65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 7. Etnologia Indígena
A FORMAÇÃO SUPERIOR DE PROFESSORES INDÍGENAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA: LIMITES, AVANÇOS E PERSPECTIVAS
Raquel Furtunato da Silva - Programa de Pós-Graduação em Educação-UFMT
Darci Secchi - Instituto de Educação-UFMT
INTRODUÇÃO:
A formação superior de professores indígenas se tornou um tema relevante no meio acadêmico e das políticas públicas, quer por sua crescente expansão, quer pelas dificuldades de implementá-la de acordo com a legislação vigente. Os primeiros cursos de licenciatura intercultural indígena foram implantados pela Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT e pelo Núcleo Insikiran de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima – UFRR. Atualmente, existem mais de uma dezena de instituições educacionais que desenvolvem iniciativas de formação superior indígena de modo autônomo ou em parceria com órgãos federais como a Fundação Nacional do Índio – FUNAI e a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA. Essas iniciativas precisam ser mais conhecidas e avaliadas em seus aspectos formais e em seus propósitos. Estariam elas sendo consolidadas enquanto espaços de diálogo entre os saberes das diversas culturas? Os professores indígenas estão sendo protagonistas do seu processo de formação? O presente estudo discute essas temáticas tendo como cenário o Curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural realizado no município de Ji-Paraná (RO) voltado para professores de diversas etnias do estado de Rondônia.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo foi analisar os limites, avanços e perspectivas do processo de formação de professores indígena do Curso de Licenciatura Intercultural desenvolvido pela Universidade Federal de Rondônia - UNIR em Ji-Paraná (RO) tendo como foco o protagonismo indígena e o diálogo intercultural.
MÉTODOS:
Para a realização desse estudo, foi realizada, inicialmente, uma revisão bibliográfica acerca da temática, tendo como referência os principais pesquisadores da educação escolar indígenas, bem como o marco legal brasileiro e as diretrizes que balizam as ações educacionais voltadas para os povos indígenas em particular. O principal foco de análise recaiu sobre a formação de professores indígenas nos Cursos de Licenciatura, enquanto iniciativas de formação diferenciada e de diálogo qualificado de natureza intercultural. Nesse sentido, as contribuições de D’Angelis, Baniwa, Grupioni e Freire, dentre outros, mostraram-se relevantes para elucidar tanto os aspectos legais quantos os conceituais que configuram a educação escolar em contextos de imposição cultural. Os trabalhos de campo foram realizados nas dependências da UNIR, por meio de observações dirigidas e de entrevistas semiestruturadas, de modo a facilitar a comunicação verbal e gestual, além dos registros escritos. O material coletado em ambiente de sala da aula foi, posteriormente, analisado e sistematizado e serviu de base para a formulação dos resultados finais da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os dados evidenciaram que a formação do professor indígena é fundamental para a consolidação dessa nova instituição - a escola - que se consolida, inexoravelmente, no interior das comunidades indígenas. Para eles, é nos cursos de formação que se configura a nova categoria profissional - o professor-índio - que pode liderar tanto iniciativas de colonização quanto de protagonismo indígena. A decisão sobre os conteúdos dos cursos e o modo de organização curricular é essencial para a consolidação de uma escola voltada para os seus interesses e necessidades. Além disso, destacaram a importância de viabilizar meios para acompanhar os trabalhos dos docentes indígenas em suas aldeias. Nesse sentido, tanto a Universidade quanto os municípios não tem conseguido um desempenho satisfatório. Entre as 23 etnias localizadas nos municípios de Guajará-Mirim, Espigão D’Oeste, Vilhena, Porto Velho, Seringueiras, Cacoal, Pimenta - Bueno e Ji-Paraná, apenas poucas escolas contam com o acompanhamento regular do poder público. Outro aspecto realçado pelos entrevistados disse respeito ao apoio das comunidades para a sua formação, mas também à cobrança para que ‘não se esqueçam de suas origens’, isso é, que assumam o compromisso de retornarem às respectivas aldeias e assumirem com entusiasmo as escolas.
CONCLUSÕES:
E nítido a importância que se destaca a formação do professor indígena no ensino superior. Mais o olhar sensível destes povos sobre o processo de formação construído dentro da universidade que é pertinente ao dialogo estabelecidos entre esta realidade. E alarmante, quando se não pode separar o ensino, da estrutura da universidade, pois elas se concatenam. A falta de recursos logísticos, de uma estrutura para receber estes povos é problemática, pois de alguma forma ela ira interferir neste processo de ensino-aprendizagem. E qual é o olhar destes professores indígenas envolvidos neste processo formação, diante dos avanços e perspectivas? Observa-se então em suas falas, a preocupação de concluir o curso dentro do prazo estabelecido, que a sua formação poderá estar contribuindo para sua comunidade na produção do conhecimento e investigação, que poderão mudar a realidade de suas aldeias, e estar a frente da organização das suas escolas indígenas, pois através de suas lutas este processo tem avançado de acordo com suas necessidades em passos lentos, mas se tem observado que a realidade dos povos indígenas no acesso ao ensino superior tem proporcionado um espaço de conhecimento, e reconhecimento de suas culturas
Palavras-chave: Escola Indígena, Licenciatura Intercultural, Ensino Superior.