65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
ALTERAÇÕES DA DINÂMICA COSTEIRA NO MUNICÍPIO DE CABEDELO – PB, ESTUDO DE CASO
Érika Alves Tavares Marques - Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA
Lucivânio Jatobá de Oliveira - Prof. Dr. do Depto. de Geografia, UFPE
INTRODUÇÃO:
A dinâmica costeira associada aos fatores antrópicos alteram a geomorfologia do litoral. Nesse sentido, o município de Cabedelo possui uma diversidade de paisagens de grande beleza cênica que abrigam ecossistemas de grande fragilidade. No intuito de melhor compreender os agentes condicionantes da paisagem no referido município, foi realizada uma visita de campo onde se buscou identificar os fatores naturais e antrópicos que afetam a geomorfologia da região. Dentre os elementos naturais que compõe o relevo de Cabedelo estão enseadas, recifes, estuários, pontais arenosos, praias de origem flúvio-marinhas. Como fatores naturais que afetam a geomorfologia foram apontados os ventos, as transgressões e regressões marinhas, a alternância entre períodos e glaciação e interglaciação, a deformação das margens dos continentes, as marés, as correntes de deriva e a presença de recifes próximos à costa. Dentre os fatores antrópicos estão a ocupação desordenada, a retirada de vegetação nativa, obras de engenharia para conter o avanço do mar sobre as casas, a construção de marinas e ancoradouros, a construção da ferrovia, o extensivo plantio de coco na década de 30, a construção do porto, a pavimentação e duplicação da BR-230, a construção de casas de veraneio, a implantação de um parque industrial, a instalação de viveiros e atividades de piscicultura, o turismo de veraneio e desmatamento relacionados à alterações na paisagem.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo se propõe a identificar e avaliar os fatores naturais e antrópicos que afetam a dinâmica costeira do município de Cabedelo, localizado na mesorregião Mata Paraibana.
MÉTODOS:
De acordo com Brasil (2005, p. 2), o município de Cabedelo localiza-se na Microrregião Cabedelo e na Mesorregião Mata Paraibana do Estado da Paraíba. Sua Área é de 32 km² (IBGE, 2010). A mesma é uma cidade portuária e fica numa península entre o Oceano Atlântico e o Rio Paraíba. Seu nome vem da expressão que significa “pequeno cabo” (CÂMARA MUNICIPAL DE CABEDELO, 2013). O município tem uma forma singular, com 18 quilômetros de extensão por apenas três quilômetros de largura (figura 1). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013), a população do município em 2012 foi estimada em 60.226 habitantes. Esta população aumenta durante o verão, chegando a atingir aproximadamente 80.000 habitantes, devido ao fluxo de turistas, veranistas e visitantes e até 200.000 pessoas durante o carnaval. Foi realizada uma pesquisa de campo onde foram observadas região costeira e se complementou através da literatura os impactos naturais e antrópicos que afetam a dinâmica costeira do município
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dentre os fatores que alteram a dinâmica costeira de Cabedelo foram identificados fatores naturais e antrópicos. Como fatores naturais que afetam a região foram apontados os ventos, as transgressões e regressões marinhas, a alternância entre períodos e glaciação e interglaciação, a deformação das margens dos continentes, as marés, as correntes de deriva e a presença de recifes próximos à costa. De Souza (2000) cita que: “O surgimento de um parque industrial e comercial ao longo da rodovia BR-230 sem nenhum critério restritivo à instalação de unidades poluentes, o desmanche das ilhas fluviais para a implantação de viveiros e atividades de piscicultura, a especulação imobiliária desordenada, o turismo de veraneio resultaram em alterações profundas na paisagem do município”. Atualmente, a região apresenta uma cobertura vegetal pouco preservada, onde a mata muito sofreu com as ações antrópicas como desmatamento para obtenção de lenha, cultivo de cana-de-açúcar, cultivo de subsistência, pastoreio, ou ainda para a urbanização, atividades estas notoriamente observadas no município e adjacências (GEOCONSULT, 2003). Na visão de Neves e Neves (2010), a ocupação desordenada, a retirada da vegetação nativa, as obras de engenharia para conter o avanço do mar sobre as casas, a construção de marinas e ancoradouros contribuíram para modificar a paisagem local.
CONCLUSÕES:
A região de Cabedelo foi palco de diferentes funções socioeconômicas ao longo dos tempos. As maiores modificações na paisagem da restinga ocorreram entre 1975 e 1985, período em que houve intensificação do processo de parcelamento do município de acordo com os estudos de Falcão et. al. (2005). Essas modificações foram atribuídas ao crescimento de casas de veraneio a partir da década de 70, e por outro, à transformação gradativa, a partir da década de 80 de parte dessas residências em moradias fixas. Carneiro (2007) destaca que a construção da ferrovia (1987), o extensivo plantio de coco na década de 30, a construção do porto em 1935, a pavimentação e duplicação da BR-230 nos anos 1972 e 2000 respectivamente, são exemplos de grandes perturbações no equilíbrio natural da restinga de Cabedelo. Ficou evidenciado através desse estudo que ao longo dessas décadas a região de Cabedelo sofreu alterações profundas e irreversíveis na sua dinâmica costeira em função da pressão pelo uso dos recursos naturais. Como medida de redução dos impactos ambientais, sugere-se fazer o monitoramento ambiental através de sensoriamento remoto para acompanhar as alterações e recomenda-se fazer o zoneamento ecológico econômico do município.
Palavras-chave: Cabedelo, impactos ambientais, alteração da paisagem.