65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 4. Educação Artística
O DESENHO INFANTIL COMO FORMA DE DESENVOLVER A AUTO EXPRESSÃO E CRIATIVIDADE.
Marconys Silva das chagas - Núcleo de Arte Educação do Sul e Sudeste do Pará- UFPA
Alexandre Silva dos Santos Filho - Prof. Dr. Orientador – Núcleo de Arte Educação do Sul e Sudeste do Pará - UFPA
INTRODUÇÃO:
A arte infantil tem um papel importante, pois significa comunicação, expressão de pensamento, sentimentos e percepção apurada. Também reflete a capacidade intelectual, desenvolvimento físico, emocional, estético, social e perceptual da criança. “Além de oferecer oportunidade de auto expressão às artes plásticas são consideradas um importante meio para o desenvolvimento criativo das crianças” (COX, 1999 p. 07), uma vez que direciona a prática infantil de ver o mundo e não a forma desconexa da vida em sociedade. Desse modo, “a arte [da criança] tem sido frequentemente considerada um meio primordial de comunicação e, como tal, converte-se em expressão mais social do que pessoal. O desenho pode, assim, tornar-se uma ampliação do eu no mundo da realidade” (LOWENFELD; BRINTTAIN, 1970, p. 45). A arte infantil, então, vincula-se a racionalidade estética, já que a construção do pensamento não é lógico e sim estético, voltado à leitura de mundo do mesmo modo como a escrita, o cálculo matemático e outras linguagens. Portanto, nota-se na expressão gráfica da criança diferentes configurações espaciais na construção do desenho, no traçado das linhas, nos elementos simbólicos distribuídos no espaço do papel dentre outros.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar o processo de desenvolvimento da criança nas artes plásticas, enquanto ferramenta de expressão livre e capacidade criadora.
MÉTODOS:
Este estudo aborda pesquisa qualitativa, experimento de linguagem no âmbito da arte infantil sobre o desenho da criança, envolvendo a expressão artística, imaginação, criação, invenção e racionalidade estética. Como estratégias de ação, procedimentos e instrumentos metodológicos realizados envolveram-se: levantamento bibliográfico relativo à temática da pesquisa, especialmente sobre o grafismo infantil; coleta de desenhos realizados em uma escola publica; organização e classificação dos desenhos para análise; construção de textos reflexivos a partir da síntese dos resultados; discussão e avaliação da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em uma escola pública do município de Marabá, identificaram-se crianças com dificuldades de desenvolver esquemas gráficos e visuais no desenho, diferenciando-os daqueles realizados no cotidiano familiar. Várias crianças tinham dificuldade, em especial na construção da figura humana, observou-se que esta ênfase recaia sobre o tema família, e seu próprio eu, assim como outros tipos de desenhos que as deixavam com dificuldade de resolver os problemas pelo lado dos esquemas adotados em desenhos. Destaca-se que quando houve a proposta de as crianças produzirem desenhos, sobre a representação de pessoas que faziam parte de sua família, várias dessas crianças, se utilizaram de esquemas e configurações de desenhos relacionados à natureza, e outras configurações de desenhos. Daí se notar que elas representavam de forma particular algo que representasse a proposta temática, resolvendo em determinados momentos, essa representação se verificava através de imagens como árvores, plantas e outras configurações para tentar solucionar e/ou resolver a representação de seus familiares. Assim, essas especificidades refletiram repertórios de esquemas de desenhos repetitivos e estereotipados socialmente, os quais representaram soluções imediatas para os desafios propostos.
CONCLUSÕES:
As dificuldades identificadas referem-se aos desenhos infantis que são produzidos espontaneamente pelas crianças no espaço doméstico e no escolar, visto que há um desencorajamento de suas expressões gráficas, dado pelo fato de que é necessário ela ter segurança para expressar seus sentimentos, emoções e produzir criação. Percebe-se o quanto o conceito adulto está imposto e posicionado no fazer arte da criança, revelados no modo de como os estereótipos aparecem no desenho desta. Isto também acontece no meio familiar ou escolar, a interferência do adulto é marcante, provocando de imediato o bloqueio e limitação da criatividade e espontaneidade da criança, promovendo de forma equivocada práticas de intervenção sobre o desenho, de juízo de valor distante da ideia do objeto real, uma forma extremamente prejudicial à expressão espontânea. A criança é afetada assim por essa prática de interferências em sua expressão individual, acaba sendo alvo de valores consumistas e ideológicos do capitalismo, afetando seus sentimentos, emoção, expressão artística e sua criatividade. Por fim, observa-se que é indispensável promover a motivação e segurança da criança, a fim de que ela possa ser mais consciente, sensível e capaz de construir pensamento crítico sobre a realidade da qual ela faz parte.
Palavras-chave: CRIANÇA, RACIONALIDADE ESTÉTICA, ARTE INFANTIL.