65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal
Digestibilidade do Farelo de licurí em caprinos da raça Anglo Nubiano
Damião Bonfim Mendes - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
Manoel Adriano da Cruz Neto - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
Iumi da Silva Toyosumi - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
Henrique Reis Sereno - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
Ricardo Duarte Abreu - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Fúlvio Viegas Santos Teixeira de Melo - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
INTRODUÇÃO:
Em qualquer sistema de criação de ruminantes, em pastejo ou confinamento, o consumo de alimentos é importante, pois determina o aporte de nutrientes para o atendimento das exigências de mantença e o desempenho animal (Detmann et al., 2003). Segundo Rodrigues (1998), o consumo de nutrientes é o principal fator a limitar a produção de ruminantes. A utilização racional dos diferentes tipos de ingredientes provenientes da agroindústria vegetal na alimentação de caprinos dependem basicamente da composição química, digestibilidade e disponibilidade dos nutrientes, os quais, associados às exigências nutricionais, propiciam adequado desempenho. A avaliação do valor nutritivo dos alimentos consumidos pelos animais, em condições de pastejo ou confinados, tem sido um desafio para os nutricionistas. A digestibilidade é um dos parâmetros importantes para essa avaliação.
O licurí, refere-se ao Syagrus coronata (Martius) Beccari, é uma palmeira. Essa espécie tem preferência pelas regiões semiáridas. Análise bromatológica feita com o farelo de licurí demonstra que o coproduto tem grande potencial proteico e energético seguido valores de: proteína Bruta 21,40; Extrato Etéreo 10,25 sugerindo assim ser excelente ingrediente para formulação de rações concentrada para ruminantes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi avaliar a digestibilidade da torta de licurí em caprinos da raça Anglo Nubiana.
MÉTODOS:
Foram utilizados 08 animais confinados em baias com disponibilidade total de água e seguindo uma dieta a base de feno e ração incluída em 45% do farelo de licurí, no período de 15 dias.
Foi utilizado um indicador externo, a LIPE (lignina purificada e enriquecida), denominação dada ao hidroxifenilpropano. Foram introduzidas via oral, cerca 250 mg/animal/dia durante uma semana. A ração foi oferecida duas vezes ao dia, nos períodos das 08 hs da manhã e às 15 hs da tarde, e o feno oferecido uma vez as 16 h. As sobras eram coletada pela manhã no dia posterior ao fornecimento da dieta. Ao final foi calculada a quantidade de ração oferecida, e as sobras, nos últimos cinco dias foram coletadas as fezes, armazenadas em vasilhas plásticas para posterior congelamento, e enviadas para análise em laboratório.
Nas amostras foram determinados os teores de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), Fibra bruta (FB), Cálcio (Ca), fósforo (P), Matéria Mineral (MM), Proteína Bruta (PB), Fibra em detergente neutro (FDN), Fibra em detergente ácido (FDA) conforme as técnicas descritas por Silva e Queiroz (2002), sendo que o teor de proteína bruta (PB) foi obtido multiplicando o teor de N pelo fator 6,25. Os teores de fibra em detergente neutro (FDN), ácido (FDA) foram determinados conforme Van Soest et al. (1991).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados dos coeficientes de digestibilidade aparente (CDA), representados pelos valores de matéria seca (MS) 90,49%, proteína bruta (PB) 93,97% extrato etéreo (EE) 95,31%, fibra bruta (FB) 82,82%, Cálcio (Ca) 85,52%, fósforo (P) 94,57%, matéria mineral (MM) 92,39%, fibra em detergente neutro (FDN) 83,56% e fibra em detergente ácido (FDA) 84,87%.
Silva et al. (2005) encontraram valores relativamente baixos aos resultados encontrados no presente estudo, utilizando a torta do dendê em cabras lactantes, tendo como único valor semelhante o coeficiente de digestibilidade do extrato etéreo. Os resultados deste experimento não são consoantes com os resultados publicados por Borja et. al. (2010), onde os coeficientes de digestibilidade para a torta de licurí são inferiores quando utilizadas em diferentes níveis de inclusão em caprinos em crescimento.
Os resultados são considerados ótimos, pois todas as variáveis encontram valores acima de 80%. Mouro et al. (2002) encontraram valores abaixo de 80 % para PB (67,46%), FDN (57,21%) EE (69,31%) na alimentação de cabras da raça Saanen em lactação com Farinha de Mandioca de Varredura.
CONCLUSÕES:
Os resultados dos coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes estudados provam que o Farelo de Licurí pode ser um bom alimento alternativo para elaboração de rações para caprinos da raça Anglo Nubiana. Uma vez que os valores relativos encontrados todos se apresentado acima de 80% revelam ser um alimento de fácil digestão por caprinos; demonstrando que o alimento é um potencial para estudos posteriores de desempenho para produção animal na raça de caprinos em estudo.
Palavras-chave: alimentação, caprinos, licurí.