65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
DINÂMICAS TERRITORIAIS E O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO: AS NOVAS CONFIGURAÇÕES ESPACIAIS DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Marcos Antonio da Silva Ferreira - Geografia - UECE
Edilson Alves Pereira Júnior - Prof. Dr./Orientador - Geografia - UECE
INTRODUÇÃO:
A necessidade de apreender as dinâmicas do território, calcado a partir da sobreposição de mecanismos político-econômicos exógenos e endógenos, tornou-se essencial para a compreensão das novas configurações espaciais da indústria de transformação no território nacional. Os conflitos territoriais, o fortalecimento da desintegração econômica nacional e a intensificação das especificidades dos lugares direcionam novas análises cada vez mais especializadas dos espaços que vão adquirindo diferenciações a partir de ferramentas técnicas que viabilizam a existência e a reprodução de interesses de agentes multiescalares que engendram a dinâmica do capital industrial. O território, compreendido aqui na sua unidade e diversidade, é objetivado para a materialização de interesses que não se restringem somente ao político e econômico, mas, sobretudo, aqueles que envolvem as necessidades culturais e ideológicas. É nele que se concretizam as relações sociais hodiernas que lhe atribuem dinamismo e funcionalidade (Pereira Júnior, 2011). Com isso, objetivou-se contribuir para o debate a respeito do processo de industrialização nacional e as suas implicações no espaço geográfico com destaque para as novas configurações espaciais da indústria de transformação no território brasileiro.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Compreender, a partir do processo de industrialização do Brasil, as atuais dinâmicas territoriais e as novas configurações espaciais da indústria de transformação no território nacional e identificar, a partir de dados secundários, a concentração industrial nas diversas regiões brasileiras.
MÉTODOS:
A compreensão da importância e do conceito de território foi fundamental para o desenvolvimento teórico-metodológico dessa pesquisa. Objetivou-se centralizar em leituras que pudessem refletir sobre nosso objeto de estudo: as atuais configurações espaciais da indústria de transformação no território nacional. Contudo, a revisão de material foi levantada de forma cautelosa e não restringida somente a ciência geográfica abordando literaturas acerca da geografia econômica, da economia política, do desenvolvimento territorial e da industrialização brasileira. Paralelamente ao levantamento bibliográfico e documental, realizamos a obtenção de dados estatísticos das bases eletrônicas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Eles foram imprescindíveis para subsidiar empiricamente nossas reflexões, possibilitando-nos não cair em divagações teóricas desvinculadas dos fatos concretos. A pesquisa foi realizada em uma parceria entre orientador e orientando, a partir das discussões ocorridas no Laboratório de Estudos do Território e do Turismo, com apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As dinâmicas territoriais tornaram-se essencial para a compreensão das novas configurações espaciais da indústria de transformação no território nacional. A região Sudeste, para Moreira (2004), é a área do polígono industrial. Possui 170 mil estabelecimentos da indústria de transformação instalados. Pôde-se observar a reversão da polarização industrial da Região através da forte intencionalidade do Estado Federal em disseminar a política industrial por todo o país. O Sul é a segunda região a concentrar o maior número de fábricas (103.770). A mesma é beneficiada pela sua própria localização geográfica, pois sua proximidade com o Sudeste e com os países sul-americanos favorece a instalação de indústrias na sua região. O Centro-Oeste compõe, atualmente, 26.599 estabelecimentos da indústria de transformação, no entanto, ainda possui o comércio como atividade predominante. O Nordeste contém 45.580 fábricas e é a região do Brasil com maior predominância de indústrias tradicionais de bens não duráveis. Atualmente, é considerada a terceira maior região em quantidade de vínculos ativos no setor industrial, com 525.237 trabalhadores. O Norte conseguiu multiplicar quase três vezes o número de estabelecimentos industriais nos últimos 27 anos, alcançando, assim, 10.432 em 2011.
CONCLUSÕES:
Na década de 1990, mudanças significativas ocorreram com a transição de um modelo de acumulação pautado na regulamentação do Estado para outro regido pelas forças de mercado disposto a lançar às empresas nacionais no ambiente competitivo da concorrência global intercapitalista, incentivando as mesmas a se distribuírem pelo território nacional com o intuito de acumularem mais lucros e superarem suas concorrentes. Tais transformações implicaram num rearranjo da organização industrial no território nacional, com repercussões sobre a densidade e concentração de empreendimentos e a mobilidade de estabelecimentos em todo o país, especialmente em regiões antes consideradas inadequadas para o desenvolvimento industrial, como o Nordeste, o Centro-Oeste e o Norte do Brasil. Portanto, novas configurações espaciais da indústria de transformação foram se materializando no território nacional, proporcionando movimento às dinâmicas territoriais hodiernas. Tal configuração revelou uma alteração nos padrões tradicionais da produção, que agora amplia seu raio de ação para um perímetro muito mais abrangente, demonstrando que a modernização da economia brasileira no século XXI é um fato e precisa ser trabalhada com atenção.
Palavras-chave: Dinâmicas Territoriais, Indústria de Transformação, Território Brasileiro.