65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 3. Antropologia das Populações Afro-Brasileiras
MUSEU VIRTUAL DA MEMÓRIA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA (MUSEU AFRODIGITAL)
André Carvalho - Depto. de História - UFPE
Jéssica Oliveira de Burgos - Depto. de História - UFPE
Antonio Motta - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Antropologia e Museologia - UFPE
INTRODUÇÃO:
A Lei Federal 10369, que torna obrigatória a matéria História e Culturas Africanas e Afro-brasileiras, em todos os níveis de ensino requer, de forma crescente, a produção de materiais e instrumento para sua efetivação na prática de ensino e este Projeto contribui com a ampliação desta exigência. Temos atualmente a possibilidade de integrar com facilidade vários tipos de mídias num único suporte por meio da criação de novas linguagens.
Enquanto espaço conceitual, o Museu digital é, portanto, um lugar privilegiado que visa estimular o uso da memória social de minorias étnicas, de movimentos sociais, de memórias nacionais. Neste sentido, a ideia de construção de arquivo e museu de memórias vivas, veiculadas em rede, demanda um diálogo profícuo com questões referentes ao patrimônio material, imaterial e étnico, envolvendo diferentes usuários.
A ação educativa é outra prioridade deste projeto, pois o público formado na sua maioria por jovens, que selecionam informações, muitas vezes aleatórias, terá a oportunidade de dirigir e interagir com conteúdos e imagens de significativa importância cultural. Com efeito, digitalizar e inventariar personagens com o suporte da tecnologia da informação é permitir essa interação entre usuários de rede e o universo educativo aqui contemplado.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Digitalizar documentação, acervos particulares, inventariar memórias vivas das culturas afrodescendentes, veiculando tudo isso a um dispositivo tecnológico versátil e de livre acesso, de longo alcance, capaz de atingir um número inestimável de público. O projeto também visa explorar novos métodos e tecnologias na produção do conhecimento e da pesquisa em níveis de graduação e pós-graduação.
MÉTODOS:
O trabalho foi realizado por intermédio de pesquisa direta em diversos locais como, por exemplo, a Fundação Joaquim Nabuco, museus locais e também acervos pessoais. Através dessas pesquisas foram identificados fundos de arquivos pertencentes a importantes personagens da cultura afrodescendente (líderes, babalorixás, artistas populares, velhos mestres de maracatus etc). Juntamente a isso foram somados trabalhos relevantes à temática de outros pesquisadores a fim de obter um conteúdo mais amplo.
Identificados, levantados e recuperados esses arquivos de conteúdo etnográfico, o trabalho passava para outra esfera. Nessa fase era realizado no Laboratório de Estudos Avançados de Cultura Contemporânea do Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE o armazenamento, catalogação, indexação de informações e digitalização de imagens, permitindo assim a criação de um banco de dados que permite a alimentação da plataforma virtual.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O projeto tem como principal resultado a rede interativa (sob forma de museu) que está disponível na web, juntamente com os museus virtuais que também integram o projeto produzidos pela UFMA, UERJ e UFBA. Essas plataformas contam com uma variada gama de arquivos digitais para pesquisa, possibilitando estudantes de todos os meios (escolar, acadêmico etc) conhecer e multiplicar seus conhecimentos, além de proporcionar aos usuários voltados aos estudos étnicos e africanos um direcionamento do foco de interesse para a produção das diferenças sociais e culturais nas relações com a alteridade. Ademais, o Afrodigital contribui, diretamente, no âmbito da luta contra o preconceito racial no país através de suas ações afirmativas de resgate da memória negra.
CONCLUSÕES:
Com base nos objetivos e nos resultados da pesquisa, concluímos que a rede do Museu Afrodigital cumpre seu papel de resgate, preservação e difusão da memória africana e afro-brasileira no país, por meio, principalmente, da digitalidade e ferramentais virtuais que garantam o longo alcance das informações como demonstrado nos objetivos da pesquisa. Aliás, esta concepção de museu virtual constitui a melhor forma de assegurar a transmissão do conteúdo proposto pelo projeto, contribuindo, dessa maneira, como um forte instrumento de inclusão digital e de conhecimento dessas óticas culturais e etnográficas.
Além de tudo, o Museu Afrodigital tem o poder de despertar o público para a importância da memória coletiva, de novas lógicas identitárias, de pertencimento, bem como no incentivo da educação multicultural do país.
Palavras-chave: Museu digital, Inclusão digital, cultura africana e afrodescendente.