questão justifica-se, pelo uso das palavras que os alunos se apropriam por meio da escrita sendo reconhecidos como pessoas capazes de ocupar espaços sociais desejados.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho objetiva estabelecer uma visão sensível sobre a escrita, com base em uma pesquisa ação realizada na escola municipal da cidade de São Bernardo – MA com alunos do 6° ano. Esta investigação foi e vem sendo realizada por bolsistas do PIBID- linguagens e Códigos – UFMA/CAPES que também fazem parte do projeto Formação de professores de Língua Portuguesa apoiado pela FAPEMA.
MÉTODOS:
Para o primeiro contato com os alunos elaboramos uma oficina chamada “No ritmo do texto” Na qual foram utilizados textos verbais e não verbais textos em verso e em prosa. As letras de músicas e o gênero diário foram associados e escolhido a partir da temática da Paz. No contato inicial, a percussão corporal com o trabalho de canto e interpretação da musical promoveu uma aproximação entre bolsistas e alunos além de uma imagem sobre o nível de interpretação textual da turma. No segundo momento, foi trabalhado o gênero textual diário pessoal tanto no eu se refere à forma quanto ao conteúdo, houve ainda a entrega de um caderno confeccionado artesanalmente pelos bolsistas com a indicação de que fossem tratados como espaço de registros pessoais como um diário, a partir do qual haveria dados sobre o uso da escrita, sobre as experiências individuais e sociais dos alunos. No terceiro momento, foi mesclado o trabalho com a escrita como diário pessoal, reservado e ainda como registro pessoal, mas exposto a todos. No último caso, frases de gentileza, motivadas pelas interpretações de letras de músicas culminaram na produção da escrita com frases de gentileza deixadas no muro da escola. Ao final dessas atividades os diários dos alunos foram recolhidos para análise e complementação das observações feitas em sala de aula pelos bolsistas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos vinte e três diários que entregamos recebemos apenas doze, dos quais: cinco seguiram a estrutura do gênero diário com registro sobre os três dias que foi realizada a oficina. Estes apresentaram poucos desvios relativos à norma padrão. Quatro tentaram seguir a estrutura do gênero diário. Estes registraram apenas as atividades do primeiro dia de oficina, elaboraram parágrafos confusos, desvios ortográficos, escrita de palavras com base na oralidade. Dois escreveram com letras muito grandes suas impressões positivas sobre a oficina, como se quisessem preencher toda a página, e mostrar que haviam realizado a atividade proposta pelos bolsistas. Um escreveu seu nome e uma das letras das músicas que entregamos, fez ainda desenhos de animais. Todos os alunos deram nome a seus diários e assinaram ao final de cada dia, o que mostra a tentativa de aproximação do exemplo mostrado em sala (Diário de Anne Frank), e a busca pelo uso da palavra, a partir da imitação do que já está legitimado. As escritas deixaram marcas sobre o meio social, as relações familiares, alegrias e frustrações dos alunos sobre o que aconteceu no Dia das Crianças. Essas informações sugerem a necessidade de atividades que envolvam a afetividade desses alunos.
CONCLUSÕES:
Depois de feita a análise, foram levantadas hipóteses sobre o mundo social dos alunos, como estão suas leituras e escritas, como os mesmos estão se relacionando com a escola, e o que bolsistas – como professores – devem fazer para intervir no desenvolvimento da leitura e escrita. A partir dos resultados obtidos elaboramos uma série de atividades envolvendo a leitura e a escrita na perspectiva das normas de funcionamento da língua, considerando a da variação linguística e a relação de afetividade com os alunos e deles com a leitura enquanto conhecimento, sensibilidade e prazer.
Palavras-chave: Palavra, Escrita, Mundo Social.