65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
Inclusão Social e Acessibilidade: uma análise comparativa entre profissionais graduados com deficiência (s) física (s) na função de Secretários (as) Executivos (as) nos Estados Unidos da América e Brasil
Cleidimar Alves Farias - Curso Superior de Tecnologia em Secretariado - FATEC
Renata Moreira Melo - Curso Superior de Tecnologia em Secretariado - FATEC
Rosana Maria César Del Picchia de Araujo Nogueira - Profa. Dra/Orientadora - FATEC
INTRODUÇÃO:
A questão da Inclusão Social de pessoas com deficiência (s) é considerada um desafio para o século XXI. Conforme o Censo (2010), no Brasil 23,9% da população têm algum tipo de deficiência e nos Estados Unidos da América esse número equivale a 18,7%. Esses dados expressivos indicam a importância de discutir acerca da possibilidade de inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho. Para tanto o Brasil adota como ações afirmativas: Lei de Cotas (1991) e Reservas de Vagas em Concursos Públicos (1990). Já nos EUA não há sistemas de cotas, porém existe a Lei “The American with Disabilities Act” (1990) que defende esse direito.
Para que essas leis sejam efetivamente executadas, algumas questões devem ser repensadas como acessibilidade, desconhecimento de ambas as partes dos direitos das pessoas com deficiência e preconceito da sociedade empresarial.
A relevância da pesquisa é esclarecer à sociedade que a pessoa com deficiência (s) física (s) é capaz de exercer qualquer profissão, quando lhe são dadas condições necessárias, e que a inclusão social dessas pessoas somente será possível por meio da acessibilidade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Refletir e analisar sobre a inclusão social e acessibilidade de profissionais graduados com deficiência (s) física (s) que exercem a função de Secretário (a) Executivo (a) no Brasil e nos Estados Unidos e observar como esses profissionais são percebidos no ambiente de trabalho; as condições em que exercem suas profissões; a progressão de cargo e as ações afirmativas adotadas.
MÉTODOS:
Esta é uma pesquisa de caráter eminentemente qualitativo. O método de abordagem foi o fenomenológico em que, segundo Rodrigues (2005), o interesse está no relato genuíno da experiência direta, sendo assim, o individuo é peça fundamental no procedimento de construção do conhecimento. Utilizou-se também o método comparativo como procedimento de investigação e como instrumento de pesquisa um questionário, o qual foi aplicado nos dois idiomas a dez profissionais que exercem a função de secretário (a) executivo (a) com algum tipo de deficiência (s) física (s).
A primeira etapa foi realizada nas cidades de Boston e Nova Iorque (EUA) por uma das pesquisadoras que conseguiu a viagem por intermédio do Centro Paula Souza com a parceria de duas empresas privadas e no Brasil a segunda etapa foi realizada pela outra pesquisadora na região da Grande São Paulo.
Os entrevistados foram indicados pela Faculdade em que a pesquisadora fez o Intercâmbio, rede social online para contatos profissionais, abordagem em um evento público, Sindicado das Secretárias do Estado de São Paulo e indicações de pessoas com deficiência (s) atuantes no mercado de trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os dados mais relevantes na pesquisa apontaram que 80% dos profissionais americanos com deficiência (s) possuem pós-graduação enquanto que no Brasil apenas 40%. Referente à infraestrutura, 80% das empresas americanas possuem acessibilidade adequada para pessoas com deficiência (s) enquanto que no Brasil 60% das empresas ainda necessitam de melhorias. Nos EUA a média salarial é de 2 a 4 salários mínimos enquanto que no Brasil a média é de 2 a 3 salários. Em relação aos profissionais entrevistados nos EUA 60% acreditam que as empresas não aproveitam as suas qualificações e talentos e 80% acreditam que não influenciam no crescimento e/ou desenvolvimento da empresa, em contra partida, no Brasil 100% mencionaram que as empresas aproveitam as suas qualificações e talentos bem como influenciam no crescimento e/ou desenvolvimento da mesma. Tanto as empresas norte-americanas quanto as brasileiras não oferecem progressão de cargo às pessoas com deficiência (s) e 60% dos profissionais americanos sentem-se desmotivados ao contrário do Brasil que 100% consideram-se totalmente motivados.
Apesar de se ter observado que existem fatores positivos no Brasil em relação aos EUA, a grande diferença cultural e econômica entre os dois países pode ter influenciado também nos resultados de pesquisa.
CONCLUSÕES:
Concluímos que no Brasil, apesar das ações afirmativas, existe a necessidade de maior investimento na acessibilidade que promova a inclusão de fato de pessoas com deficiência (s) física (s), principalmente no mercado de trabalho. Observamos também que nos EUA, ainda que pioneiros na questão de acessibilidade, também carecem de melhorias.
Embora os dados da pesquisa tenham apontado que os profissionais graduados com deficiência (s) física (s) no Brasil, exercendo a função de Secretário (a) Executivo (a), sentem-se mais valorizados e incluídos do que os profissionais nos EUA, deve-se considerar alguns elementos que podem ter influenciado nesses resultados, como a forma como o tema foi tratado no decorrer da história dos dois países e o fato dos brasileiros terem a tendência de considerarem o emprego como um privilégio, enquanto os americanos, um direito.
Entretanto, ambos os países adotam estratégias para a inclusão social, porém o maior desafio é a conscientização da sociedade em compreender que essas pessoas também contribuem para o desenvolvimento econômico do país.
Palavras-chave: Secretariado, Mercado de Trabalho, Acessibilidade.